Carl Rogers |
Carl Rogers acreditava que todos os seres humanos são motivados fundamentalmente por um processo voltado para o crescimento, que ele denominava tendência para a realização.
A tendência para a realização
Rogers teorizou que todas as motivações estão incluídas num processo fundamental, a tendência para a realização, que consiste na tendência do ser humano expressar toda sua capacidade tanto orgânica ou do eu.
A tendência ampla e geral da natureza para o desenvolvimento é chamada de tendência formativa. O aspecto especificamente humano da tendência formativa é a tendência para a realização.
Não nos comportamos de maneira irracional, como afirmava a psicanálise. “Nosso comportamento é primorosamente racional, avançado com uma complexidade sutil e ordenada rumo aos objetivos que o organismo está empenhado em alcançar” (Rogers, 1983).
O processo organísmico de valoração
A pessoa que se auto-realiza (ou funciona plenamente) está em contato com a experiência interna que é inerentemente produtora de crescimento, o processo organísmico de valoração.
Ele viria a ser um guia subconsciente que avalia e orienta a pessoa para experiência que promova o seu crescimento e afasta daquelas que possa inibi-lo. Porém com o desenvolvimento, as pessoas deixam de se guiar por suas experiências internas e as substituem pelas regras exteriores, que para Rogers isso interfere no desenvolvimento psicológico.
Mas o que acontece com pessoas que são emocionalmente perturbadas e com os criminosos? Rogers acusava que as forças sociais fazem com que as pessoas percam contato com suas experiências internas que a levariam para o crescimento. Isto ocorre devido a uma desconsideração dos sentimentos internos, pois ouvem dizer que esses sentimentos são ruins. É o medo e a atitude defensiva das pessoas, e não forças internas más, que as levam a se tornarem destrutivas.
A pessoa que funciona plenamente
Uma pessoa que presta atenção ao processo organísmico de valoração é auto-realizada, ou funciona plenamente. Esta pessoa não perde o uso de algumas das funções humanas mesmo sendo “corrompida” pela sociedade.
Uma pessoa que funciona plenamente apresenta algumas características. Essas características podem ser interpretadas como sinal de saúde mental:
- Abertura para experiência – a pessoa que funciona plenamente ela é receptiva para os acontecimentos subjetivos e objetivos da vida. Elas também toleram uma ambigüidade na experiência, ou seja, uma situação que se mostra de determinada maneira e um determinado momento pode se mostrar alterada em outro momento.
- Vida existencial – é uma tendência crescente para viver cada momento. A experiência muda, e cada momento permite que o eu se manifeste de forma alterada pela nova experiência.
- Confiança organísmica – a pessoa confia sempre na sua experiência interna para guiar o seu comportamento. Essa experiência é precisa.
- Liberdade de experiência – é a liberdade de escolha. Essa escolha é subjetiva e não nega que haja determinismo no mundo.
- Criatividade – a pessoa encontra novas maneiras de viver cada momento, em vez de estar preso a padrões antigos e rígidos que não são adaptativos.
O Self
Rogers empregou dois termos, o self ideal e o self real, porém esses termos são originários da teoria psicanalítica.
Self ideal seria aquilo que você gostaria de ser, como você se imagina ser, já o self real é quem você realmente é, e é onde contém a tendência para a realização.
Terapia centrada no cliente
Rogers acreditava que a terapia poderia ajudar as pessoas a se unir novamente com o processo organísmico de valoração. Pelo fato de orientar-se pelos insights do cliente e não do terapeuta, essa abordagem foi denominada de terapia centra no cliente. O foco é na experiência do cliente e principalmente nos sentimentos, para que se possa mobilizar a força geradora de crescimento da tendência para a realização.
Rogers desenvolveu sua técnica terapêutica longe da academia. O que o guiou foi, “o que funcionava” e não qualquer consideração teórica.
Ele se convenceu de que os preconceitos teóricos interferiam no progresso terapêutico. Acabou deixando as teorias de lado e começou a ouvir o que os seus clientes diziam e descobriu que as experiências dos clientes forneciam direções muito mais valiosas para o crescimento. Por dar ênfase na experiência e direção do cliente, Rogers chamou esse método de terapia centrada no cliente.
Também foram desenvolvidas seis condições para que haja um progresso terapêutico, mas as principais são três: compreensão empática, congruência e consideração positiva incondicional.
Em linhas gerais, a consideração positiva incondicional (também pode ser chamada de apreço) é você aceitar a pessoa como ela é e demonstrar uma consideração positiva por ela. É aceitá-la sem ser preciso que se faça ou seja algo diferente do que realmente é. Empatia, ou compreensão empática, é se colocar no lugar da outra pessoa, ver o mundo com olhos dela e sentir o que ela sente, ou pelo menos procurar isso.
Congruência, seria a coerência interna do terapeuta, ou seja, ele demonstrar o que ele realmente está sentindo.
Na abordagem rogeriana, para se aplicar o seu método na psicoterapia, não existe uma “técnica”, mas sim o amadurecimento do psicoterapeuta, já que as condições desenhadas por Rogers tem que surgir de forma natural e espontânea. Por exemplo, não se tem como simular a afetividade, ou seja, não se pode ter a consideração positiva incondicional se a mesma não surgir com sinceridade do próprio terapeuta. O mesmo acontece com a empatia e a congruência. Por isso se diz que não existe uma “técnica rogeriana”, mas sim psicólogos cuja conduta pessoal e profissional mais se aproximam da perspectiva de Carl Rogers.
Segundo Rogers, quando se cria um clima terapêutico com as três características acima descritas (consideração positiva incondicional, congruência e compreensão empática), haverá um resultado terapêutico positivo. Nesse caso, o cliente desenvolverá uma quantidade maior das características saudáveis das pessoas auto-realizadas, incluindo abertura para a experiência, auto-aceitação e confiança na experiência organísmica.
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