terça-feira, 30 de agosto de 2011

Contra o Monitoramento Eletrônico


Em debate já há algum tempo, a idéia do monitoramento eletrônico de apenados vem avançando através de iniciativas legislativas estaduais (RS, SP)e federal. A Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados aprovou, no fim de agosto deste ano, parecer da deputada Rita Camata (PMDBES) acerca do projeto de lei do senador Magno Malta (PR/ES) que autoriza o uso de equipamento de rastreamento eletrônico para presos. Sob o pretexto de beneficiar mais de 150 mil condenados, que segundo o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) cumprem pena em presídios, a medida é apresentada como alternativa para diminuir a sordidez das ilegalidades do Estado brasileiro, responsável por um dos mais perversos sistemas penitenciários do mundo.

Contra o pior, qualquer coisa parece melhor!


Ineficiente, o monitoramento eletrônico não tem reduzido significativamenteas taxas de encarceramento nos países onde já vem sendo aplicado há 20 anos,como no caso do Canadá (Dallaire(1997) e Lalende(2007). O impacto sobre astaxas de encarceramento tem sido extremamente fraca se não totalmente inexistente.O monitoramento eletrônico na verdade será mais uma fonte de estigmatizaçãodos condenados, com a identificação pública dos que estiverem sobmonitoramento. Ao não se fazer acompanhar por uma da rede de suporte socialpor parte do Estado, os agenciamentos responsáveis pelas eventuais infraçõescometidas pelos monitorados seguirão operando com a mesma intensidade, facilitandoreincidência nos percursos delituosos. E, como reincidentes, entretanto,se dirá que não souberam aproveitar a “chance” que receberam, o que tende areforçar a legitimidade social das penas de prisão.

Para a restauração do vínculo social, precisamos é de uma rede de apoio psicossocial!

É preciso reconhecer que a população carcerária e suas redes sociais fazemparte de uma parcela da população com uma trajetória de privação deacesso aos direitos mais elementares da cidadania. Queremos uma políticapública que tenha como eixo o investimento numa rede de suporte socialpara essa população e suas famílias. Suporte para as penas alternativas, paraos que se encontram em liberdade condicional, para os egressos que já cumpriramsuas penas, para os que cumprem em regime aberto. Queremos queessas pessoas encontrem instituições organizadas com a finalidade de lhesoferecer apoio, suporte e acompanhamento em seus esforços de retomadado laço social. É necessário que se crie uma Bolsa Responsabilização Social,ao modo do Seguro-Desemprego, que possa dar suporte econômico aosegressos em seu processo de retorno ao convívio social.
                                 
          Afinal, preso também é gente. E gente precisa é de gente!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

2011 – Ano da Avaliação Psicológica Ano Temático 2011

Abertas as inscrições para o Prêmio Profissional Avaliação Psicológica na Perspectiva dos Direitos Humanos

Publicado em 26 de agosto de 2011 por ascom

Estão abertas a partir de amanhã, dia 27 de agosto, as inscrições para o Prêmio Profissional Avaliação Psicológica na Perspectiva dos Direitos Humanos.

O prêmio tem como objetivo estimular profissionais de Psicologia a elaborar produções científicas que abordem as interfaces entre os preceitos da avaliação psicológica e os direitos humanos e que gerem reflexões sobre a avaliação psicológica que se realiza e que se deseja no século XXI.

Os trabalhos podem ser inscritos nas categorias individual ou em equipes de no máximo 4 autores.

As premiações vão de R$ 5 mil a R$ 3 mil, mais certificado de premiação e divulgação dos textos nos meios de comunicação do Sistema Conselhos de Psicologia.

Inscrições: de 27/08/2011 a 27/10/2011.
Acesse:
http://anotematico.cfp.org.br/2011/inscricao/

Regulamento do prêmio.

Resolução.
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DROGAS: PELO TRATAMENTO SEM SEGREGAÇÃO

O debate sobre o tema das drogas vem ocupando todos os espaços sociais, não permitindo a

nenhum cidadão mostrar-se indiferente ou alheio. Da mesa do jantar às rodas de conversa no
trabalho, das escolas aos becos, do zum-zum no transporte coletivo aos gabinetes políticos,
da polícia à igreja, da imprensa às praças públicas e às casas legislativas, um mesmo tema: a droga.

