segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

CURSO DE FORMAÇÃO EM NEUROPSICOPEDAGOGIA DA APRENDIZAGEM



Reservas: para 3ª Turma
Duração: 08 (oito) meses.
Inscrição: R$50,00
Parcelas: 08 (oito) de R$200,00


Objetivos

Promover através de programas específicos, o atendimento a portadores de disfunções neuropsicológicas congênitas e adquiridas.



Subsidiar a investigação diagnóstica nos domínios: Neurológico, Neuropsicológico, Psicopedagógico, Fonoaudiológico e Social.

Promover a implementação de programas de reabilitação neuropsicológica, infanto-juvenil e adulto-idoso.

Implantar o intercâmbio científico através de Cursos e Pesquisas em Neuropsicologia.
                                          Reservas CPHD
                                          FICHA DE IDENTIFICAÇÃO:

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                 FALE CONOSCO: kbranco@cphd.com.br e psicologia@cphd.com.br

CURSO DE ESPECIALIZAÇAO EM NEUROPSICOLOGIA CLÍNICA

Curso de Neuropsicologia Clínica - INAP / CPHD foi recredenciado pela terceira vez pelo Conselho Federal de Psicologia.
Seleção da turma 2012: Faça sua reserva abaixo e confirme enviando currículo, carta de intenções, foto ¾, xérox de CRP ou declaração de concluinte pela faculdade, CPF e RG.
Enviar para Sede do CPHD.


(JÁ ESTAMOS FAZENDO SELEÇÃO)

 

Inscrições: ABERTAS
INÍCIO DA 11ª TURMA PARA MARÇO DE 2012
Duração: 1 ano e 6 meses em 15 módulos mensais
Parcelas: 18 (dezoito) de R$ 375,00


FALE CONOSCO: kbranco@cphd.com.br e psicologia@cphd.com.br





        PROGRAMA GERAL
  Autorizado pelo CFP (Conselho Federal de Psicologia)

CARGA HORÁRIA TOTAL:585 (quinhentas e oitenta e cinco) horas.
Duração do Curso: 15 (quinze) meses, com 15 (quinze) módulos.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DOS MÓDULOS:

Módulos Básicos:Módulo 1 - Introdutório; Neuropsicologia; Metodologia Cientifica; Neuroanatomia.
Módulo 2 – Metodologia Cientifica; Neurofisiologia.
Módulo 3 – Atenção e Inteligência; Funções Executivas e Exames Neuropsicológicos.
Módulo 4 – Memória.
Módulo 5 – Habilidades visuo-perceptivas e visuo-construtivas; Linguagem.
Módulo 6 Plasticidade neuronal.

Módulos Clínicos e Técnicos:

Módulo 7– Neuropediatria.
Módulo 8 – Continuação de Neuropediatria; Transtornos do aprendizado.
Módulo 9 – Avaliação neuropsicológica com criança.
Módulo 10 – Neurologia adulto – idoso.
Módulo 11 – Continuação neurologia adulto – idoso; Neuropsiquiatria.
Módulo 12 – Avaliação neuropsicológica com adulto.
Módulo 13 – Psicofarmacologia e Neuroimagem
Módulo 14 – Reabilitação neuropsicológica geral.
Módulo 15 – Reabilitação neuropsicológica infantil.

CORPO DOCENTE:

. Ângela Bezerra – Neuropsiquiatra (mestra)                            
. Ângela Vieira – Enfermeira (mestra)
. Dayse Amaral – Neuropsicologa (mestra)
. Jacqueline Abrisqueta – Neuropsicóloga (doutora)
. Lara Sá Leitão – Neuropsicóloga (Especialista)
. Maria Eunice Coelho – Neuropediatra (especialista)
. Maria Goretti Estima – Psicopedagoga / Neuropsicóloga (especialista)                   
. Mauro Muszkat – Neurologista (doutor)
. Mônica Miranda – Neuropsicóloga (doutora)
. Nilce Breyer – Fonoaudióloga/ Neuropsicóloga (especialista)
. Silvia Laurentino – Neurologista (mestra)
Coordenação do Curso – Marisa
. Sá Leitão – Psicóloga (mestra)
Reservas CPHD

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA HOSPITALAR: HOSPITAL GERAL E PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA.


Seleção da turma de março de 2012: Faça sua reserva abaixo e confirme enviando currículo, carta de intenções, foto ¾, xérox de CRP ou declaração de concluinte pela faculdade, CPF e RG, Cópia do Certificado de Psicologia..
Enviar para Sede do CPHD.

                   (JÁ ESTAMOS FAZENDO SELEÇÃO)

 FALE CONOSCO: kbranco@cphd.com.br e psicologia@cphd.com.br



CURSO AUTORIZADO PELO MEC em convênio com a Universidade Católica de PE
Carga horária: 510 horas
Duração: 1 ano e 8 meses em 20 módulos mensais

Inscrição: R$ 100,00
Parcelas: 22 (vinte e duas) de R$ 310,00
Endereço: Rua da Amizade, 54, Graças - Recife/PE
Fones: 81-3231 0945       81-3221 8480

     PROGRAMA   GERAL 

  CARGA HORÁRIA TOTAL:645 horas

DURAÇÃO:
1 ano e 8 meses
MÓDULOS TEÓRICOS:

1° MÊS
Psicologia Institucional e Preventiva

2° MÊS
Tanatologia

3° MÊS
Psicoterapia Breve de Apoio 1

4° MÊS
Psicoterapia Breve de Apoio 2

5° MÊS Metodologia Científica

6° MÊS
Parecer e Evolução Psicológica no Hospital / Psicossomática

7° MÊS
Bases Neurológicas das Funções Psicológicas

8° MÊS
Políticas de Saúde

9° MÊS
Aspectos Evolutivos e Culturais da Família 1

10° MÊS
Aspectos Evolutivos e Culturais da Família 2

11° MÊS
Epidemiologia Básica

12° MÊS
Assistência Domiciliaria – Ética e Bioética

13° MÊS
Psicofarmacologia

14° MÊS
Aspectos Clínicos do Paciente Hospitalizado
Módulos Práticos (maio a outubro de 2010)

15°, 16°, 17°, 18°, 19° e 20° MESES
Supervisão de Atendimentos Hospitalares e Elaboração e Orientação de Monografia.

