segunda-feira, 2 de julho de 2012

PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO EM ONCO-HEMATOLOGIA – O CINEMA COMO ESTRATÉGIA DA PSICOLOGIA A PACIENTES INTERNADOS E SEUS FAMILIARES



Heloisa Benevides de Carvalho Chiattone 
Regina Célia Rocha 
Viviane Cristina Torlai 
Maria Aparecida Zanichelli


A humanização do atendimento onco-hematológico deve ser entendida como um valor na medida que busca resgatar o respeito à vida humana, envolvendo circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas presentes em todo relacionamento humano. 


É necessário ressaltar que humanizar traz em si, um espírito, uma filosofia, uma ideia; atos que superam a fronteira tecnocêntrica ou burocrática, pois se o objetivo primordial da medicina é a preservação e restauração da saúde, medidas de humanização deveriam caminhar naturalmente, inerentes ao processo de CUIDAR – em seu verdadeiro sentido.

E assim, a medicina orientada para o alívio do sofrimento estará mais preocupada com a pessoa doente do que com a doença da pessoa. 

Cuidar vem do latim cogitare que significa tratar de, assistir, ter cuidado. O cuidado é aquela condição prévia que permite o eclodir da amorosidade. É gesto amoroso para com a realidade, gesto que protege e traz serenidade e paz. Sem cuidado, nada que é vivo, sobrevive. 

O cuidado é tão ancestral quanto o universo. É mais do que um ato, é uma atitude, representando mais que um momento de atenção; representa zelo e desvelo.

Estimular, criar e incrementar Programas de Humanização em Onco-hematologia é um exercício explícito da ética do cuidado, representando uma atitude de ocupação, preocupação, responsabilização e envolvimento afetivo com o outro, aqui representado por pacientes onco-hematológicos e seus familiares. 

Mas o outro também simbolizado por aquele que está à nossa frente – homem ou mulher, trabalhador, empresário, doente crônico ou terminal. O outro expresso pela amplitude de uma comunidade, de uma classe social, a sociedade como um todo ou, numa perspectiva global, a própria natureza e o planeta Terra. 

Portanto, os alicerces de um Programa de Humanização em Onco-Hematologia devem estar fundados na base de que toda construção ética se baseia na pressuposição de que ela surge quando o outro emerge diante de nós. E como diante do outro ninguém pode ou deve ficar indiferente, o outro é o determinante. Sem passar pelo outro, toda ética é antiética, não existindo o cuidado.

Não sem razão, todas as religiões e tradições do Ocidente e Oriente estabelecem como máxima fundadora do discurso ético: “não faz ao outro o que não queres que façam a ti”. Ou positivamente: “faz ao outro o que gostarias de fizessem a ti”. Além disso, outro princípio básico, oriundo da biologia, também reforça o caminho ético; trata-se da importância do cuidado para a vida. Sem cuidado, a vida não sobrevive. Sem ele erramos, ofendemos e destruímos. 

É essa atitude que os Programas de Humanização devem propor, como ética mínima: a arte de lidar com o outro, a capacidade empática e intuitiva, o respeito pela diversidade, o saber cuidar daquele que adoeceu. 

Historicamente, as instituições de saúde sempre acolheram os doentes, mas a finalidade variava de local para local e de época para época. 

No período pré-científico, as instituições de saúde eram um depósito para gente doente, em grande parte composta por pobres e indigentes, que não tinham condições de tratamento em casa. Freqüentemente, estas instituições foram dirigidas por religiosos que inspiravam-se na parábola do bom Samaritano, acolhendo os doentes por amor a Deus e ao próximo. 

Esta visão se transforma radicalmente com o surgimento da medicina científica: o profissional de saúde se torna um profissional liberal e sua formação é incrementada, transformando-se em prática remunerada; o hospital se profissionaliza. 

Ganha-se em competência e eficiência técnica mas perde-se na dimensão humana, pelo incremento das relações de trabalho. O cuidado agora é profissional, muitas vezes pouco remunerado. 

Reconhecemos que todo esse processo de supervalorização das ciências biológicas, da super especialização e dos meios tecnológicos que acompanharam o desenvolvimento da medicina nestas últimas décadas trouxe como conseqüência mais visível, a “desumanização” das práticas em saúde. 

Assim, aquele que deveria cuidar foi se transformando cada vez mais em um técnico, um especialista, profundo conhecedor de exames e condutas de alta complexidade, porém, distante dos aspectos humanos presentes nos pacientes e familiares.  

Não estamos questionando o valor dos avanços ecnobiocientíficos para a saúde da humanidade, mas sim o fato de que quando se põe em segundo plano (ou até mesmo nem são levados em consideração) a singularidade, a subjetividade, os aspectos psicossociais do adoecer humano, deixamos também em segundo plano a dimensão da atenção, do cuidado (Boff, 1999), enfim da compaixão e da ética. 