As conversas giram sempre em torno da receita para o “que não tem receita, nem nunca terá!” Não
é mera poesia, é do humano não caber em receitas. Mas, neste caso, a receita para o que escapa
à norma foi dada. A prescrição médica, psicológica, jurídica, social e política sentencia: fora de
nós, fora da civilização, rumo aos confins do humano. Sem compaixão com a dor e, sobretudo, sem
respeito à cidadania do outro, mas também à nossa, este veredicto arbitra sobre a questão de modo
único, total e violento. O que ele revela sobre nossa sociedade?
O modo como o debate é feito – barulhento, autoritário, monotemático – faz pensar que muito se
fala para que não se veja, no espelho da pergunta, o retrato de outras mazelas e injustiças, ainda não
superadas: a falta de escola, a fome, a ausência de trabalho, de cultura, de lazer e de moradia para
todos, para ficar nas mais recorrentes formas de violação de direitos, convivem lado a lado com novos
problemas e são indicadores de fragilidades sociais que retratam a perpetuação da má distribuição da
riqueza coletivamente produzida. A inserção das pessoas que vivem a ausência de direitos nas redes
do tráfico tem como resultado esse cruel mercado de trabalho para jovens, crianças e adultos pobres.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) vem a público declarar a legisladores, gestores, juízes,
promotores, especialistas e à sociedade sua posição: não há saída para o sofrimento humano – seja este
consequência da submissão do homem a um objeto químico ou não – fora da cidadania. Não há possibilidade,senão no laço solidário e ético com o outro, para a invenção da humanidade de cada um.

Como ator histórico e ativo em lutas pela defesa da cidadania dos loucos, das crianças e adolescentes,
entre outros sujeitos marginalizados, o CFP tem trabalhado pela construção de políticas públicas
efetivas que teçam a rede de suporte necessária à superação de diferentes fragilidades e vulnerabilidades
sociais. Nosso compromisso ético-político é com a construção de uma sociedade efetivamente
justa e democrática. Sociedade capaz de ofertar a seus membros as condições para o exercício de
uma vida digna e com horizontes. Tal sociedade produz mais escolas que cadeias, mais praças que
espaços de segregação e exclusão, mais cidadãos que restos sociais.

Muitos oferecem à sociedade tentadoras e ilusórias propostas de solução para algo que não
surgiu hoje. O laço entre o homem e a droga não é novo, nem são novas as propostas de solução
que projetam na exclusão o remédio. Requentando um modelo antigo e autoritário, o da segregação,

a sociedade e o Estado brasileiros desrespeitam sua melhor e mais bela conquista: a aspiração à cidadania
como solo de direito para todo homem e toda mulher deste país.

Por defender a democracia duramente conquistada, recusamos que se desrespeite a voz e a
decisão da sociedade, em nome dos clamores de alguns. Por isso, conclamamos os gestores públicos
federais da saúde e de todas as políticas públicas a respeitar as decisões da IV Conferência Nacional
de Saúde Mental, não impondo à rede de saúde a filiação às comunidades terapêuticas,
instituições que, muitas das vezes, em nome do bem do outro, violam direitos, maltratam e violentam o
corpo e as vidas daqueles de quem querem cuidar.

Com coerência e respeito, a Reforma Psiquiátrica e o Sistema Único de Saúde ensinam ao país
que a saúde não é objeto mercantil, não se vende nem se compra. É direito e garantia constitucional
e deve ser instrumento de libertação, não de segregação.

O coletivo que faz a Reforma Psiquiátrica no país já assumiu a responsabilidade que lhe cabe
nesta questão: o cuidado em liberdade com os usuários de álcool e outras drogas. Com as tecnologias
de cuidado inventadas pelo processo de desconstrução do manicômio, propõe a criação de uma rede
diversificada e territorializada de serviços que ofertem cuidados desde o momento mais grave, das
urgências clínicas e psiquiátricas, com criação de leitos em hospital geral para os quadros de intoxicação
e de abstinência grave, a implantação de Centros de Atenção Psicossocial (Caps), das Casas
de Acolhimento Transitório (CAT), de equipes de Consultórios de Rua, de equipes de saúde mental na
atenção básica, entre outros.