CORPO DOCENTE:
. Ângela Vieira – Enfermeira (mestre)
. Ângela Bezerra – Neuropsiquiatra (mestre)
. Éster Affini – Psicóloga Hospitalar (doutora)
. Cristina Brito – Psicóloga (doutora)
. Kátia Branco – Psicóloga hospitalar (especialista) / Coord. Acadêmica
. Lara Sá Leitão – Neuropsicologa (especialista)
. Maria Ilk Nunes – Enfermeira (doutoranda)
. Marisa Sá Leitão – Psicóloga Clínica e Hospitalar (mestre) / Coord. Geral
                                              FICHA DE IDENTIFICAÇÃO:

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domingo, 29 de janeiro de 2012

ENVELHECIMENTO E SUBJETIVIDADE, PRINCIPALMENTE EM PERNAMBUCO



                              Apresentação

Este relatório é resultado de uma inspeção conjunta da Ordem
dos Advogados do Brasil – OAB e do Conselho Federal de Psicologia –
CFP, realizada a instituições de longa permanência para idosos. Foram
visitadas 24 instituições em 11 estados da federação e o Distrito Federal
entre setembro e outubro de 2007, com o objetivo de se avaliar, a partir
de uma amostra representativa da realidade nacional, as condições
concretas a que estão submetidos nossos idosos, a efetividade de seus
direitos humanos e a adequação das instituições de longa permanência
às novas exigências do Estatuto do Idoso


A inspeção realizada assinala a continuidade de uma parceria
entre a OAB e o CFP, fundada na compreensão comum às duas
instituições quanto à necessidade urgente e prioritária de avanços na
garantia efetiva dos direitos humanos de toda a população.

Nas últimas décadas, nosso país deu passos muito importantes
na construção de um Estado democrático de direito, processo que foi
consagrando direitos e garantias fundamentais em sua ordem jurídica,
a começar pela Constituição Federal de 1998.

Entretanto, tais conquistas civilizatórias – pelas quais gerações
inteiras entregaram o melhor de suas vidas – ainda não estão
plenamente incorporadas como cultura democrática e republicana.

O próprio Poder Público segue tendo, diante delas, uma postura
ambígua. De um lado, alcançamos uma realidade onde a grande
maioria dos agentes políticos manifesta adesão à “gramática” dos
Direitos Humanos.

Com as exceções conhecidas, quase sempre
isoladas em um discurso proponente do ódio e nitidamente saudoso
do período de arbítrio, os diferentes projetos políticos e administrativos
no Brasil situam-se cada vez mais nitidamente em um campo
de valorização da própria idéia do direito.

Entretanto, ainda nos
ressentimos de uma tradução destes compromissos formais em
políticas públicas realmente inspiradas pelos princípios do humanismo
moderno.

Mais do que isso, percebemos que o Poder Público segue,
muitas vezes, absolutamente insensível diante dos destinos daqueles
que, marginalizados e discriminados, são abandonados a sua própria
sorte.

Este é, como se sabe, destacadamente o caso das populações
institucionalizadas e privadas de sua liberdade, desde os cárceres, até os abrigos de crianças vitimadas, passando pelas Febens e pelos asilos
de idosos, dentre outras “instituições totais”, para usar a expressão
celebrizada por Goffman.

Daí porque iniciamos esta parceria, com uma inspeção nacional
aos hospitais psiquiátricos seguida por visitas de fiscalização a unidades
de privação de liberdade para adolescentes em conflito com a lei
(Febens e congêneres) e, agora, às instituições de longa permanência
para idosos.

Faz-se importante registrar que tivemos, em vários estados,
além da OAB e do CFP, a importante participação de representantes
de outras instituições. Assim, por exemplo, foram nossos aliados nas
visitas, e prestaram inestimável colaboração, membros do Ministério
Público, dos Conselhos Regionais de Serviço Social e dos Conselhos
de Direitos, além de parlamentares e representantes de outras
organizações da sociedade civil.

Nas discussões preparatórias para essa inspeção, algumas
questões nos chamaram muito a atenção: primeiramente, a ausência
de dados oficiais sobre essa parcela da população. Como costuma
ocorrer em muitas outras áreas, o Estado brasileiro não dispõe de
dados básicos sobre quantos são os idosos abrigados ou internados
em instituições de longa permanência, quem são essas pessoas e,
sobretudo, como vivem concretamente. Os dados disponíveis estão
dispersos, boa parte deles desatualizados ou claramente inconfiáveis.

Também, a exemplo de outras instituições marcadas por históricos de
desprezo pelos direitos humanos, as unidades de perfil asilar não são,
como regra, objetos de visitas ou inspeções sistemáticas. O resultado
é que sabemos pouco a seu respeito, o que torna muito difícil a tarefa
de traçar políticas eficazes na área ou de planejar ações de amplo
alcance.

De outro lado, percebemos que o Brasil não possui infra-estrutura
mínima de abrigamento e/ou internação para a sua população idosa.

Esta carência já vem de muitas décadas, mas se tornou muito mais
aguda também pelo aumento da expectativa de vida na população;
processo que tem alterado substancialmente o perfil demográfico e
que deverá colocar o Brasil no grupo de países com maior população
de idosos nas próximas décadas.






Finalmente, ficou clara a fragilidade da intervenção da Psicologia
nesta área, tanto quanto se tornaram evidentes os limites da produção
específica, seja no campo da reflexão teórica sobre a condição
específica da vida nas sociedades contemporâneas após os 60 anos,
seja no campo da construção de projetos de acolhimento e atenção
aos idosos.

Constatamos que o abandono independe de classe social,
assim como o sofrimento e a falta de perspectivas para os idosos.

Mergulhados em um modelo ainda predominantemente asilar, nossos
idosos experimentam condições especiais de uma vida que, em muitos
casos, já não merece este nome. Em muitos momentos, a sensação
que tivemos, ao ver o semblante daqueles homens e mulheres nas
instituições que visitamos, foi a de que uma grande parte deles está ali
tão-somente porque aquele é o lugar onde devem esperar pela morte.

