Cientistas pesquisam como fantasmas, premonições, sensação de sair de
corpo e outras experiências estranhas podem acontecer apenas na nossa cabeça.
É provável que, alguma vez na vida,
você tenha sentido que estava sendo observado por um estranho. Talvez no
mercado, enquanto andava na calçada, talvez no ônibus. E quando se virou, lá
estava o suspeito, olhando. O que você teve foi uma experiência anômala.
Quando você está se sentindo desconfortável e se mexe para ver se alguém está olhando na sua direção, por exemplo, esse movimento pode chamar a atenção, o que só confirma suas suspeitas de estar sendo observado.
Outra experiência anômala comum é o déjà vu, relatado por duas entre cada três pessoas. Pesquisadores sugerem que ele representa uma sensação de familiaridade sem uma lembrança específica de por que algo é familiar. Outros acreditam que seja um problema de sincronia no cérebro: os mesmos pensamentos se manifestam duas vezes devido a um pequeno atraso dos neurônios, dando à segunda ocorrência uma sensação de repetição. Algumas pessoas, no entanto, acham que estão vendo uma vida passada.
As experiências anômalas podem estar associadas com estresse, patologias ou
déficits cognitivos, mas não são sempre negativas. Elas são apenas tentativas
de interpretar uma situação esquisita; afinal de contas, nossas mentes adoram
uma boa história. Veja a seguir como a ciência explica alguns dos tipos mais
recorrentes de experiências anômalas.
É provável que, alguma vez na vida,
você tenha sentido que estava sendo observado por um estranho. Talvez no
mercado, enquanto andava na calçada, talvez no ônibus. E quando se virou, lá
estava o suspeito, olhando. O que você teve foi uma experiência anômala.
Todos formamos uma história a partir de todas as nossas sensações e reflexões. Vivemos a vida não apenas como uma série de ideias e eventos desconexos, mas criamos uma narrativa coerente sobre ela. Quando temos experiências que não se encaixam na narrativa, nossa consciência pode encontrar explicação para esses fenômenos estranhos em forças ou entidades questionáveis. E assim começamos a acreditar no paranormal. As experiências anômalas vão desde notar um clima estranho na sala até a sensação de estar fora do próprio corpo. E lá vamos nós recorrer a espíritos, sorte, bruxaria, mediunidade, energia vital ou então entidades extraterrestres.
Explicações assim costumam ser mais atraentes e intuitivas do que culpar um
truque da própria mente. Quando você está se sentindo desconfortável e se mexe
para ver se alguém está olhando na sua direção, por exemplo, esse movimento
pode chamar a atenção, o que só confirma suas suspeitas de estar sendo
observado.
Outros acreditam que seja um problema de sincronia no cérebro: os mesmos pensamentos se manifestam duas vezes devido a um pequeno atraso dos neurônios, dando à segunda ocorrência uma sensação de repetição. Algumas pessoas, no entanto, acham que estão vendo uma vida passada.
Espíritos
Em março de 1994, Stephen Young foi a julgamento na Inglaterra pelo assassinato
de Harry e Nicola Fuller. O júri chegou ao veredito de culpado no segundo dia
de julgamento, mas não antes de consultar o espírito de Harry. Na noite do
primeiro dia, quatro juradas improvisaram um tabuleiro Ouija (uma variante do
jogo do copo) no quarto de hotel. Fuller — o morto — logo se juntou ao grupo. O
espírito contou às quatro que fora assassinado por Stephen Young e que eles
deveriam votar culpado.
“Comecei a chorar e as outras senhoras também ficaram abaladas”, uma jurada revelaria mais tarde. Elas informaram seus achados ao resto do júri na manhã seguinte. Quando o juiz descobriu sobre a sessão espírita, ordenou um novo julgamento. Young foi condenado de novo, mas dessa vez apenas com evidências de testemunhas vivas.
De acordo com o instituto de pesquisa Gallup, 32% da população dos Estados Unidos diz que os espíritos dos mortos podem voltar e 37% acredita em casas mal-assombradas. A maioria desses relatos de encontros paranormais não produz histórias tão emocionantes.
Em geral, consistem em enxergar um vulto com o canto do olho ou escutar sons estranhos de madrugada, percepções que normalmente podem ser atribuídas a frestas nas paredes, truques de luz ou animais de estimação. Além do mais, quando você acredita que pode ver ou ouvir alguma coisa, seu cérebro fica mais disposto a atender às expectativas e apresentar uma alucinação, especialmente quando está cansado ou assustado.
O explorador irlandês Sir Ernest Shackleton escreveu que,
durante uma marcha de 36 horas na Antártida, “muitas vezes me parecia que
éramos quatro, não três”, e que seus colegas tinham a mesma “sensação curiosa”.
Pesquisas indicam que o medo e a solidão também ampliam essa sensação, nos
deixando alertas para intrusos ou companheiros ao redor.
Em casos problemáticos, ocorre uma sensação de proximidade extrema: na década de 1970, a psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross fundou um retiro espiritual em San Diego, na Califórnia. Durante as sessões espíritas, o autoproclamado médium Jay Barham desligava as luzes e fingia ser diversos espíritos para que pudesse fazer sexo com as viúvas. Como uma das vítimas afirmou posteriormente, “eu precisava acreditar”.