Então, a porta de entrada nos sistemas de saúde não pode ser a razão calculatória, analítica e objetivista, pois o destino seria do trabalho-intervenção-produção e isso aprisionaria profissionais de saúde, pacientes e familiares. As máquinas e os computadores são mais eficazes do que os seres humanos na utilização deste tipo de razão-trabalho. Há algo singular nos seres humanos: o sentimento, a capacidade de emocionar-se, envolver-se, afetar e sentir-se afetado; um computador, uma máquina ou um robô não tem condições nem meios de cuidar da pessoa.

Os Programas de Humanização desenvolvidos pelo Serviço de Hematologia do Hospital Brigadeiro vem comprovar a teoria que, sem dúvida, há uma grande necessidade de se re-humanizar as práticas em saúde, desenvolvendo-se e fornecendo-se recursos humanísticos para o processo de formação e atuação dos profissionais de saúde em geral. E isso não apenas por uma questão de ética, mas sim pela urgente necessidade na área de saúde de se passar do paradigma da conquista ao paradigma do cuidado. 

Esse é o objetivo da mesa redonda “Como Humanizar o tratamento OncoHematológico“, sob a visão da Medicina, Psicologia, Enfermagem, Nutrição, Terapia Ocupacional, Odontologia, do Serviço Social e também do paciente, que será realizada na IV Conferência Internacional de Onco-Hematologia. 

Promovida pela Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE), o evento vai reunir nos dias 19, 20 e 21 de maio de 2006, médicos, profissionais da saúde de diversas áreas, pesquisadores e pacientes de todo o Brasil. O intuito do debate é promover um atendimento humanizado nos centros de tratamento de pacientes como linfoma, leucemia, mielodisplasia e mieloma múltiplo.

Os Fundamentos do Programa

Ao adoecer, pacientes oncohematológicos vivenciam intensas transformações. É real a presença de uma situação de crise no que diz respeito a própria vida e suas transformações e sobre a doença que também causa intensas repercussões.  


Nessa medida, a doença pode ser vivida, conforme a fase de desenvolvimento, como um momento de 'crise sobreposta a outra crise' pois uma vez doente, o paciente passa a debater-se entre sentimentos ambivalentes, decorrentes do choque de seu mundo de valores e de sua realidade atual, tornando-se psicológicamente frágil, pois defronta-se com uma das questões mais angustiantes da existência humana, intimamente ligada à situação de doença e revelada através dos conflitos entre a vida e a possibilidade de morte.  

Acresce-se o fato de que ao ser hospitalizado, o paciente interrompe sua forma habitual de vida, vivenciando uma ruptura em sua história, configurando-se um estado de crise, agravado por algumas características específicas determinadas pela hospitalização que interferem diretamente sobre seu estado emocional: clima de ‘stress’ constante; isolamento frente às figuras que geram segurança e conforto; relação com aparelhos intra e extra corpóreos, clima de morte iminente, perda da noção de tempo e espaço, perda da privacidade e da liberdade; despessoalização, perda da identidade e participação direta ou indireta no sofrimento alheio. 

A agravar todo esse estado, do ponto de vista sócio-cultural, a partir da deflagração da doença oncohematológica, o paciente, em geral, é afastado de seu meio, de suas atividades produtivas, de seus familiares e de seu cotidiano. A essas perdas, somam-se aquelas previsíveis à situação de adoecimento e hospitalização: perda do sentimento de invulnerabilidade que compromete sobremaneira o equilíbrio psicológico pelo desencadeamento de intensa angústia de morte; perda da conexão com o mundo habitual, determinando ao paciente uma situação caótica em nível 
existencial; perda da aptidão e plenitude de raciocínio que determina o fracasso da razão pois a situação em si, de doença e hospitalização, altamente ameaçadora, é intensamente marcada por questões sem respostas (“por que isso aconteceu comigo?”, “quais são minhas verdadeiras chances?”, “conseguirei suportar?”); perda do controle de si mesmo, marcada pelo tratamento, internações, condutas terapêuticas, evolução e intercorrências clínicas a que o paciente deve submeter-se, no verdadeiro sentido da palavra; sensação de abandono, desencadeante de depressão, apatia e reações de hostilidade dirigidas à equipe; temor ao desconhecido, o que pode acarretar fantasias em relação à doença, tratamento e prognóstico; despessoalização ou, segundo GOFFMAN (1990) mortificação (o paciente perde sua posição social e/ou familiar, é despojado de seus pertences, sendo muitas vezes identificado como um número de leito ou pelo nome da doença que possui).  

Complementando esses aspectos, é possível enumerar vários fatores biológicos e psicossociais que podem desencadear alterações psicológicas e/ou psiquiátricas em pacientes com doenças oncohematólogicas: frustração na realização de desejos e 
necessidades, agravamento de conflitos intrapsíquicos, inadequação dos mecanismos de defesa, perda do sentimento de auto-estima, alteração na imagem corporal, ruptura do ciclo sono-vigília, uso de medicamentos coadjuvantes, procedimentos invasivos e isolamento social. 