Mas um lugar onde se espera pela morte é, de alguma maneira, um
lugar já mortificado, um espaço onde o tempo não flui, arrasta-se onde
a vida não pulsa, se esvai.

Pelo que se perceberá da leitura deste relatório, a aprovação do
Estatuto do Idoso ainda não produziu os resultados generosos que se
espera. Em grande parte porque, como diria Drummond, “os lírios
não nascem das leis”. Com as leis que introduzem direitos ou que
assinalam mudanças de paradigma, temos instrumentos fundamentais
e imprescindíveis. Mas, para que uma realidade social seja mudada, é
preciso mais do que garantias formais ou boas intenções. É preciso,
sobretudo, seres humanos dispostos a mudar esta realidade. Gente,
por exemplo, que, uma vez conduzida à postos de comando e de
responsabilidade, não se esqueça de que está ali para oferecer
respostas eficazes para uma vida digna.

Nas visitas, testemunhamos também a dedicação de muitas
pessoas que acolhem idosos com respeito e consideração. Pessoas
que transitam por corredores escuros como se portassem luz própria,
gente dedicada e atenciosa que cuida de cada interno como se estivesse
diante de alguém de sua própria família. Tais exemplos de abnegação,
entretanto, parecem situados à margem de uma conjuntura onde
o descaso do Poder Público alimenta a proliferação de instituições
que são pouco mais que depósitos de seres humanos. Diante da
ausência de fiscalização e da própria pressão de familiares interessados
apenas em se “livrar” do idoso, temos uma dinâmica objetiva que vai autorizando a formação de toda a sorte de “negócios” na área.Assim, não surpreende que grande parte das instituições
visitadas funcione com número absolutamente insuficiente de
profissionais e técnicos habilitados para que suas instalações sejam
não apenas inadequadas, mas, freqüentemente, ameaçadoras à saúde
e à vida dos idosos, que existam estágios irregulares, entre muitas
outras situações que transitam perigosamente entre a negligência e as
práticas criminosas.

Este trabalho é, assim, um alerta ao governo e à sociedade.
Atualmente, as pessoas com mais de 60 anos no Brasil são cerca de
10% da população, algo em torno de 17 milhões de brasileiros. Em
2025, teremos 32 milhões de idosos no País. Este processo significa,
claramente, a necessidade de profundas modificações nas políticas
públicas em curso e no perfil dos investimentos sociais. Não apenas
na área da saúde, onde elas são mais evidentes, mas em todas as
demais, que deverão atender a esta população específica e que serão
demandadas por ela.

Talvez não exista lugar mais urgente para se iniciar estas
transformações do que nas instituições de longa permanência de
idosos. Os dados aqui sistematizados e a situação de abandono a
que estão relegados milhares daqueles que poderiam ser nossos avós
parecem amparar esta sugestão.

                                                        Ana Luiza Castro
                                                                                  Coordenadora da CNDH do CFP
                                                                           Percílio de Sousa Lima Neto
                                                                                           Vice-presidente da CNDH da
OAB

Pernambuco – Ociosidade, descaso e vínculos fragilizados
A Inspeção Nacional às Instituições de Longa Permanência para
Idosos, no estado de Pernambuco, foi organizada pela
Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia CRP–02
e contou com a participação da Comissão de Orientação e Fiscalização

– COF do CRP–02, do
Conselho Federal de Psicologia – CFP, da
Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/PE
do Movimento Nacional
de Direitos Humanos – MNDHe ocorreu no dia 19 de setembro de
2007. A equipe de inspeção visitou três instituições, uma delas pública

– Casa de Longa Permanência Ieda Lucena – e duas particulares

– Residencial da Melhor Idade e Pousada Geriátrica João de Deus.


1) Casa de Longa Permanência Ieda Lucena

Trata-se de uma instituição pública municipal localizada na Rua
Áureo Xavier, 95 – Cordeiro – Recife/PE, telefone (81) 3232-7333.
Segundo a gerente Helen Suzy da Silva Ramos, a ILPI trabalha na
perspectiva da inclusão social com foco na família, baseada no Sistema
Único de Assistência Social – SUAS. No dia da nossa visita, havia 44
idosos internados.

A ILPI recebe doações de algumas entidades e da própria
comunidade que interage com o abrigo, principalmente em eventos
culturais e na comemoração dos aniversariantes do mês. Da prefeitura
a instituição recebe, a cada dois meses, o valor de R$ 300,00 para
gastos emergenciais. A administração municipal responsabiliza-se,
também, pela aquisição de remédios e alimentos. Os responsáveis
entrevistados não souberam responder qual o orçamento da instituição,
e os profissionais foram recrutados por concurso público municipal.

A população dessa ILPI é considerada de risco e de alta
vulnerabilidade social. Os internos, em sua maioria, estavam em
situação de rua, onde acumularam um histórico de longos períodos
sem acesso aos serviços de saúde, educação ou assistência social.

Como regra, não possuem vínculos familiares e chegaram à instituição
por encaminhamento do Ministério Público ou pela própria polícia. Esta

circunstância compromete a possibilidade de um estudo psicossocial
pormenorizado, pela falta de informações. Cada abrigado possui uma
pasta arquivada com dados atualizados e muitos dos internos não
possuem aposentadoria ou qualquer outro benefício. Normalmente,
a internação na instituição é um recurso de emergência, até que
se assegure o acolhimento do abrigado em outras instituições
credenciadas.
              Recursos humanos
   
  1. Um(a) enfermeiro(a), com jornada diária integral;
     2. Sete auxiliares de enfermagem, com jornada de 30 horas
        semanais;
     3. Um(a) psicólogo(a), com jornada de 30 horas semanais;
     4. Um assistente social, com jornada de 30 horas semanais;
     5. Quatro auxiliares de limpeza, dois deles com jornada de 30 horas
         semanais e outros dois com plantão 12h x 36h;
     6. Três auxiliares administrativos, com jornada de 30 horas semanais;
     7. Quatro auxiliares de cozinha, dois deles com jornada de 30 horas semanais e
         outros dois com plantão 12h x 36h;
     8. Quatro auxiliares de lavanderia, dois deles com jornada de 30 horas semanais
         e outros dois com plantão 12h x 36h;
     9. Dois terapeutas ocupacionais com jornada de 30 horas semanais;
   10. Dois pedagogos, com jornada de 30 horas semanais;
   11. Dois educadores sociais, com plantão 12h x 36h;
   12. Quatro cuidadores, com plantão 12h x 36h.