Alguns pesquisadores já conseguiram induzir essa mesma sensação de
presença ao posicionar ímãs sobre os lobos temporais de indivíduos, levando
cientistas a propor que os campos magnéticos da Terra podem ser suficientes
para certos lugares darem a sensação de assombrados. O fato da sensação de
presença ser mais comum entre quem está de luto sugere que o contato com
espíritos pode ser até mesmo uma forma saudável de enfrentar o problema.
Sair do corpo
Em fevereiro de 2000, Pam Barrett, líder do Novo Partido Democrático, no
Canadá, foi ao dentista. Queria fazer uma restauração, mas sofreu uma reação
alérgica grave à anestesia. Sua garganta fechou e não conseguia respirar. Ela
teve uma experiência de quase-morte (EQM) durante a qual sentiu que abandonava
o corpo e olhava para ele de cima. Quando, já na emergência de um hospital,
“voltou”, sentiu Deus dando um soco no seu peito e ordenando que seguisse outro
caminho. No dia seguinte, convocou uma coletiva de imprensa e se aposentou da
política.
Visões do tipo são descritas há milhares de anos e algumas cenas são comuns em todas as culturas. Em geral, a pessoa escuta um zumbido ou sino enquanto anda por um túnel escuro. Ela vê o próprio corpo, encontra espíritos de entes queridos, tem flashbacks e se sente feliz, mas acaba se afastando da luz e voltando para a Terra.
A sensação de prazer ocorre devido à liberação de endorfina. Após serem ressuscitados, alguns dizem que observaram os eventos ao seu redor enquanto estavam clinicamente mortos, mas os relatos podem ser resultado de conjecturas posteriores ou até de falsas memórias.
Alex e Donna Voutsinas folheavam um álbum de família antes de se casarem, em
2002, quando uma foto chamou a atenção. No primeiro plano estava Donna, aos
cinco anos, fazendo pose com um dos Sete Anões na Disney.
Atrás dela, por incrível que pareça, estava o pai de Alex, empurrando um carrinho com — adivinhe — Alex dentro. A família do menino morava no Canadá e visitava os EUA na época, mas os dois só se conheceriam 15 anos depois. Alex ficou assustado quando viu a foto. “Foi mais do que coincidência. Foi destino.”
A identificação de padrões permite que interpretemos informações dos sentidos e façamos previsões sobre regularidades (maçãs caem, não flutuam; elas costumam ser saborosas; atirá-las nos outros é irritante).
Quando isso acontece, exigimos inconscientemente uma explicação. Só que nosso tipo favorito de explicação envolve agentes, ou seja, seres capazes de ações intencionais — seja uma pessoa, um deus ou um robô. Só que nossa percepção é tendenciosa. Tendemos a sempre culpar um agente por qualquer coisa que não conhecemos, afinal é melhor confundir um galho com uma cobra do que achar que uma cobra é um galho.
A maneira repentina como essa percepção se manifesta em nossa consciência pode dar a impressão de que o instinto é clarividência. Ser paranoico (ter propensão a delírios sistematizados) também favorece o reconhecimento desses padrões inexistentes e a crença em teoria da conspiração. O paranoico sempre busca agentes (incluindo agentes secretos) trabalhando contra ele.
Em 1966, ocorreu um desastre na pequena cidade de Aberfan, no País de Gales.
Depois de chuvas pesadas, uma avalanche arrasou a cidade, destruindo uma escola
e diversas residências. Vinte e oito adultos e 116 crianças morreram. Um
psiquiatra chamado J.C. Barker publicou um anúncio em busca de pessoas que
haviam tido premonições sobre o evento e recebeu dezenas de cartas relatando
sonhos com avalanches, crianças e o nome Aberfan. Os pais de uma das meninas
mortas no acidente disseram que ela informou um sonho um dia antes de morrer:
“Sonhei que ia à escola e ela não estava mais lá”, a menina dissera. “Uma coisa
preta tinha caído por cima dela!”
Outro problema é que temos memória imperfeita. O simples fato de imaginar uma experiência passada pode criar a falsa impressão de que ela ocorreu de verdade. O nosso cérebro consegue criar memórias falsas, mesmo depois dos eventos. Assim, lembranças de sonhos “premonitórios” podem ser distorcidas para se adaptar aos eventos que aconteceram.
Os universitários acreditavam ter causado a dor de cabeça de um colega ao espetarem agulhas em um boneco vodu e que haviam influenciado o resultado do Super Bowl (final do campeonato de futebol americano) ao assistirem à partida pela televisão e se concentrarem nas jogadas.
Elas tendem a enxergar mais palavras em séries de letras piscantes e rostos em imagens embaralhadas e também são mais rápidas para encontrar uma palavra que forme uma ponte conceitual entre outras duas. A experiência de PES exige que o indivíduo antes enxergue uma conexão entre um pensamento e um evento.
Dentro da cabeça de quem acredita crer em paranormalidade não tem relação com ser menos inteligente. mas quem passa por traumas de infância, depressão e é mais impulsivo tem mais chances de acreditar.
Os psicólogos Jennifer
Whitson e Adam Galinsky também demonstraram que quando indivíduos saudáveis
sentem-se com falta de controle, aumenta a probabilidade de enxergarem imagens
em meio ao chuvisco de uma tela, confiarem em rituais supersticiosos e
oferecerem explicações conspiratórias para coincidências.
Alguns acham que isso significa que quem acredita em PES ou fantasmas só pode ser louco, mas French diz que isso é simplista demais. “Em certas situações, possuir essas crenças pode ser psicologicamente vantajoso”, explica. Elas podem, por exemplo, representar uma forma de enfrentar problemas.
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