Assim, é amplamente reconhecido na literatura que o diagnóstico e a vivência do tratamento da doença oncohematológica atinge diretamente a integridade psicológica dos pacientes, tornando-os fragilizados e vulneráveis. Essa situação é geradora de intensa angústia, em geral pelo temor à mutilação e dor, culpa, temor à separação, ao sofrimento e à morte, desencadeando reações psíquicas específicas que variam de acordo com os recursos psicológicos de cada paciente. 

O transtorno psicológico mais freqüente em pacientes oncohematológicos refere-se ao transtorno de adaptação reativo ao stress imposto pela doença. Os sintomas psicológicos característicos envolvem estados de ansiedade e depressão, acrescidos da persistência excessiva desses sintomas e de interferência anormal no trabalho, em atividades escolares e sociais.  

Estados de ansiedade determinados por temores, dúvidas, fantasias e apreensões frente a vivência da doença e tratamento são freqüentes. Apesar de esperados, devem manter-se controlados para que não evoluam para estados de pânico, caracterizados por perda de controle, confusão, desespero, regressão e súplicas. Os transtornos de ansiedade descritos envolvem episódios de ansiedade aguda relacionados ao stress do diagnóstico e de seu tratamento, ansiedade relacionada com a doença e transtornos de ansiedade crônica anteriores ao diagnóstico que exacerbam-se durante a vivência da doença. 

A ansiedade situacional é freqüente e a maioria dos pacientes mostra-se bastante ansiosa diante da expectativa do diagnóstico ou após o recebimento deste, antes de submeter-se a condutas terapêuticas (aspiração de medula óssea, administração de quimioterapia ou de radioterapia), diante da expectativa de alta hospitalar, frente a sintomas que possam indicar recidiva da doença, etc. Dificuldades diagnósticas, piora do quadro clínico e necessidade de internação em UTI, sangramentos, intercorrências, vivências traumáticas durante o tratamento quimioterápico ou morte de amigos e companheiros de tratamento, com o mesmo diagnóstico, podem também resultar em quadros de ansiedade.  

Transtornos depressivos em pacientes oncohematológicos são freqüentes e bem conhecidos, embora assemelhem-se, em porcentagem, à incidência de depressão em pacientes com outras doenças orgânicas graves. Esta relação sugere que o determinante primário para o desencadeamento de um quadro depressivo interligase ao nível de gravidade da doença e não somente ao seu diagnóstico específico. De qualquer forma, alguns fatores sugerem estar intimamente vinculados ao desencadeamento de depressão: estado físico agravado, dor, história prévia de depressão e intercorrências orgânicas. 

Os transtornos depressivos definem-se por reações de desesperança, apatia, isolamento, astenia e impotência frente ao diagnóstico, à evolução da doença e ao próprio tratamento. O diagnóstico de depressão aponta a presença de insônia, anorexia, fadiga, perda de peso e transtornos somáticos. Acrescem-se sentimentos de desamparo, diminuição da autoestima e autoconceito, culpa, retraimento social, intensa angústia de morte, 
redução do nível de energia, dificuldades de concentração, perda do interesse, dificuldade de iniciar atividades e colaborar no tratamento, lentificação do pensamento, dificuldades em tomar decisões, crises de choro, lentificação dos movimentos. 

Reações de ira, hostilidade e sentimentos paranóides também podem ser citados como reações da doença. Em geral, apresentam-se como reações situacionais onde o diagnóstico e a vivência do tratamento são vivenciados como uma injustiça imposta pelo ambiente, desencadeando sentimentos de desconfiança, ressentimento, perseguição e abandono. Sensação de culpa e punição também pode ser descrita. Nela, o paciente sente-se culpado por comportamentos assumidos nas relações de amizade, com familiares, sexualidade, inclinações, etc.

O paciente ao acreditar que está sendo punido, vincula a doença a castigo e com a instalação da doença, geralmente apresenta sensação de punição gerada pela fantasia de culpabilidade. Várias outras reações psicológicas podem ser citadas: frustração de sonhos e projetos; privação da realização; regressão; angústia de morte; temor à mutilação; temor à dor; temor ao abandono; insegurança; desconfiança; inconformismo; intolerância emocional; apreensão com a autoimagem; temor à perda de controle e de identidade; racionalização; agressividade; fantasias e desesperança. 

Nesse sentido, a implementação de Programas de Humanização a pacientes com doenças onco-hematológicas é um aspecto fundamental em todo programa terapêutico eficaz e humano, tendo em conta as múltiplas situações difíceis e ameaçadoras que os pacientes atravessam e as várias adaptações inesperadas que se vêm obrigados a enfrentar durante os períodos de diagnóstico, tratamento, remissões e recidivas da doença.  

O impacto do diagnóstico, os efeitos físicos do próprio tratamento e as conseqüentes reações psicológicas, a vivência da doença em si e as reações psicológicas concernentes definem a urgência de medidas humanizadoras.  

