Do grego
philosophia (philos = amante/amigo, sophia=saber) derivou-se a palavra
filosofia. Mas foi “Aristóteles, o primeiro a pesquisar rigorosamente e
sistematicamente a natureza desta disciplina, diz que a filosofia estuda as
causas ultimas de todas as coisas’. (MONDIN, 1981).
Nada mais
justo deixarmos os pensadores clássicos, modernos e contemporâneos nos auxiliar
nessa questão.
Platão: “É
absolutamente de um filósofo esse espantar-se. A filosofia não tem outra
origem”.
Aristóteles:”É evidente que a sabedoria [sofia]
é uma ciência sobre os princípios e causas.”; “…foi pela admiração que os
homens começaram a filosofar…”
A. Gramsci: “não se pode pensar em nenhum homem
que não seja também filósofo, que não pense precisamente, porque pensar é
próprio do homem com tal.”
K. Popper: Falando sobre a filosofia antiga:
“A única explicação parece ser que o próprio fundador da escola tenha desafiado
os seus discípulos a criticarem sua teoria e que eles tenham transformado esta
nova atitude crítica de seu mestre em uma nova tradição”.
Para Gerd Bornheim, pensador brasileiro a Filosofia
é:“O resultado da atividade da razão humana que se defronta com a totalidade do
real”.
Para Battista Mondin, pensador italiano:“Um conhecimento,
uma forma de saber e como tal, tem sua esfera particular de competência; sobre
esta esfera busca adquirir informações válidas, precisas e ordenadas.”
Marilena Chauí, Pensadora brasileira define os
traços da atividade filosófica como: “Tendência à racionalidade… Recusa das
explicações estabelecida… tendência à argumentação e ao debate para oferecer
respostas conclusivas para questões… Capacidade de generalização.” E destaca
que a filosofia é: “Fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das
práticas.”.
Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria
Helena Pires Martins
(Professoras brasileiras) em Filosofando: Introdução à filosofia afirmam
que:“…A filosofia é sobretudo uma atitude, um pensar permanente. É um
conhecimento instituinte, no sentido de que questiona o saber instituído.” Maria Lúcia de Arruda Arranha e Maria Helena Pires Martins indicam em
Temas de Filosofia que:“ Ela é, antes de mais nada um modo de se colocar diante
da realidade, procurando refletir sobre os acontecimentos a partir de certas
posições teóricas. Essa reflexão permite ir além da pura aparência dos
fenômenos, em busca de suas raízes e de sua contextualização em um horizonte
amplo”. (Temas de Filosofia, Aranha).
Antônio Xavier Teles afirma que:“…A atividade filosófica
mais importante consiste no esforço sincero e na procura inteligente de
soluções para os problemas que afligem a época em que vivemos… O interesse primordial
da filosofia é com os problemas não resolvidos.”.
Arcângelo R. Buzzi indica que (Pensador
brasileiro):“Subjetivamente a filosofia consiste no esforço de avivar a luz
natural permanente ao nosso ser. Recordar a sabedoria da vida não é acumular
informações eruditas nem muito saber. É voltar-se para a luz que já somos. É a
arte de pensar por nós mesmos. É um pensar autocorretivo, que investiga a si
mesmo com o propósito de pensar melhor.”
A filosofia para Agostinho José
Soares (pensador brasileiro):“…na
antiga Grécia. preocupava-se com os princípios primeiros de nossa existência e
da realidade total (In: V.V.A.A, Introdução ao Pensamento Filosófico).…A cada
conclusão no exercício filosófico , corresponde a uma nova dúvida, e a cada dúvida
um problema. Portanto, refletir filosoficamente é refletir extensa e
intensamente”. “…Quando pensamos refletidamente (pensar é agir interiormente,
operacionalizar internamente) estamos fazendo filosofia” .... “Então quando é
que fazemos reflexão filosófica? Será quando nossa reflexão for radical (buscar
a origem do problema), crítica (colocar o objeto do conhecimento em um ponto de
crise) e total (inserir o objeto da nossa reflexão no contexto do qual é
conteúdo)”.