Não há voluntários trabalhando na instituição, existindo dois
beneficiários da Vara de Penas Alternativas prestando serviços, com
oito horas semanais cada. Em relação aos recursos humanos, a
equipe foi formada a partir do concurso do Instituto de Assistência
Social e Cidadania – IASC, há cerca de um ano, todavia o número de
profissionais é insuficiente para a demanda e as condições de trabalho
não são boas, o que compromete a qualidade da assistência aos
abrigados.

      Instalações físicas
Na ILPI, há seis quartos para as internas e dois quartos para a
população masculina, contando, cada cômodo, com cinco internos,
em média. Os alojamentos são precários, possuem mau cheiro e não
apresentam boas condições de higiene, não propiciando também a
individualidade para resguardo dos pertences pessoais dos internos.
Há seis banheiros na instituição, sendo que, na maioria deles, há
anteparo de segurança juntos aos chuveiros e no vaso sanitário, além
de piso anti derrapante.
Nas portas dos alojamentos, há chaves e/ou trancas. Em caso de
sinistro, as possibilidades de evacuar o prédio rapidamente são boas,
mas não há extintor de incêndio na unidade. As instalações hidráulicas
e elétricas da instituição são adequadas e pode-se dizer o mesmo das
condições de higiene na cozinha e no refeitório. Há acomodações
exemplares para o recebimento de visitas, que podem ocorrer a qualquer
momento, sendo o mais corriqueiro no período entre 8 e 17 horas


.Dinâmica institucional e atendimento
Os idosos aqui internados apresentam problemas de saúde,
como diabetes, hipertensão, problemas orto-articulares, deficiências
e transtornos psíquicos (cerca de 50% deles possuem problemas de
saúde mental, como esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão).

A esses problemas, somam-se outros decorrentes das condições de
miserabilidade, como, por exemplo, a sarna. Segundo a Técnica de
Enfermagem que trabalha na instituição, a medicação é adequada à
demanda, sendo guardada em armário chaveado ou acondicionada
na geladeira quando necessário. Todavia, o atraso da entrega da
medicação é grande, o que obriga a instituição a adquirir remédios.

As carências financeiras vividas pela unidade, entretanto, nem sempre
possibilitam essas compras.

Os usuários do serviço são atendidos, de acordo com suas
necessidades, nos postos de saúde da rede pública municipal mais
próximos, onde, às quartas-feiras, a médica do posto disponibiliza
horários para atendimentos ao abrigo. Os idosos queixam-se da
falta de atendimento psiquiátrico e odontológico, e a qualidade do
atendimento à saúde oferecido pela instituição é, em geral, precária.


Um dos internos entrevistados parece sintetizar o problema quando,
ao ser perguntado a quem se dirigia quando sentia dor ou mal-estar,
responde à enfermeira, mas ela não resolve nada, dá uma dose de dipirona, e acabou-se.
Os idosos reclamam da alimentação, da falta de higiene, da
carência de profissionais especializados, de mais oportunidades de lazer
e da falta de atividades culturais. Eles passam muito tempo ociosos e
sentem a falta de exercícios físicos. As atividades internas do abrigo têm
a participação da comunidade (festas de aniversários, bingos, eventos
culturais, dentre outras), sendo realizadas atividades externas quando há
condições de locomoção e espaços apropriados. Poucos idosos assistem
à televisão e inexistem projeto educacional e biblioteca no abrigo.

A ILPI não oferece vestuário aos internos, apenas lençol e
toalha, sendo a demanda de roupas suprida, em parte, pelas doações
da comunidade. A qualidade da alimentação servida é questionável,
embora sejam oferecidas seis refeições diárias. Dentre as várias
queixas, recolhemos passagens como a seguinte:
Uma coisa que não gosto é de sopa. Não sai cuscuz com ovo,
mais é papa e sopa. Tem vez que o almoço sai tarde, o de comer
fica boiando de água. A gente sai do de comer e vai direto para o
banheiro. Inclusive uma amiga minha passou mal de fraca: o leite é
mais água do que leite. É chá e leite, e não tem café. É pouco o de
comer. Os pobrezinhos pedem e não podem repetir”.
Os internos que possuem autonomia têm autorização para sair
da instituição e retornar, desde que em horários pré-estabelecidos. Há
liberdade de expressão e opinião, como também de crença e culto religioso.
O acesso aos meios de comunicação é livre, incluindo ligações telefônicas
e correspondência. Entretanto, os idosos não são convidados a participar de eventos
para transmissão de conhecimentos e vivências às demais gerações, no sentido da preservação da memória e da identidade cultural.

Além disso, não existe participação dos abrigados nas comemorações de
caráter cívico ou cultural e as atividades externas são raras.
Quanto à sexualidade, não há orientação adequada. Acontecem
episódios às escondidas, à noite, quando os técnicos não estão por
perto. Constatou-se que a instituição não promove a preservação dos
vínculos familiares dos idosos.
3) Residencial da Melhor Idade

Localizada na Rua Dom José Pereira Alves, bairro Cordeiro, em
Recife, a instituição é dirigida pela enfermeira Luciane Botelho do Monte.

O residencial é exclusivamente privado, sendo que o valor básico pago

pelos idosos (ou por seus familiares) é de R$ 380,00 mensais. Segundo
as informações recebidas, o orçamento da unidade é de R$ 10.740,00
mensais. As pensões ou outros benefícios dos moradores são
administrados pelos próprios familiares, exceção feita a três idosos que
não possuem vínculo familiar. Nesses casos, a instituição administra os
recursos, mediante procuração.

A ILPI não está inscrita no Conselho Municipal do Idoso, o qual a diretora desconhece.
A instituição abriga homens e mulheres, e, no dia da visita, havia 36 internos, sendo
seis deles “diaristas” (idosos que passam o dia na unidade, mas que dormem em casa).
                       