O papel que o hospital exerce de promover saúde aos pacientes deve-se ampliar na busca de se humanizar o período de hospitalização, a fim de resgatar ao paciente toda a energia possível no que concerne a alternativas e planos de ação.
  
No Serviço de Hematologia do Hospital Brigadeiro, em São Paulo, aos pacientes e familiares, o psicólogo hospitalar fundamenta sua atuação na psicoterapia breve, enfatizando-se a crise desencadeada pela doença. A atuação se dá ao nível da comunicação, reforçando o trabalho estrutural de adaptação dos pacientes ao enfrentamento da intensa crise. Nessa medida, a atuação direciona-se em nível de apoio, atenção, compreensão, suporte ao tratamento, clarificação dos sentimentos, esclarecimentos sobre a doença e fortalecimento de vínculos pessoais e familiares. 

A atuação do psicólogo no Serviço de Hematologia do Hospital Brigadeiro visa também melhorar a eficácia adaptativa de pacientes e familiares.  

A atuação preventiva tem como principal objetivo o oferecimento de ajuda para que os pacientes possam alcançar o reconhecimento das motivações que estão subjacentes a seus problemas diante da vivência da doença, visando facilitar a resolução desses problemas, de forma mais adequada e breve possível. Portanto, para atingir plenamente sua função preventiva, o psicólogo, nas diferentes unidades, dedica particular importância ao diagnóstico precoce de transtornos psicológicos. A essência da tarefa, define que, preventivamente, o psicólogo não espera pelo encaminhamento de pacientes internados, mas sim ‘está junto deles’, em trabalho diário de decodificação de suas dificuldades. 

Durante a crise denunciada pela doença, as emoções e os sentimentos vinculados a fantasias primitivas, muitas vezes até então latentes, emergem com grande e intensa força, aumentando a incapacidade de reação do adolescente. Por outro lado, nesses momentos de intensa vulnerabilidade e fragilidade, os pacientes também mostramse mais refratários a receber ajuda. Nessa medida, pequenas intervenções atingem importante potencial terapêutico, muito mais amplo do que se ocorressem em outro momento que não o de crise da doença. 

Por essa razão, em associação ao acompanhamento psicológico individual diário aos pacientes hospitalizados, o Serviço de Psicologia Hospitalar do Hospital Brigadeiro, na Clínica de Hematologia, tem utilizado técnicas de psicoterapia de grupo por estas apresentarem a vantagem operacional de atender um número maior de pacientes com um mesmo número de profissionais. Além disso, os grupos apresentam a vantagem de constituir-se em um espaço no qual o comportamento presente e novos comportamentos experimentados. Além do alto custo dos serviços individuais, a psicoterapia de grupo é coerente pela alta demanda de pacientes internados no Serviço de Hematologia, pelos efeitos da limitação de atividades e estimulação durante a internação hospitalar e pela valorização das psicoterapias breves. 

O Cinema Brigadeiro é uma estratégia projetiva utilizada na enfermaria de Hematologia do Hospital Brigadeiro, visando o fortalecimento de recursos adaptativos de enfrentamento na situação de doença e hospitalização.  Tem como objetivos gerais reforçar e estimular recursos adaptativos e de enfrentamento aos adolescentes e pacientes adultos hospitalizados, minimizar os efeitos da limitação de atividades e estimulação a que estão expostos durante longos períodos de internação, melhorar a qualidade de vida mesmo na situação de doença, integrar os pacientes, resignificando seus sentidos, sentimentos e polaridades identificadas com a vivência da doença.  

Assim, o Cinema Brigadeiro provoca nos adolescentes e adultos a vivência de situações nas quais podem lidar de maneira positiva com ansiedades e incertezas, buscando controlar a realidade da doença. O efeito de integração obtido através dos encontros em grupo leva os adolescentes a transformarem-se em agentes ativos com sentimentos mais adequados de controle, onde o resultado é a restauração e resignificação das capacidades perdidas pela vivência da doença.  

Além disso, o Cinema Brigadeiro é uma excelente estratégia ao derivar significados, pois a partir das interações, o paciente é estimulado a fabricar e construir uma história nova, experimental ou provisória, tentando integrar a experiência da doença em sua vida. Em grupo, os pacientes podem recuperar capacidades, desenvolver senso de controle, exercitar flexibilidade e a espontaneidade, reparar frustrações, exercitar mecanismos de adaptação ao desconhecido, melhorar o desempenho, recuperar capacidade de lazer, motivação e volição.

O funcionamento do CINEMA BRIGADEIRO

O Cinema Brigadeiro é quinzenal e caracteriza-se tecnicamente como grupo terapêutico, de suporte, definido como grupo de reabastecimento ou fortalecimento, tendo como principal objetivo, reforçar ou reestruturar o paciente, elevar sua autoestima e autoconfiança, aumentando sua conscientização sobre si mesmo.  Reunidos no Cinema Brigadeiro, os adolescentes sentem-se imediatamente identificados e unidos, pois compartilham das mesmas angústias e esperanças, limitações e discriminações, prescrições e recomendações. Os encontros quinzenais regulares, associados às trocas afetuosas, estimulam a manutenção de vínculos interpessoais, complementando o clima de coesão e apoio necessário para o enfrentamento da doença. 