Além dos recursos sanitários e de atenção psicossocial, o coletivo da Reforma Psiquiátrica
reafirmou a necessidade da criação de políticas e serviços de proteção e suporte social como
medida para enfrentar fragilidades decorrentes das ameaças à vida, da ruptura de laços e da falta
de apoio sociofamiliar.

Sem temer o homem e sua droga, não nos afastamos do outro pelo “veneno” que lhe proporciona
prazer e dor. Tememos, sim, a ditadura da segregação como modo de tratar, a prática
da higienização social, que sequestra homens e anula direitos; tememos e repudiamos a guerra às
drogas, que mata muito mais que o inimigo que elegeu: as drogas; tememos e não desejamos que o
encarceramento dos jovens seja a única solução proposta para os que se envolvem com o tráfico e não
queremos assistir à perpetuação da desigualdade social como futuro único para tantos e responsável
pelos milhões de vidas miseráveis e escravas da precariedade e da falta de oportunidades.

Queremos ver o Brasil fazer valer os desejos que deram origem ao Estatuto da Criança e do Adolescente, à lei de Reforma Psiquiátrica, com a assunção de crianças, adolescentes e loucos ao campo da cidadania; ao Sistema Único de Saúde que inaugura a escrita da saúde como direito de todos e dever do Estado e a propõe como suporte de cuidado e construção da cidadania. Queremos um país democrático e, por isso, justo, digno e lugar de exercício da responsabilidade de todos e de cada um, no qual o lugar das diferenças seja dentro, e não em seus confins e exílios.

Para aderir ao manifesto, visite http://www.peticaopublica.com.br/?pi=CFP2011A.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Células-tronco, embriões e a constituição

           O desafio é desenvolver as pesquisas com embriões humanos de forma ética e transparente

Como é que as células-tronco (CTs) embrionárias foram parar no Supremo Tribunal Federal, junto com traficantes, mensaleiros e sangues-sugas? Não eram elas a grande promessa terapêutica do século 21? Sim! Porém, seu uso envolve a destruição de um embrião humano, criando a possibilidade de violar o artigo 5o de nossa constituição, que garante “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida”.


As embrionárias são o tipo mais versátil de CTs até hoje identificadas em mamíferos, com a capacidade de dar origem a todos os tecidos do corpo. Desde a década de 80 se fazem pesquisas com as CTs embrionárias de camundongos, e hoje sabemos como transformá-las em células cardíacas, em neurônios, entre outras, que quando transplantadas em animais doentes são capazes de aliviar os sintomas de diversas doenças, de Parkinson a paralisia causada por trauma da medula espinhal.

A partir de 1998, com o estabelecimento das primeiras CTs embrionárias humanas, as pesquisas se voltaram à geração de tecidos para o tratamento daquelas doenças em seres humanos. Porém, como essas pesquisas exigem a destruição de um embrião de 5 dias – um conglomerado de aproximadamente 100 células –, uma nova polêmica surgiu no mundo todo: esse embrião é uma vida humana ou não?

Ora, é claro que ele é uma forma de vida, assim como um feto, um recém-nascido e um idoso também são. A real questão é “que formas de vida humana nós permitiremos perturbar?”. A “vida” mencionada na nossa Constituição já é legalmente violada em algumas situações: por exemplo, no Brasil reconhecemos como morta uma pessoa com morte cerebral, apesar de seu coração ainda bater. Essa é uma decisão arbitrária e pragmática, que nos facilita o transplante de órgãos. E no outro extremo da vida humana, durante o desenvolvimento embrionário? Ao proibirmos o aborto estabelecemos ser inaceitável a destruição de um feto. Por outro lado, se esse feto for o resultado de um estupro ou representar risco de vida para a gestante, no Brasil ele passa a ser uma forma de vida humana que pode ser eliminada. Porém, no que diz respeito às CTs embrionárias, o embrião em questão é muito mais jovem, ainda não tem forma e está numa proveta, e não implantado no útero.
Lygia da Veiga Pereira é professora livre-docente e chefe do Laboratório de Genética Molecular do Instituto de Biociências da USP e autora dos livros Clonagem: da ovelha Dolly às células-tronco e Seqüenciaram o genoma humano... E agora? (Editora Moderna).