        Recursos humanos

Os recursos humanos da instituição são insuficientes, sendo, os
técnicos contratados, apenas uma médica, uma nutricionista e uma
técnica de Enfermagem. A médica e a nutricionista trabalham uma vez
por semana, enquanto a técnica em Enfermagem atua de segunda a
sexta-feira.

         Instalações físicas

A unidade possui oito quartos, quase todos com três camas. Um
deles está em uma pequena área improvisada no terraço, e a iluminação
é insuficiente na maioria dos cômodos. O espaço para banhos é
pequeno e inadequado, não possuindo recursos anti derrapantes.

A ausência de área externa deixa os idosos restritos a um terraço
comum, e, em caso de sinistro, haveria certa dificuldade em evacuar
o prédio com rapidez. A casa possui extintores de incêndio em locais
visíveis, mas fora do prazo de validade. Além disso, os quartos não
possuem campainhas de socorro para emergências.

Quanto à cozinha e ao refeitório, estes são mantidos limpos e em adequada condição de
higiene, estando os alimentos acondicionados corretamente.

As instalações elétricas e hidráulicas da instituição estão em boas
condições, não sendo constatada a existência de acomodações para o
recebimento de visitas na ILPI. 
Dinâmica institucional e atendimento
As visitas podem ocorrer em qualquer horário, sem tempo
limitado de duração, e a instituição promove os vínculos familiares
dos idosos. A estrutura de documentos dos abrigados e o registro dos
procedimentos estão bem organizados, sendo que cada idoso tem sua
pasta com o arquivo dos dados, inclusive o contrato.

Em relação à saúde, os problemas mais comumente
apresentados são hipertensão, diabetes e sarna. Quando necessitam
de atendimento, os abrigados são encaminhados para o posto de
saúde ou para o hospital Getúlio Vargas.

São oferecidas seis refeições diárias na instituição, de qualidade
regular, pelo que se pôde constatar na visita. Dez dos internos recebem
dieta especial.

Os idosos com autonomia podem se deslocar livremente em
visitas a logradouros públicos e a espaços comunitários. Há liberdade
para manifestação de opinião, bem como para cultos religiosos, com
atividades semanais na própria instituição. Os idosos têm acesso aos
meios de comunicação, como correspondência, ligações telefônicas,
televisão e vídeos. Não estão asseguradas aos idosos, entretanto,
as condições elementares de privacidade, o que compromete as
dimensões da afetividade e da sexualidade.

O internos não praticam exercícios físicos, mas a instituição
promove a sua participação em atividades comunitárias, realizando,
esporadicamente, atividades externas, como passeios a granja, dentre
outras. A ILPI não conta com projeto educacional, nem com biblioteca.

A falta de projetos e de técnicos compromete a qualidade do serviço;
ainda assim, não há queixas sistemáticas por parte dos internos.

Uma das idosas que entrevistamos manifestou-se satisfeita com o
atendimento oferecido na instituição:

Aqui o ambiente é muito bom, sou bem tratada, tenho amigos,
tenho médico, alimentação. Tudo é feito, até a roupa é lavada
.


4) Pousada Geriátrica João de Deus 
A instituição é privada e atende a seis homens e a 26 mulheres. O
público da pousada é de idosos com condições financeiras privilegiadas
e com bom nível educacional, sendo os recursos institucionais
provenientes da contribuição dos abrigados e de seus familiares (valores
mensais: R$ 2.800,00 para quarto individual e R$ 1.800,00 para quarto
duplo).

A entrevistada (auxiliar de Enfermagem) não soube informar
o orçamento da instituição e nem tem acesso aos documentos. A
instituição não está cadastrada nos conselhos de controle democrático,
por acreditar que faça parte do campo da hotelaria, e não de ILPI. A
concepção que orienta a instituição é aquela que define a unidade
como “pousada”.
     Instalações físicas

Os dormitórios estão em condições adequadas de aeração,
iluminação, higiene e segurança, e os internos possuem espaço
adequado para seus objetos pessoais. Os banheiros são limpos, estão
em bom estado de conservação e possuem piso anti derrapante, assim
como recursos de anteparo nos chuveiros e vasos sanitários.
Em caso de sinistro, as condições para a evacuação rápida
do prédio são boas. Há extintores de incêndio em locais visíveis, os
quartos contam com campainhas para chamadas de emergência e
as condições de higiene da cozinha e do refeitório são muito boas.
Existe área externa que os idosos podem freqüentar, sendo esse o
espaço adequado para a prática de exercícios físicos, que ocorrem
regularmente.

A instituição oferece excelentes acomodações para o
recebimento de visitas.
Dinâmica institucional e atendimento

As visitas podem ocorrer a qualquer momento, sem restrições,
e as condições de trabalho dos profissionais são adequadas quanto à
estrutura disponível. A alimentação fornecida (seis refeições diárias) é
de muito boa qualidade, sendo que metade dos abrigados recebe dieta
especial.

Quanto à situação da saúde dos idosos, a maioria apresenta
problemas como hipertensão, diabetes, mal de Alzheimer,
esquizofrenia e deficiências variadas.

Uma das idosas, quando da
nossa visita, permanecia amarrada à cadeira. Segundo a instituição,
esse procedimento é adotado no caso de idosos com deficiências
decorrentes de Acidente Vascular Cerebral. A instituição não conta
com assistência específica para os casos de transtornos psíquicos. Nos
últimos seis meses, houve um óbito na instituição.
Os abrigados participam de atividades esportivas, como
hidroginástica e ginástica, duas vezes por semana, além de atividades de
lazer, como trabalhos manuais, freqüência a shows, atividades religiosas
e atividades externas à ILPI.

Os idosos são também convidados a
participar de eventos para a transmissão de conhecimentos e vivências
para as demais gerações, no sentido da preservação da memória e da
identidade cultural. Os que possuem autonomia podem se deslocar
e freqüentar espaços comunitários e logradouros públicos. Não estão
asseguradas as condições para o exercício da sexualidade, exceção
feita quando há o alojamento de um casal (a instituição teve apenas
um caso desse tipo). Os idosos possuem liberdade de expressão e de
culto, tendo livre acesso aos meios de comunicação.
Constatamos uma situação de ociosidade que, muito
possivelmente, corresponda à situação vivida pelos internos a maior
parte do tempo. Em relação à equipe técnica, o número de profissionais
é adequado. No momento da visita, entretanto, apenas a Técnica de
Enfermagem estava presente, e contribuiu com poucas informações.