O Cinema Brigadeiro demanda ações atuais, intervenções objetivas e resultados concretos. Não tem como objetivo a resolução de conflitos, a compreensão ou insights a respeito da vida do paciente mas sim, a identificação e a aprendizagem de como lidar com fatores inerentes à doença. Os ingredientes próprios do grupo são constância, carinho, cuidado e comunicação precisa e franca. O terapeuta é ativo, apoia, informa e reassegura, expressando-se afetivamente e, principalmente, visando ampliar a compreensão, estimular correlações e reflexões. 


Durante a semana, nos atendimentos em grupo na enfermaria, é decidido entre os pacientes internados, o filme a ser assistido. Em geral, os pacientes têm mostrado preferência por comédias e filmes de ação e aventura, que estimulam seus recursos de enfrentamento. A equipe de saúde também é constantemente contatada para liberação dos pacientes que participarão da atividade.  

Em grupo também se discute os convidados de cada paciente. Estes têm liberdade para convidar familiares, amigos e namorados que se encontram no Auditório principal do Hospital, onde se reproduz uma sessão de cinema, com distribuição de pipoca e refrigerante, com duração média de três horas (após o filme, os pacientes permanecem livremente com seus convidados). Vários pacientes em tratamento ambulatorial também participam da atividade, apontando a eficácia do grupo. 

A atividade quinzenal é revestida de intensa preparação interna e externa. Os pacientes, em geral mobilizam-se para os convites através de celulares ou através do aparelho telefônico da enfermaria (público), resgatando seus grupos de amigos. 

Para o Cinema, utilizam roupas da moda, enfeitam-se, usam bonés e chapéus, emprestam roupas e acessórios, recuperando capacidades. As comemorações de aniversários têm sido programadas para o dia do Cinema, “estendendo-se” a atividade. 

Os filmes, além disso, tem se revestido como importantes veículos de comunicação na situação de doença: transmitem mensagens de enfrentamento, coragem e força (através da identificação com personagens), opções e escolhas disponíveis (mesmo na doença), mobilizando recursos internos de forma direta, apoio externo (amigos, familiares, namorados), estimulação de mecanismos de defesa positivos, resgate de auto-estima e auto-conceito.

O funcionamento do CINEMA BRIGADEIRO

Enquanto o Cinema Brigadeiro é desenvolvido na Enfermaria de Adolescentes e Adultos do Hospital Brigadeiro, o Cineminha Brigadeiro é uma estratégia lúdicoprojetiva desenvolvida na Pediatria do mesmo Hospital. 

Na Pediatria, o Programa é desenvolvido em três manhãs. No primeiro dia, as crianças ouvem a história do filme, contada no grupo de crianças, realizado diariamente na enfermaria. Desenhos também podem ser feitos para verificar o nível de fantasia da criança sobre os eventos futuros, o que pode contribuir para o conhecimento da dinâmica interna de cada criança, servindo de alerta para uma situação de exame, por exemplo, que também exige preparo prévio e pode dar margem a muitas fantasias. 

Depois de ouvir e discutir a história, as crianças escolhem funções e tarefas para o dia do Cineminha: porteiro, bilheteiro, banco, etc. O dinheiro e as entradas são realizados em grupo pelas crianças ainda na véspera. 

Em geral, contém o nome do filme, a data, o horário e o ‘preço’. As crianças enfeitam e pintam as entradas. Estas são então ‘vendidas’, estendendo-se a atividade. Uma das crianças será o bilheteiro, ficando encarregada de “vender” os ingressos e de recolhê-los novamente à entrada do cineminha. O “dinheirinho”, 
confeccionado também previamente, será distribuído às crianças e às mães (ou acompanhantes) antes do bilheteiro iniciar as vendas, para que, no momento em que receberem o bilhete, automaticamente “paguem” o bilheteiro. 

No dia do Cineminha, toda a rotina da enfermaria se modifica. Reveste-se de importância a participação da enfermagem que antecipa a medicação dos pacientes para que todos possam participar da atividade, a partir das 09:00 horas. Todos a postos, em grupos, são levados com seus familiares para o Auditório do Hospital. 

Bilheteiro e porteiro a postos, todos se acomodam e assistem o filme. Teminada a sessão, faz-se uma breve discussão do filme e no dia seguinte, em atividade programada, as crianças, novamente em grupo, discutem a essência e mensagem do filme, consolidando-se os objetivos, através de atividades de modelagem, desenho, teatro de fantoches, recorte e colagem, etc. 

Observar a reação das crianças durante o filme também pode oferecer dados ao psicólogo quanto à fragilidade, tolerância a frustração, identificação com personagens, medos, etc. 