Exame de sangue permite prever depressão pós-parto

Identificar mulheres com predisposição à depressão pode ser tão fácil como medir os níveis hormonais do sangue durante a gravidez, sugerem os cientistas

Conhecida também como depressão puerperal é diagnosticada como uma instabilidade emocional que surge nas primeiras semanas seguidas ao parto e atinge cerca de 13% das mulheres que deram à luz. Para ser caracterizado um quadro de depressão os sintomas devem persistir por mais de 15 dias. Em alguns casos, no entanto, os sintomas podem durar meses, até anos, e, muitas vezes, exige psicoterapia e uso de antidepressivos.


A depressão pós-parto (DPP) provoca tristeza profunda, insônia, perda de apetite, oscilação de humor, ansiedade, excesso ou ausência de cuidados com o bebê, dificuldade em tomar decisões, choro freqüente, perda de memória, sentimento de culpa ou sensação de impotência. Há situações em que a mãe precisa dividir as tarefas de cuidar do bebê com outras pessoas até sua recuperação.

“Encontramos um hormônio produzido pela placenta durante a gravidez que é um bom indicador da depressão pós-parto”, revela Ilona Yim, psicóloga da University of Califórnia, em Irvine e autora do estudo publicado no Archives of General Psychiatry, em fevereiro. Usar o teste sangüíneo para medir esse hormônio poderá ajudar os médicos a identificar mães propensas à DPP.

Apesar de a incidência de depressão durante a gravidez ─ de algumas semanas ou meses após o parto ─ segundo estimativa do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos ser de 13% alguns estudos indicam números maiores, sugerindo que até 19% das mães são afetadas. Há certos fatores de risco associados à DPP, incluindo histórico de doença mental e abuso de álcool e drogas.

Yim e seus colegas acompanharam 100 mulheres grávidas, no sul da Califórnia, durante toda a gravidez e cerca de nove semanas após o parto. Os níveis do hormônio liberador de corticotropina (pCRH, na sigla em inglês) no sangue placentário foi analisado em cinco intervalos diferentes (15, 19, 25, 31 e 37 semanas). Normalmente, os níveis desse hormônio aumentam durante a gravidez para preparar o corpo para o parto, por isso, suspeita-se que possa estar ligado à DPP.

Cerca de nove semanas após cada participante ter dado à luz, os cientistas perguntaram às participantes, se tinham tido algum sintoma de DPP. Os resultados indicaram que todas as mulheres que desenvolveram DPP tiveram um aumento de pCRH por volta da 25ª semana de gravidez; 75% das 16 mulheres que tiveram DPP apresentaram mais de 57 picogramas por mililitro de pCRH no sangue, em comparação com apenas 24% das mulheres que não desenvolveram DPP.

Yim acredita que somente uma investigação mais aprofundada poderá confirmar suas constatações e que o nível de pCRH pode ser utilizado para prever a DPP.

 

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

LIVRE-SE DA ENXAQUECA

Pela primeira vez, uma cirurgia para desativar a enxaqueca é realizada no Brasil. O procedimento aconteceu no dia 20 de janeiro em Pernambuco, no Hospital dos Servidores do Estado (HSE) pelo médico cirurgião crânio-maxilo-facial Corintho Viana. A técnica cirúrgica é nova no país e utiliza métodos já utilizados nos EUA – pelo Dr Bahaman Guyuron, Professor e Chairman de Cirurgia Plástica da Case Western Reserve University. De acordo com o médico pernambucano, o procedimento foi estabelecido nos EUA no ano de 2000 e desde então tem trazido resultados satisfatórios a médicos e pacientes.


Ainda esperando aprovação do Cremepe para ser realizada em outros hospitais do Estado, Viana confirma os sucessos no tratamento da doença. “A cirurgia é segura e tem poucas complicações O máximo que pode acontecer é o paciente acabar não apresentando melhoras significativas na intensidade ou na frequência das crises de enxaqueca.” Mas não é qualquer paciente que pode ser operado. Para ser submetido à técnica, precisa passar por um processo. O paciente precisa ser portador de enxaqueca crônica e já ter passado por vários tratamentos, principalmente com o neurologista. “Só após tratamentos medicamentosos sem sucesso, fazemos um teste aplicando a toxina botulínica (botox) ou um bloqueio anestésico no consultório. Havendo melhora dos sintomas, o paciente é indicado à cirurgia”, relata. Todo o procedimento dura em torno de 1h30 e, em alguns casos, pode ser realizado apenas com anestesia local.