A instituição não conta com projetos educacional e terapêutico e
também não possui biblioteca.
Como resultado da observação realizada, pode-se dizer que essa
ILPI observa, em grande parte, direitos e as garantias dos internos.
    Conclusão

Nas ILPIs visitadas em Pernambuco, há grande ociosidade
no cotidiano dos internos. Embora os representantes das entidades
repitam que oferecem atividade culturais, esportivas e de lazer, isso
não foi confirmado pelos idosos que pudemos entrevistar, nem pela
observação direta das dinâmicas institucionais quando das visitas
A equipe de inspeção também observou a fragilização dos
vínculos entre os abrigados, entre estes e seus familiares e entre os
idosos e a equipe técnica.
Quanto aos recursos humanos, constatamos que, apesar de as
instituições afirmarem que o quadro de profissionais esteja completo,
não encontramos a maioria dos profissionais no momento da inspeção;
só os técnicos de Enfermagem e ajudantes estavam presentes. Apenas
na instituição pública encontramos um maior número de profissionais,
estando presentes, dentre outros, os responsáveis pela Assistência
Social, Psicologia e Terapia Ocupacional.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

CONCURSO SECRETARIA DE SAÚDE RECIFE 2012

                         Edital da Prefeitura / Sáude 2012 

Está previsto para 30 / 1 e relização da prova em março.

PREPARATÓRIO PREFEITURA RECIFE - 432 VAGAS
POLÍTICAS DE SAÚDE - Inscrição: 24 a 31 de janeiro /12
Cronograma: 2 / 3 / 4 / 9 / 10 / 11 de fevereiro 2012

Profª Rebeca Vidal
Inscrição: R$50,00
Valor R$ 210,00

Informações: kbranco@cphd.com.br / psicologia@cphd.com.br / http://www.cphd.com.br/
81- 3231 0945 / 3221 8480 / 9435 7365

Rua da Amizade, 54, Graças - Recife-PE

CONCURSO MINISTÉRIO PÚBLICO PE

INÍCIO DO PREPARATÓRIO - MARÇO 2012

AGUARDEM PROGRAMA / CRONOGRAMA!   

domingo, 22 de janeiro de 2012

INFLUÊNCIAS DO SABER FILOSÓFICO SOBRE O SABER PSICOLÓGICO

Resumo
A ciência da Psicologia nasce em meados do século XIX tendo na figura de Wundt o seu fundador.Este médico alemão possuía grande interesse pelos fenômenos mentais, o que deu à Psicologia desde oseu principio uma tradição subjetivista. Este subjetivismo é uma tradição clara, uma influência fortíssimado conhecimento filosófico. Esta tradição começa quando a Filosofia começa a trabalhar com as questõesdo conhecimento, ou seja, como conhecemos o real? Assim, nasce toda uma concepção do sujeito queditaria como o ser humano é um sujeito e por isso ele apreende a realidade. Esta concepção permanece atéas críticas de Nietzsche sobre o sujeito e a subjetividade, quem irá derrubar o edifício do sujeitoconstruído pela Filosofia Moderna. Todo este movimento foi acompanhado pela Psicologia enquantodisciplina da Filosofia e posteriormente como ciência propriamente dita, foram movimentos queinfluenciaram profundamente o modo pelo qual as principais Escolas Psicológicas pensam, desde as queapóiam uma noção subjetivista como a Psicanálise, a Psicologia Corporal e a Analítica até as que secontrapõem como o Behaviorismo e o Behaviorismo Radical.