É fundamental destacar que a escolha do filme deve ser adequada ao nível de compreensão das crianças e deve estar baseada em algum objetivo construtivo à situação de doença e hospitalização vivenciada. 

Os resultados obtidos no Cineminha Brigadeiro são bastante valiosos. Ao sair da rotina interna da enfermaria e participar da atividade que lhe reaproxima da vida e de situações semelhantes à vivências antes do adoecer, a criança pode retomar capacidades perdidas pela vivência da doença e internação. 

Além disso, as histórias, previamente escolhidas, exercem efeitos positivos a partir do momento que nelas as crianças podem projetar suas fantasias, medos, desejos ou angústias. Em crianças cujos efeitos físicos da doença e tratamento alteram a imagem corporal, histórias com transformações físicas no enredo podem propiciar identificação e possibilidades de elaboração da questão (Corcunda de Notre Dame, A Bela e a Fera, por exemplo). Mensagens finais incluindo polaridades como o bem e o mal, também exercem efeitos positivos sobre a criança doente que vive ambivalências em relação ao tratamento (cura mas maltrata), hospitalização e equipe de saúde. 

Durante quase um ano, o Serviço de Psicologia Hospitalar do Hospital Brigadeiro testou uma grande quantidade de filmes, buscando adequá-los às necessidades terapêuticas. Abaixo, alguns exemplos, dos ‘campeões de bilheteria’ para as crianças: 

Filme: Branca de Neve e os Sete Anões 
Indicações – O que atingir? 

- Polaridades (identificação com a bruxa / maça envenenada X anões e príncipe) 
- Bem X Mal 
- Apoio externo (identificação com anões e animais)
- “Soluções mágicas X soluções disponíveis” 
- Morte e finitude 
- Transformação 
- Enfrentamento 
- Resiliência

Filme: Vida de Insetos 
Indicações – O que atingir? 

- Resiliência e Enfrentamento 
- Força e Coragem - identificação com personagens (líder) 
- Apoio externo (o grupo de iguais) 
- Confronto com ameaças e superação 
- Estimulo de mecanismos de defesa positivos

Filme: Tarzan 
Indicações – O que atingir? 

- Enfrentamento e Superação (resiliência) 
- Força e Coragem - identificação com personagens e sua resolutividade: “Jane e 
Tarzan” 
- Mobilização de recursos internos de forma direta 
- Polaridades 
- Bem X Mal (identificação com personagens) 
- Opções e escolhas disponíveis 
- Estímulo à capacidade adaptativa: 
- medo do desconhecido 
- afastamento familiar 
- separação 
- perdas

Filme: A Bela e a Fera e Corcunda de Notre Dame 
Indicações – O que atingir? 

- Enfrentamento e Superação (resiliência) 
- Força e Coragem - identificação com personagens - O ser diferente (alterações em 
auto-imagem e auto-conceito) 
- Mobilização de recursos internos de forma direta 
- Polaridades 
- Bem X Mal (identificação com personagens)

Filme: Procurando Nemo 
Indicações – O que atingir? 

- Enfrentamento e Superação (resiliência) 
- Força e Coragem - identificação com personagens - O ser diferente (alterações em 
auto-imagem e auto-conceito) - Inclusão 
- Mobilização de recursos internos de forma direta 
- Polaridades - Bem X Mal (identificação com personagens) 
- Esperança 
- Amor

O Cinema e a psicologia - a arte no cuidado de pacientes onco-hematológicos.

A relação entre a arte e os processos terapêuticos, pode ser entendida como sendo algo quase tão antigo quanto a própria história humana, especialmente se o termo terapia for compreendido a partir das possibilidades que decorrem de sua acepção de “meios adequados para aliviar e curar o doente”, assinalada no Dicionário Aurélio. 

Talvez seja possível dizer que a arte tinha no início da história humana, uma função essencialmente terapêutica na medida em que servia, não apenas como um instrumento de cura, como quando, por exemplo, era utilizada por xamãs, pajés e outros curandeiros em suas praticas, mas também para atenuar a angústia humana frente ao desconhecido (ARAÚJO FILHO, 2003).

É real que a representação simbólica proporcionada pelo cinema pode funcionar também como uma maneira de criar ou de expressar um vínculo, uma ligação entre o homem e aquilo que é representado. Nesse caso, o objetivo é se apropriar de forma simbólica de certas características dos personagens entendidas como possuidoras de atributos extremamente desejáveis como, por exemplo, força, beleza, rapidez, poder ou inteligência.  

Na situação de doença e hospitalização, os filmes podem expressar e fortalecer comportamentos resilientes, facilitando o enfrentamento da situação vivida. 


O enfrentamento satisfatório da doença onco-hematológica, implica principalmente, na capacidade para resignificar e elaborar a situação adversa imposta pela doença. Esta capacidade de elaboração, fundamentada na resignificação, é denominada “resiliência”, segundo Rutter (1987).  