No mundo, 18% da população feminina e 6% da população masculina mundial sofrem com a enxaqueca. As crises recorrentes podem acompanhar de dores em qualquer lugar da cabeça, inclusive na região dos dentes, dos seios da face e da nuca – que podem ser confundidas muitas vezes com problemas dentários, de sinusite e de coluna.

No caso da primeira paciente operada no Brasil, a professora Terezinha Ferreira Lemos, a enxaqueca afetava a região da nuca - intitulada pelos especialistas de occipital. “Achava que era dor na coluna e nenhum especialista conseguia definir o meu problema. Passava cinco dias em crise”, conta. A professora, que sofria do mal há 20 anos, já pode voltar às atividades do dia a dia, desta vez sem dores. “Já havia passado por vários tratamentos médicos e alternativos, e nada dava jeito. Fui informada desta nova técnica cirúrgica e não pensei duas vezes”.


Dr. Corintho Viana.
Rua Henrique Dias, s/n, Derby 
Recife – PE CEP
Fone: (81) – 3183-4700

domingo, 21 de agosto de 2011

Psicoterapia para Sobreviventes

Técnicas terapêuticas e capacitação de agentes de saúde ajudam na recuperação de pessoas com stress pós-traumático causado por violência, conflitos e miséria

por Manson Inman
O pobre e o dinheiro, 1882, Aquarela de Vicent Van Gogh/Museu Van Gogh, Amsterdam

Há quatro anos, o menino chamado aqui pelo nome fictício de Mohamed Abdul, de 13 anos, escapou da guerra civil na Somália. Por muito tempo teve pesadelos e flashbacks das cenas terríveis que vivenciou. Aos 9 anos, foi pisoteado por uma multidão que fugia pelas ruas e ficou internado por duas semanas. Um mês após, presenciou as conseqüências aparentes de um massacre: 20 corpos boiavam no oceano. Pouco tempo depois, militares atiraram em sua perna, deixaram-no inconsciente e estupraram Halimo, sua melhor amiga, uma garota de sua idade. Durante sua recuperação no hospital, Mohamed sofria não só pela dor física, mas, principalmente, sentia-se devastado pelo medo e pela culpa de não ter conseguido ajudar a menina. Ele tinha acessos de fúria sem ser provocado e confundia pessoas que conhecia com os bandidos e ameaçava matá-las. Meses depois, deixou sua terra natal e foi para um assentamento de refugiados em Nakivale, em Uganda. Nessa época, afirmou: “Eu sentia duas personalidades dentro de mim. Uma era esperta, boa e normal; a outra, louca e violenta”.

Ele sofria de transtorno de stress pós-traumático, uma desordem caracterizada pelo medo e pela repetição de uma recordação intensa e vívida

do evento traumático. Felizmente, esse campo de refugiados contava com um recurso: o psicólogo Frank Neuner, da Universidade de Bielefeld, na Alemanha, estava oferecendo aos 14.400 africanos do acampamento, principalmente ruandeses, a “terapia da exposição narrativa”. Essa abordagem persuade os sobreviventes do trauma a assimilar as memórias à própria história de vida para que possam recuperar o equilíbrio emocional. Depois de quatro sessões, com duração de 60 a 90 minutos cada, os sonhos repetitivos e as recordações de Mohamed desapareceram; ainda se assustava com facilidade, mas não perdia o controle e os médicos o consideraram curado.

Historicamente, pesquisadores e trabalhadores de serviços humanitários de países em desenvolvimento negligenciaram a saúde mental, focando problemas como subnutrição, doenças e mortalidade infantil. Para o psiquiatra Atif Rahman, da Universidade de Liverpool, na Inglaterra, “o que mudou nos últimos dez anos é o entendimento de que o bem-estar físico não pode ser separado do mental”.

Experiências recentes com psicoterapia mostram que é possível melhorar a vida de sobreviventes de guerra, como o pequeno Mohamed, de mães paupérrimas com depressão pós-parto e de outras vítimas do stress causado pela pobreza. A chave para a viabilidade desses programas inclui o treinamento de cidadãos comuns para atuarem como conselheiros. Em alguns casos, o procedimento pode ser coadjuvante de outras terapias, mas há situações em que ajudam tanto que é possível dispensar o uso de psicotrópicos. Embora muitos considerem distúrbios mentais uma espécie de praga da vida moderna, algumas desordens são, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais prevalentes nos países em desenvolvimento. Das dúzias de guerras e conflitos armados ao redor do mundo, em quase todas as nações, a violência leva ao transtorno do stress pós-traumático, dificultando a recuperação das pessoas – e do país – após o fim dos conflitos.