1. O nascimento da psicologia
A época é 1830, o século XIX começava a chegar em sua meia-idade, a Revolução Industrial conheciaagora o navio e a locomotiva a vapor criado respectivamente em 1807 e 1814. O mundo do trabalhoconhecia a fábrica e a divisão do trabalho. A burguesia começava a assumir o poder financeiro e com istoinfluir na vida sócio política das nações modernas.Surgem várias correntes de pensamento político como o socialismo utópico defendendo umasociedade igualitária através de reformas pacíficas na área agrária, o socialismo científico criado por Marx e Engels que concebia a história como o resultado de um processo de lutas de classes o sindicalismoque abarcava o controle dos modos de produção pelos trabalhadores o anarquismo que defendia aabolição de qualquer forma de governo e a substituição disto por uma rede de homens livres.
No Brasil, ocorriam múltiplos eventos importantes, a Insurreição de 1824, a Constituição Imperial de1824, A sucessão do trono português de 1828 e em 1831, a abdicação do Imperador Dom Pedro Iniciando no Brasil o início do período regencial que duraria 10 anos.Ocorria na França uma revolução que deporia o rei Carlos X e colocaria no trono Luis Felipe, o “rei- burgês”, esta revolução mobilizou outras revoluções ao redor do globo.
 Nesta época, “a Europa já diferia fundamentalmente de todo o resto do mundo porque muito mais alimento por habitante era produzido alido que trezentos anos antes” (ROBERTS, 2001). Em meio a isto, nasce Wilhelm Wundt, um alemão quetornar-se-ia médico e um estudante afoito de fisiologia. “Nessa época, o campo da Psicologia não tinha domínio próprio; seu objeto de estudo pertencia à Filosofia” (DAVIDOFF, 1983).Este médico fisiologista possuía um certo interesse pelos processos mentais e tomou para si a“ambição de (...) estabelecer uma identidade própria para a Psicologia” (DAVIDOFF, 1983). Isto fez com que Wundt na data de 1879, na cidade de Leipzing na Alemanha, criasse para os olhos do mundo o primeiro laboratório de psicologia experimental, “conferindo assim à psicologia o estatuto de ciência plena” (DAVIDOFF, 1983).
A criação do Laboratório de Psicologia Experimental de Wundt deu a Psicologia o estatuto de ciência,antes disso, a Psicologia era um ramo da Filosofia. Enquanto permaneceu dentro da Filosofia, a Psicologia sofreu várias influências do que construía no saber filosófico. Dentre as várias influências que a Psicologia sofreu talvez a mais significativa tenha sido a da subjetividade. Como DAVIDOFF coloca, o“pai” da psicologia, Wundt, demonstrava “intenso interesse pelos processos mentais”. Ou seja, a psicologia já nasce então com a concepção mentalista adquirida de sua mãe a Filosofia, desde seu primórdio enquanto ciência, ela procurou trabalhar com conceitos subjetivos como self, mente e eu.
Esta questão possui raízes profundas no pensamento ocidental. O presente artigo vem com o intuito de discutir as idéias filosóficas referentes à esta questão. Para tanto faz-se necessário compreender de onde nasce toda esta tradição subjetivista (herdada pela Psicologia) e como ela se desenvolveu. E, para isto,necessitamos voltar à Filosofia que é quem fornecerá a base para compreendermos um pouco mais desta tradição assim como as inúmeras influências que elas possuem no nosso campo de conhecimento.
2. A construção do sujeito
“A partir das críticas de Nicolau de Cusa, Giordano Bruno e Galileu Galilei, o século XVII presenciou o declínio do modo de pensar aristotélico (...) emergiu a figura complexa de René Descartes, ao mesmo tempo revolucionário e herdeiro do pensamento grego e medieval. Enquanto a nova física nos transportava do mundo fechado ao universo infinito, Descartes se propunha a investigar os domínio dasubjetividade” (GARCIA-ROSA, 2001).
 “A subjetividade foi assim constituída e transformada em referencial central e às vezes exclusivo para o conhecimento e a verdade. A verdade habita a consciência:é o que proclamam racionalistas e empiristas”.(GARCIA-ROSA, 2001).
Temos que compreender o caminho que levou os filósofos a tornarem tão importante assim esta questão. Como o próprio nome já diz, trata-se de uma questão, ou melhor, da formulação de uma pergunta, como já diria G. Miller: “em ciência, pelo menos metade da batalha está ganha quando começamos por formular as perguntas corretas”. A filosofia dos antigos, pensadores que viveram nos séculos VII e IV a.C. baseia-se na pergunta central: o que é o real? Esta pergunta gerou duas correntes básicas de pensadores, os que entendiam a realidade enquanto a phýsis, ou seja, o mundo e os que pensam a realidade como “ o real é oser”, encaminhando assim a filosofia para a metafísica e ontologia.A filosofia moderna produz uma nova questão, eles perguntam-se sobre como é possível o conhecimento do real?
Esta pergunta anuncia o inicio da filosofia moderna, com ela começam a surgir às bases de toda uma tradição subjetivista que alcança hoje aproximadamente 400 anos. O que esta pergunta tem de tão importante? Esta distinção entre as perguntas precisa ser clarificada, pois os modernos postulam uma pergunta baseada no conhecimento , e a partir disto inicía-se um processo de subjetivação do mundo, calcada no conceito de sujeito.
Os antigos perguntam sobre o que é a realidade, e não sobre o como ela chega até nós, que é por se assim dizer a questão moderna. A filosofia antiga considera “o que é e se mostra por si mesmo (GHIRALDELLI, 2003) e a moderna” o que é posto por outro“(GHIRALDELLI, 2003). Os antigos querem desvendar a verdade, os modernos procuram ter certeza da verdade, pois para os modernos, o que importa é este sentimento subjetivo de certeza”.A Antigüidade se diferencia da modernidade no momento em que o foco da discussão muda do real, ou do mundo, para o como conhecemos este mundo.
O que os modernos colocam em pauta é que seja o mundo o que ele for, existe um sujeito quem irá percebê-lo, assim não se pode simplesmente dizer o que é o real sem que esta resposta passe por um sujeito antes, e se é assim, precisamos saber como este conhecimento do real chega até este sujeito, ou seja, como poderemos conhecer o real. Os pensadores modernos irão compreender o existente como o que é representado, posto por outro. Então se coloca entre o conhecimento e o real uma nova entidade, o sujeito, ou mais precisamente, a subjetividade.
A verdade,eterna pergunta dos filósofos, será apresentada apenas pelo sentimento de evidência, a certeza. Ao obtermos certeza, possuímos verdade, e a certeza por sua vez é um sentimento subjetivo, logo o artista principal dos filósofos modernos passa a ser o sujeito. Torna-se então, o homem, o sujeito, o crivo da realidade, o juiz da verdade. Inicía-se a metafísica da subjetividade , a verdade antes de acontecer deve passar pelo sujeito, pois somente ele possui este sentimento de certeza.
O mundo então acontece diante do sujeito, nele e para ele. Inicía-se então um esforço para criar um modelo de sujeito o qual suportasse a compreensão da realidade, apreensão da realidade e apresentação dela ao mundo, ou melhor, reapresenta-la ao mundo. A filosofia então se engaja neste processo de subjetivação do mundo, através da criação de um sujeito racional qual possui uma concepção do mundo, ela possibilita a este “ser”,apreender, como dito acima e reapresentar o mundo através do seu sentimento de certeza,compreendido então como o método único pelo qual podemos conhecer o real.Descartes (1596 – 1650) é quem dá por se assim dizer, inicio nesta jornada. Ele começará sua busca através de sua desconfiança dos sentidos .
