quarta-feira, 1 de agosto de 2012

PSICOLOGIA, PSICOPATOLOGIA E RELAÇÕES HUMANAS


        Desde séculos antes de Cristo a psicologia já fazia sua aparição, seja como especulações sobre o comportamento humano, seja na forma de indagações sobre processos mentais, tais como a memória, motivação, percepção. Mas, foi só a partir de 1979 que a psicologia adquiriu o status de ciência, com a criação do ‘primeiro laboratório de psicologia do mundo’. A partir daí só podemos presenciar avanços nesta área de estudos, por vezes tão controversa. 

       Este artigo tem como objetivo explorar o assunto psicologia e relações humanas. Para tanto, contextualiza a ciência psicológica desde sua fundação até os dias atuais, abordando o assunto relações humanas e as psicopatologias. Por último, indica formas de tratamento para algumas psicopatologias.

      Foi de Wilhem Wundt (1832-1920) o crédito de fundação do ‘primeiro laboratório de psicologia de mundo’. Desde cedo Wundt desenvolveu gosto pela área da fisiologia, formando-se doutor na Universidade de Heidelberg – Alemanha, no ano de 1955. Com o passar dos anos e a intensificação dos estudos, Wundt se interessou pela psicologia, tendo publicado artigos na área. O trabalho de Wundt constituiu o marco referencial do surgimento da nova área, a psicologia.

      A vertente encabeçada por Wundt denominou-se naturalista, pois se aplicava o método das ciências da natureza (física, química, biologia) na compreensão dos fenômenos mentais. Seguindo este pensamento temos a grande escola norte-americana comportamentalista, com Watson e depois Skinner. E que somada, anos mais tarde, à escola cognitiva, deu origem à terapia cognitivo-comportamental. 


       Por outro lado, instaurava-se no final do século XIX, a vertente humanista, como crítica ao naturalismo. A fenomenologia, a gestalt e a psicanálise são os nomes deste período. Com especial ênfase a psicanálise, pois exerceu e exerce grande influência na psicologia como ciência.
  
A psicologia tem como objeto de estudo o comportamento humano e suas implicações subjetivas. Este comportamento visto como um conglomerado de reações físicas, químicas e de processos mentais complexos. Também, este comportamento visto como de relação, ou seja, que adquire sua unicidade e potencial criativo no contato e no relacionamento com outras pessoas. 

        A cada contato que se estabelece com outra pessoa, novas conexões mentais são ativadas, novas possibilidades são criadas e outras destruídas. Não existe algo tão gratificante e frustrante, ao mesmo tempo, como o relacionamento interpessoal. Podemos estar apaixonados e este fato constituir um dos momentos mais relevantes de nossas vidas. Por outro lado, o desenvolvimento humano num ambiente hostil pode propiciar um desvio de personalidade, como se evidenciam em transtornos como Transtorno de Personalidade Anti-Social e o próprio Transtorno da Conduta
      Diversas são as patologias que apresentam repercussão no relacionamento interpessoal, desde uma Depressão Maior, que o sujeito se isola do mundo perante um sentimento de inutilidade e culpa, até um Transtorno de Personalidade Esquizóide, onde há um padrão global de distanciamento emocional nos relacionamentos.

     Muitos dos transtornos mentais são diagnosticados na tenra infância. Transtornos Globais do Desenvolvimento, tais como o AutismoTranstorno de Rett e Asperger. Outro, mais conhecido ainda como o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) pode proporcionar atraso nas relações pessoais. No caso de Transtornos Globais do Desenvolvimento, tais como Autismo, Rett e Asperger, a criança apresenta um padrão global de comprometimento em várias áreas do desenvolvimento humano, como fala, expressão facial, apresentando estereotipias em seu comportamento, com extrema incapacidade nos relacionamentos interpessoais. 

     Já no TDAH, a criança apresenta um padrão persistente de hiperatividade e desatenção, fazendo com que seu aprendizado escolar seja prejudicado, caso não se faça o diagnóstico e tratamento precisos. Neste último caso, o próprio comportamento agitado e desatento da criança faz com que se diferencie das outras crianças da mesma idade. Este fato, por vezes, faz com que a criança seja motivo de ‘chacotas’ pelos coleguinhas.