A resiliência pode ser definida como um conjunto de processos sociais e intrapsíquicos; a capacidade do homem de ação e superação frente às adversidades da vida (RUTER, 1987; GROTBERG e OJEDA, 1996). 

Um paciente resiliente, portanto, é aquele que tem a capacidade de vivenciar a doença em um ambiente não saudável, conseguindo conviver com as dificuldades, adaptando-se a elas, bem como, resignificando a situação estressante e adversa. Nesse sentido, através da resiliência, o paciente pode encontrar forças internas para superar e lidar com situações que implicam em transições e conflitos, como uma doença crônica e seu tratamento. A resiliência é parte integrante e essencial da personalidade, levando o indivíduo ao movimento de superação e resignificação, de si, dos acontecimentos e de sua própria existência (OLIVEIRA, 2001; TELES, 2002). 

Isto significa que um paciente onco-hematológico exposto a doença e tratamento, como fatores de risco, poderá mostrar-se resiliente em sua capacidade de superação e elaboração desta situação. Quando confrontado com a situação de doença, o paciente necessita desta capacidade de superação e resignificação, para conseguir se adaptar a esta vivência tão adversa que irá impor mudanças drásticas e repentinas, sofrimento físico e emocional e, principalmente perda do controle sobre a própria vida e incertezas quanto ao futuro, como já foi mencionado. 

Ressalta-se que pacientes resilientes demonstram um modelo parental de apego seguro, além de intrinsecamente, apresentarem um temperamento mais flexível, senso de que são capazes de modificar seu ambiente e acreditam, que as novas situações impostas, representam oportunidade para se adaptarem, indicando 
claramente a esperança e o otimismo, como características de sua personalidade (GARCIA, 2001). 

Assim, o paciente resiliente, é aquele que mesmo vivenciando adversidades, como a doença onco-hemtológica, consegue resignificar e buscar a adaptação. A doença e o tratamento seriam os fatores de risco aos quais o paciente está submetido; porém, existem fatores que podem ser chamados de fatores de proteção e que auxiliam o paciente em sua resiliência: o apego seguro na relação com os pais; a qualidade de afeto nas relações familiares de forma geral; a relação equipe de saúde/paciente/ família pautada na segurança e confiança; os recursos de enfrentamento dos familiares que interferem diretamente no paciente; sua capacidade de processar situações, bem como, a atuação da psicologia hospitalar visando o fortalecimento interno e organização deste paciente e seus familiares. 

Assim, as estratégias psicológicas utilizadas junto ao pacienteoncohematológico devem em sua essência minimizar o risco de má adaptação, objetivando a resignificação e elaboração da situação. 

Nesse sentido, a atuação da psicologia hospitalar, torna-se fundamental, pois promove espaço para expressão dos conflitos, medos e angústias, ligados à situação de doença e tratamento, auxiliando o paciente e seus familiares na compreensão da situação; participação ativa no processo de doença, encorajando recursos de enfrentamento; visando principalmente, a elaboração da situação de doença pautada na resignificação, ou seja, de forma resiliente. 

Esta atuação, fundamentada na busca do equilíbrio biopsicossocial dos pacientes e seus familiares, a partir de uma ação interdisciplinar, vem de encontro ao objetivo maior do atendimento a pacientes oncohematológicos - a humanização como 
compromisso. 

As expressões artísticas, por suas peculiaridades, constituem-se instrumentos privilegiados cujo potencial não parece ter sido afetado pelo tempo e a faz tão presente nos dias de hoje quanto foi no passado. A função e a característica intrínseca da arte foram assim descritas por Fischer (1977:19-20): “sua função concerne sempre ao homem total, capacita o “Eu" a identificar-se com a vida de outros, capacita-o a incorporar a si aquilo que ele não é, mas tem possibilidade de ser. (...) A arte é necessária para que o homem se torne capaz de conhecer e mudar o mundo. Mas a arte também é necessária em virtude da magia que lhe é inerente”. 

Para Araújo Filho (2003), a imensa variedade de técnicas e recursos artísticos só fez ampliar as possibilidades de utilização da arte dentro de um contexto terapêutico. Na Grécia antiga há referências ao poder apaziguador da música, exemplificado pelo mito de Orfeu. 

Outro bom exemplo é o teatro que se desenvolve no mesmo período assumindo muitas características pelas quais o reconhecemos hoje, entre elas, a possibilidade da catarse, ou purificação através do efeito provocado junto ao publico pela representação de tragédias.

O teatro ou outras formas menos articuladas de dramatização, merecem ainda hoje um lugar de destaque na forma de trabalho de algumas correntes de psicoterapia, notadamente no Psicodrama de Moreno. 

Para Maia et al (2005), a natureza multi-sensorial do cinema o torna uma experiência rica e envolvente. Nenhuma outra forma de arte parece permitir uma ligação tão eficaz e poderosa sobre aquele que a contempla. O cinema funde o mecânico e o elétrico de forma que uma sucessão de tomadas estáticas ganha vida e movimento diante dos olhos. 