Para Maura Iglésias (pensadora brasileira) na introdução
do texto Curso de Filosofia apresenta breve exposição indicando: “Filosofia é
uma palavra de origem grega (Philos = amigo; Sophia = Sabedoria) e em sentido
estrito designa um tipo de especulação que se originou e atingiu o apogeu entre
os gregos, e que teve continuidade com os povos culturalmente dominados por
eles: Grosso modo, os povos ocidentais” (Rezende). A mesma autora retrata,
destacando o pensamento de Aristóteles, como características do “saber
filosófico: 1- É um saber de ‘todas
as coisas’, um saber universal, num certo sentido nada está fora do campo da
filosofia; 2- É um saber pelo saber,
um saber livre e não um saber que se constitui para resolver uma dificuldade de
ordem prática; 3- É um saber pelas
causas; o que Aristóteles entendo por causa não é o que nós chamamos por esse
nome, de qualquer forma, saber pelas causas envolve o exercício da razão, e
esta envolve a crítica: o saber filosófico é, pois um saber crítico”. (Rezende)
Gianfranco Morra (pensador Italiano) destaca que a
filosofia considera “os objetos da experiência, mas não se limita à experiência
ou a soma das experiências. A filosofia é muito mais um modo diverso e
inconfundível de entrar em contato com a experiência, é uma tentativa de ultrapassar
a experiência imediata para colher algo de maior e mais profundo” (Morra) .Morra
indicando que “a experiência não pode ir além: ela é incapaz de superar o plano
descritivo da imagem. É somente o intelecto – órgão do conhecimento filosófico
– que pode obter, com uma abstração mental o conceito de ‘cera’, que permanece
sempre idêntico apesar das transformações do pedaço de cera”. (Morra) Neste
sentido considera-se que a filosofia é um “saber sintético”. “Por definição a
filosofia é um conhecimento do absoluto, ainda que se tenha consciência de que
o absoluto é inexaurível e todo nosso conhecimento dele, incompleto.” (Morra) Morra
considera ainda que a filosofia é essencialmente um “saber crítico”, que “não
possui um objeto específico”. A filosofia é crítica enquanto refuta a evidência
imediata. É uma mediação crítica. Por isso ainda outro caráter: é um
conhecimento desinteressado do real”.
Para Roberto Rossi: (pensador Italiano)“ …se o mundo
dos outros e o nosso mundo …realidades expostas sem o poder de despertar
surpresas em nós, a filosofia jamais teria nascido, nem o pensar e, consequentemente,
nem a descoberta, a vontade de pesquisar, as tentativas de solução, o próprio
mundo da cultura e da história humana” (Rossi). “Filosofar não é simplesmente
dar uma opinião, mas fundamentar, objetiva e universalmente, as próprias teses,
argumentando a partir delas, para sistematizá-las em coerência com as leis do
pensamento e as averiguações experimentais“…A Filosofia fundamenta tanto o
próprio conhecer como as próprias decisões práticas. Ela, na verdade, expressa
no seu raciocinar, na sua reflexão, as suas argumentações, a peculiaridade da
existência humana, a própria essência do homem, a sua soberania no universo. A
ausência do pensamento filosófico representa a confiança exclusiva na
experiência subjetiva, particular individual, interesse de cada um, na
emotividade, na irracionalidade, no imediatismo. E isso torna difícil também a
comunicação, fechada numa visão tacanha, sem referenciais objetivos,
universais, e por isso mesmo, aptos a revelar significados nos quais todo ser
humano se possa reconhecer como tal”.
Miguel Reale (pensador e jurista brasileiro)
destaca que a filosofia:“…Procura sempre resposta a perguntas sucessivas …numa
busca incessante de totalidade de sentido, na qual se situem o homem e o
cosmos.” (Introdução à Filosofia, Reale).“A filosofia é…um conhecimento que
converte em problema os pressupostos da ciência”. “Eis aí uma noção geral do
que entendemos por filosofia, como estudo das condições últimas, dos primeiros
princípios que governam a realidade natural e o mundo moral, ou compreensão
crítico-sistemática do universo e da vida”.
Gilles Deleuze e Félix Guattari (pensadores franceses) apresentam em
“O que é Filosofia?” uma definição espantosa: “A filosofia, mais rigorosamente,
é a disciplina que consiste em criar conceitos.” (O que é Filosofia, Deleuze).
Não acreditando que a filosofia seja contemplação, reflexão ou comunicação, os
autores destacam que a filosofia seja “conhecimentos por puros conceitos” (DO SITE GEOCITIES)
Para Nietzsche, filósofo contemporâneo, “a
filosofia, como a compreendi e a vivi até agora, é vida voluntária no meio do
gelo e nas altas montanhas – é a busca de tudo o que é estranho e duvidoso na
existência, de tudo o que foi até agora proscrito pela moral”.
Segundo Cícero, Sócrates fez com que a filosofia
descesse do céu à terra e se interessasse pela vida e pelos costumes, pelos
bens e pelos males. Entendia que as perguntas são mais importantes do que as
respostas, entende-se então que filosofia é um constante debate, confronto de
idéias (dialética).
Já Emmanuel Kant (filósofo alemão da época moderna)
não podemos ensinar filosofia, mas a filosofar.
Finalizo com
uma citação do Livro O Mundo de Sofia: “A capacidade de nos surpreendermos é a
única coisa de que precisamos para nos tornarmos bons filósofos (…) E agora
tens que te decidir, Sofia: és uma criança que ainda não se habituou ao mundo?
Ou és uma filósofa que pode jurar que isso nunca lhe acontecerá?… Não quero que
tu pertenças à categoria dos apáticos e dos indiferentes. Quero que vivas a tua
vida de forma consciente.”
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