Manson Inman é jornalista científico e ambiental em Karachi, no Paquistão.

sábado, 20 de agosto de 2011

Sexo é vida, não importa a idade.

Falando de Sexo

Sue Johanson está de volta ao Brasil em novembro. Para comemorar a segunda visita da sexóloga, o GNT vai apresentar uma Maratona com 5 episódios inéditos de Falando de Sexo com Sue Johanson.

De 26 a 30 de novembro, segunda a sexta, às 00h00 no GNT

GNT 22/05/2011 02:30:00          GNT 25/05/2011 00:45:00

IMPORTANTE: Consulte sempre nosso site ou Guia de Programação na sua TV para garantir que não houve alteração da programadora



Viva a Vida porque a Vida é Curta demais!

Aprendendo a Ser Psicoterapeuta1

Elizabeth Amelio Faleiros


Psicóloga formada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP-USP. Mestranda em Psicologia (Bolsista da FAPESP) pela FFCLRP-USP. Membro do NEPP - Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia Clínica.

Aprendendo a Ser Psicoterapeuta1

Learning to be a psychotherapist

Resumo: Este estudo investiga, na perspectiva de Jacob Levy Moreno, a concepção que alunos de Psicologia têm sobre o que é ser psicoterapeuta, quais elementos são necessários para o desenvolvimento dessa tarefa e os fatores impeditivos para realizá-la. Propõe formas de soluções para o desempenho daquela função, favorecendo a reflexão sobre a importância dessa tarefa e a responsabilidade do profissional junto ao paciente. A metodologia utilizada é a qualitativa, pois esta permite abordar dimensões da subjetividade dos sujeitos. Os resultados revelam que os alunos possuem em sua concepção os alicerces básicos, cujos indicadores são apontados por Moreno e por outros autores, percebem os requisitos básicos que constituem a essência do papel de terapeuta, evidenciam críticas realistas sobre os fatores limitadores e sugerem ações pedagógicas para minimizá-los.

Palavras-Chave: Psicoterapeuta, psicoterapia e a relação terapeuta-paciente, psicodrama.

Abstract: This study aims at investigating, according to Jacob Levy Moreno’s perspective, the conception of Psychology students about what a psychotherapist is, what elements, as basic requirements, are needed for the development of this task and the factors that may hinder the performance of this activity. The study proposes different solutions for the fulfillment of this task, providing reflection about its importance and the responsibility given to the psychotherapist when dealing with the patient. The methodology used is the qualitative approach as it allows working with different dimensions of the patients’ subjectivity. The results show that students have, as their own concepts, the basic foundations according to the indicators mentioned by Moreno and other authors. They also notice the basic requirements that compose the role of a psychotherapist, highlight realistic criticism about the limiting factors and suggest pedagogical actions in order to reduce them.

Key Words: Psychotherapist, psychotherapy and the relationship therapist – patient, psychodrama.

Desde Freud, criador do sistema psicanalítico com sua idéia pautada na conservação da energia da libido, mantendo-se constante no psiquismo e caminhando por diferentes tendências até a de cunho existencial, vamos encontrar estudos relacionados à difícil tarefa de tornar-se psicoterapeuta, de acompanhar o crescimento de outro ser humano, dificuldade essa independente das mais variadas abordagens psicoterápicas.

Neste estudo, o enfoque será o de Jacob Levy Moreno, para quem a criatividade no papel de psicoterapeuta deverá estar presente, enriquecendo-o e transformando-o.

A cristalização no papel é a conserva cultural, a estagnação, a permanência no igual, na repetição.

Supomos que alunos em formação, em sua maioria em fase final de adolescência ainda afirmando sua identidade, estariam enfrentando um processo de crescimento no papel de terapeuta, podendo experienciá-lo com maior ou menor espontaneidade2.

Ao constatar as naturais e esperadas dificuldades dessa população de futuros profissionais no convívio que vimos tendo como supervisora daqueles, mostrou ser de relevância aprofundar este tema.