É fundamental lembrar nesse sentido que “o inconsciente se manifesta por meio de imagens, sendo uma comunicação simbólica com função catártica. E também que essas imagens escapam da censura da mente com maior facilidade que as palavras, podendo transmitir mais diretamente seus significados” (CARVALHO e ANDRADE, 1995:28). 

Além disso, é possível constatar que a capacidade que as imagens ou as representações visuais, tem para escapar com maior facilidade dos agentes repressores do aparelho psíquico, torna-as elementos especialmente atraentes como alvo de investigações do estado emocional dos pacientes. 

Marcusso (2006) aponta que vários aspectos de um filme podem ser analisados, como: a psicologia dos personagens, os temas abordados, a dinâmica do roteiro e até mesmo os sentidos ocultos em cada enquadramento ou o tipo da emoção provocada no espectador por uma seqüência de imagens. 

É importante que se alerte contra uma certa tendência atual de análise e interpretação de filmes a partir apenas de sua história. Certamente que o cinema conta várias histórias, entretanto ele não se resume a isso. Cinema não é literatura, mas um jogo de luz e sombras, um dispositivo óptico de ilusão, um sistema de ritmos e pulsações, uma caixa hipnótica, uma máquina do tempo, além de ser uma maravilhosa fusão de tecnologia e arte (MARCUSSO, 2006). 

A utilização do cinema como estratégia terapêutica em enfermarias de oncohematologia ganha importância dentro dessa visão como forma de permitir ao individuo reorganizar-se internamente e de perceber e desenvolver potencialidades 
que desconhece.  

O trabalho terapêutico com a utilização do cinema expõe as escolhas feitas pelos pacientes durante a sua elaboração, de uma maneira concreta, estimulando-os a refletir acerca dos critérios que determinaram aquelas escolhas, em detrimento de outras possibilidades, e levando-os a ampliar dessa forma sua percepção sobre aspectos de sua própria capacidade para o enfrentamento da doença.  

Um crescente número de especialistas acreditam que quando uma pessoa é movida por um filme em particular, existe algo sobre os personagens, setting de filmagem ou do enredo que é auto-revelador. Pensando de uma forma estruturada e com a ajuda de um terapeuta, isto pode ajudar o indivíduo a lidar com uma série de questões. 

Assim, trabalhando com linguagens e códigos menos estruturados, e, portanto de domínio comum, a utilização desses recursos pode representar uma excelente forma de ampliar as possibilidades de acesso a processos terapêuticos, a camadas da população que por suas condições de vida, estariam excluídas de seus benefícios. 

Representa também uma maneira de trabalhar que pode ser usada preventivamente e que atinge a sociedade em suas diferentes faixas etárias com igual efeito. Todas essas características contribuem para que o trabalho que pode, e vem sendo desenvolvido nesse campo, constitua uma ferramenta de enorme potencial num país de marcadas desigualdades sociais e grandes carências na área da saúde, como é o caso do Brasil.

Referências bibliográficas 
1. ARAÚJO FILHO, O.S. (2003) Pintando o Setting – Arte e Psicologia no contexto hospitalar. Trabalho de 
Conclusão de Curso de Especialização em Psicologia Hospitalar, Nêmeton – Centro de Estudos e Pesquisas em 
Psicologia e Saúde, São Paulo. 
2. CARVALHO, M. M. M. J. org. (1995) A arte cura? . Campinas, Editorial Psy II. 
3. FISHER, E. (1977) A necessidade da arte. Rio de Janeiro, Guanabara.  
4. GARCIA, I.(2001) Vulnerabilidade e Resiliência. Adolescência Latinoamericana,2, no. 3, 128-30. 
5. GROTBERG, E. e OJEDA, N. S. (1994) Guia de Promoción de la reesiliencia en los ninnõs para fortalecer el 
espíritu humano. La Haya, Fundación Bernard van Leer. 
6. MAIA, J.M.C. ; CASTILHO, S.M.; MAIA, M.C.; LOTUFO NETO, F. (2005) Psicopatologia no cinema brasileiro: 
um estudo introdutório. Rev. Psiquiatr. Clin. V.32 nº 6, São Paulo: ISSN 0101-6083 
7. MARCUSSO, H. (2006) A Psicologia do Cinema. In: 
http://www.marilia.unesp.br/ensino/bolsas/pets/biblioteconomia/texto20001.htm 
8. OLIVEIRA, M. C. M. V. Câncer de Mama e Resiliência: uma abordagem psicossomática. (2001) Dissertação 
de Mestrado, Pontifìcia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. 
9. RUTTER, M. (1987) Psychosocial Resilience and Protective Mechanisms. American Journal of Ortopsychiatry, 
57, 316-331. 
10. TELES, S. S. (2002) A Resiliência da Criança Leucêmica: Estudo de Caso Clínico. Trabalho de Conclusão de 
Curso de Especialização em Psicologia Hospitalar – Nêmeton, São Paulo.


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