       Já adulto, são muitas as psicopalogias possíveis que afetam as relações humanas. Dentre elas, destacamos algumas por serem mais conhecidas, tais como a Esquizofrenia, a Depressão, a Fobia Social e o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). A prevalência de Esquizofrenia no mundo se situa na faixa de 0,5 a 1,5% entre adultos. Seus principais sintomas são a presença de delírios e alucinações e, com isso, a perturbação nos relacionamentos sociais, no trabalho e desempenho acadêmico esperados para determinada faixa etária.   

      Depressão acreditamos já ser de conhecimento da maioria das pessoas, principalmente pela excessiva divulgação em meios de comunicação, tais como jornais, revistas e televisão. Cabe ressaltarmos que o quanto antes um diagnóstico de Depressão for feito e o quanto antes se iniciar um tratamento adequado, maiores são as chances de se ter sucesso neste quadro. A probabilidade de recorrência do transtorno com o aumento do número de episódios depressivos cresce na mesma proporção. Por exemplo, a chance de alguém com apenas um episódio depressivo ter um novo episódio é de 60%, de acordo com o DSM IV. Alguém que tenha dois episódios, o número cresce para 70% de se ter um terceiro episódio e assim sucessivamente. A busca de ajuda especializada (um psicólogo e um psiquiatra) é de suma importância para um bom prognóstico neste caso.


      O termo Fobia caracteriza-se por uma ansiedade na exposição de um determinado objeto ou situação. Por exemplo, fobia de elevador, ou de um gato. No nosso caso, optamos por falar da Fobia Social, que é o temor de situações sociais ou situações em que o desempenho do indivíduo esteja em jogo. O fóbico, desta forma, passa a evitar essas situações, prejudicando, na maioria das vezes seu desempenho acadêmico e no trabalho, sem falar dos relacionamentos interpessoais.

      Também representando um transtorno de domínio público, o TOC, como é mais conhecido oTranstorno Obsessivo-Compulsivo, caracteriza-se por sintomas obsessivos e compulsões que causam ansiedade e desconforto na vida de quem apresenta este transtorno. Pessoas que gastam tempo excessivo com rituais de lavar as mãos, verificar muitas vezes se as portas estão trancadas, dentre outros, são representantes desta patologia. Claro que devemos avaliar o real comprometimento que determinados rituais propiciam ao sujeito que os pratica, sempre avaliando o grau de sofrimento e prejuízo ocupacional ocasionado por tais procedimentos ritualísticos.

      Depois de toda a explanação diagnóstica dos transtornos, citamos alguns métodos de tratamento para alguns deles.

      Quando falamos em ‘métodos’, significa que, no nosso entendimento, há terapias mais adequadas a determinados transtornos do que outras. Por exemplo, é inegável a aplicação clínica da Terapia Cognitivo-Comportamental para fobias ou na dependência de álcool e drogas, ou aTerapia Interpessoal no curso de um quadro depressivo. Por outro lado, é desaconselhável Terapia de Orientação Analítica nas psicoses ou pessoas com algum tipo de retardo mental. Seguindo esta linha, cada ‘escola terapêutica’ será mais adequada a algumas patologias e desaconselhada em outras, como a indicação da Psicanálise a pessoas que busquem o auto-conhecimento ou com problemas situados no passado, e assim por diante.

      A psicologia teve seu avanço ao longo dos anos. Desde o “primeiro laboratório de psicologia do mundo” de Wundt, em 1979, até os dias atuais esta ciência aprofundou conceitos, fundou escolas teóricas, ampliou suas matizes diagnósticas, aprimorou métodos de tratamento. Enfim, aperfeiçoou tudo o que diz respeito ao ser humano, seu comportamento e as implicações mentais. Ser humano visto como um ser de relação, que se constitui nas relações que estabelece com outros. Com isso, a ciência psicológica veio para auxiliar quando as relações demonstrarem-se falhas.

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