A responsabilidade e complexidade da tarefa de responder terapeuticamente ao pedido de ajuda de outro ser humano justifica a necessidade de maior consciência do futuro profissional sobre a concepção a respeito do que é ser psicoterapeuta e sua implicação de ordem prática na qualidade da sua formação profissional.

Os objetivos foram: identificar a concepção dos estagiários de Psicologia Clínica sobre o que é ser psicoterapeuta, esclarecer fatores impeditivos no exercício desse papel e propor formas de possíveis soluções, proporcionar aos estagiários oportunidade de reflexão sobre a importância de sua tarefa e responsabilidade junto ao paciente, investigar as categorias espontaneidade-criatividade, na concepção daqueles, sobre o que é ser psicoterapeuta enquanto papel social a ser desempenhado por eles no contexto terapêutico.

Aproximações de um olhar sobre um mar de pensamentos

“Ser psicoterapeuta é algo de profundo, de misterioso, de sagrado. Ajudar alguém a se ver, a se conhecer, a tomar posse de si mesmo é algo que sem uma profunda humildade dificilmente poderá acontecer” Ribeiro (1986: 240).

Cresce consideravelmente o número de pessoas que busca a psicoterapia na tentativa de resolver dificuldades e alargar possibilidades de viver no mundo atual, já que há um estado permanente de mudanças fazendo com que se sintam inseguras, amedrontadas e sozinhas.

É nesse palco de turbulência que se insere a psicoterapia como mais uma possibilidade capaz de transformação individual, social e política. Assim, faz-se necessária uma reflexão sobre a dimensão do que é ser psicoterapeuta, já que este representa um forte instrumento de mudança.

Autores de renome concordam com a afirmação de Gomes (1995, p. 83) que diz:

“A prática psicoterapêutica é tradicionalmente conhecida como sendo o exercício de uma arte. O terapeuta, no contexto da singularidade de um caso, combina convicções teóricas e sensibilidade pessoal para aliviar o sofrimento psicológico de alguém”.

Independentemente do método adotado, a figura do terapeuta é sempre de grande importância, não só pelo papel que desempenha, mas também pelo simbolismo de que sua função se reveste. Porchat (1982,pp.124-125) faz referência a essa idéia falando de um dos aspectos da situação psicoterápica, o vínculo terapêutico.

“...o terapeuta parece ser, no início, um símbolo para o paciente; ele representa ajuda, não importa o modo como espera ser ajudado.

Essa relação dual que se esboça no mundo interno do paciente desde que ele se propôs iniciar uma psicoterapia já nos conduz aos dois aspectos fundamentais presentes no fenômeno vínculo terapêutico. Por um lado essa relação estará enraizada na realidade: o terapeuta é uma figura física, que se expressa, é uma pessoa real. Por outro, antes mesmo de o paciente conhecê-lo, ele ‘existe’ enquanto expectativa, enquanto ansiedade, esperança, no mundo interno do paciente. Então, antes mesmo de o paciente ter um terapeuta real,ele o tem em seu mundo de fantasia, a seu próprio modo, de acordo com suas necessidades emocionais, de acordo com suas fantasias”.

E Moreno (1974, p. 84) acrescenta:

“A esperança de um herói-terapeuta é, freqüentemente, a causa estimulante que marca o início do tratamento do paciente. Essa esperança se origina de sua necessidade de auxílio e libertação e nem sempre pode ser satisfeita pelo terapeuta. O terapeuta não é um mágico, um curador divino, mas sim um homem”.

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1 Esta pesquisa faz parte da Dissertação de Mestrado apresentada em novembro de 1999, como requisito para obtenção do título de Mestre em Saúde Mental da Universidade Católica de Pelotas, RS.

2 Espontaneidade: do latim “Sponte”- de livre vontade. No sentido moreniano, é a capacidade de o indivíduo adaptar-se adequadamente a novas situações ou dar respostas novas a situações já vividas.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

BLOGGER ALIMENTADO POR DRA. KÁTIA BRANCO

Atendimentos
Psicoterapia: Adolescente, adulto e idoso.
Hospitalar e Domiciliar
Avaliações Neuropsicológicas Infantil, Adulto e Idoso.
Cursos
Especialização:  Psicologia Hospitalar e Neuropsicologia Clínica
Capacitação: Psicoterapia Breve, Neuropsicologia Clínica e Recursos Humanos.
Preparatório para Concursos