O final do século XVI e o inicio do século XVII marcam grandes transformações na antiga Europa Medieval. A Igreja perde sua exclusividade para os protestantes liderados principalmente por Martinho Lutero (Alemanha), John Wycliff (Inglaterra) e JanHuss (Boêmia) que ousaram desafiar as práticas da Igreja. Os Estados Modernos começam a surgir nesta mesma época e se fixarem enquanto Estados propriamente ditos. A revolução comercial lança os horizontes dos europeus para outros lugares do mundo, aquela economia uma vez fechada e de curto alcance, torna-se muito mais dinâmica e com a necessidade de um alcance global.
A descoberta das Américas modificando o mapa mundi, as colônias, o protecionismo e o intervencionismo estatal surgem como práticas comuns no comércio mostrando que a moeda e os metais agora são importante fonte de renda. Dentro deste cenário, Descartes propõe que possamos criar um modelo totalmente racional, a partir do qual poderíamos conceber as bases sólidas do conhecimento . Ele lança a hipótese do Gênio Maligno, entidade que existiria somente para enganar o ser sobre todas as coisas.
Cabe lembrar que neste momento histórico acontece também o Renascimento, movimento que empreendeu a retomada da cultura clássica e que se caracterizou pela busca da adequação aos novos valores e costumes da burguesia emergente.
O filósofo então mostra que a única certeza que poderia existir então, seria a do pensamento, pois se tal Gênio existisse e permanecesse enganando-o sobre todas as coisas, ele deveria estar pensando sobreestas coisas, logo a única certeza possível seria o pensamento daí o cogito “penso logo existo”. Então, o seria esta essência do cogito , que é sempre real (uma vez que o sujeito para os modernos existe).
Esta é a mensagem de Descartes, o cogito e a certeza que constituem um sujeito epistemológico. Depois de Descartes, entra em cena um outro filósofo que trará para a questão do sujeito, a moralidade: Jean Jacques Rousseau (1712 – 1778). Este autor em sua exploração irá por um caminho diferente do de Descartes, ele irá propor um outro entendimento para a busca da verdade.
Rousseau
Rousseau leva o entendimento do sujeito enquanto uma soma de questões morais, a partir disto ele nos mostra sua concepção da busca do conhecimento. Ele diz que se o sujeito é esta soma moral, então o entendimento da verdade passa pelocoração, ou seja, pela subjetividade intima da pessoa.
O  autor nos conduz então ao campo do mundo interior, da subjetividade. A verdade então,como passa pelo sujeito (que é moral) e este se encontra na intimidade de seu mundo interior, será apenas alcançada por aqueles que sejam bons de coração. Questões então como bondade, pureza e infância (o homem nasce bom, a sociedade o corrompe) entram em cena como o método para verdade, ou talvez até a condição. Após Rousseau, a filosofia da subjetividade encontra uma pedra no seu caminho. Hume(1711 – 1776) vem para brecar o avanço das concepções de sujeito, da metafísica e da própria subjetividade em si.
 O trabalho deste filósofo embora simples, é de uma força imensa e possui desdobramentos muito poderosos. Ele trabalha com a noção (criada por ele) de analítico e sintético. Estas distinções se referem às expressões que são usadas para criar conhecimento, a primeira, se refere a questões que traduzem idéias, a segunda que se traduzem em fatos.
Este trabalho irá demonstrar então que todas as proposições que são estabelecidas ou encontram-se numa categoria ou noutra. Entretanto, o desdobramento disto é que para toda questão proposta existe uma análise do que foi dito para compreender-se o seu valor enquanto conhecimento. Logo, umaquestão analítica por excelência é aquela que é verdadeira a priori , mas que seu conteúdo em si, nadaacaba informando sobre o sujeito sendo assim considerada uma tautologia, ou um non-sense.
As outras questões por sua vez não são necessariamente verdadeiras a priori , mas precisam antes de comprovaçãoempírica. Isto para a metafísica é um ataque quase fulminante, pois o sonho metafísico que é conceber um modelo totalmente racional para descrever o mundo cai por água abaixo quando se entende que as proposições racionais (totalmente racionais) são por si tautologias e nada dizem a respeito de nada e queas únicas questões que podem ser elaboradas são sintéticas as quais precisam de comprovação empírica,no entanto, isto fere a metafísica, pois está situado no plano do sensível, do físico e não da metafísico.
Ele irá ferir a própria noção de “eu”, para ele, “não há nenhuma idéia tal como a de eu”. “O que existe para ele, são as coleções de percepções das mais diferentes ordens, como frio e quente, dor e prazer, escuro e claro, amor e ódio etc. Essas sensações, sentimentos e enfim, experiências ocorrem emum fluxo, não se congelando em nenhum eu” (GHIRALDELLI, 2002).
Com isto, Hume inaugura oconceito de “eu empirista”.Após este ataque maciço ao eu e a metafísica, surge no cenário da filosofia a figura de ImmanuelKant (1724-1804). Este autor é um marco na filosofia e desenvolveu o conceito de sujeito que mais perdurou em termos de tempo na filosofia.
Os mundos de Kant, de Rousseau e Hume são relativamente próximos em termos de datas. Osconflitos nesta época foram muitos e possivelmente influenciaram as idéias destes autores. Nas Américas,o movimento separatista dos EUA toma sua forma enquanto na Europa, a Revolução Francesa começa a“decapitar” o absolutismo da França.
 A fisiocracia e o liberalismo econômico surgem como principaisdoutrinas econômicas na Europa (e assim se alastraram pelo mundo). Na Inglaterra começa a Revolução Industrial que transformou o mundo tanto no seu modo de pensar como no modo pelo qual negociamos ou tratamos o trabalho. As máquinas começam a assumir olugar de humanos no trabalho pela primeira vez, as cidades se inflam com pessoas e os campos seesvaziam.
No Brasil muitas revoluções também assumem espaço para a Independência, a Revolta dosAlfaiates, a Inconfidência Mineira mexem com as bases do Brasil-colônia.Com todas estas transformações ocorrendo no mundo, Kant aparece com uma concepção qual éintrincada e complexa, pois atende a muitas demandas de uma só vez. Ele é preocupado com a moralfrancesa descrita por Rousseau assim como ao pensamento de Descartes e lê também, atentamente, as proposições de Hume. O desejo de Kant é de unir todas as perspectivas, ou seja, atender a todas as suasquestões ao mesmo tempo. Para tanto ele cria uma concepção própria de sujeito. Ele começa seu trabalho discordando da noção de Hume de que todas as questões analíticas são verdadeiras a priori. Ele evoca a possibilidade de questões sintéticas a priori.
Com isto, Kant diz que existem verdadesindependentemente da observação empírica. Kant irá criar para tanto uma maquinaria para explicar osujeito e seu funcionamento. Ele cria as faculdades de sensibilidade, entendimento e razão, posteriormente, ele introduz as noções de número e fenômeno.
Cada uma destas faculdades funciona dentro de um esquema maior e todas elas inter-relacionam-se. Elas estarão unidas pela essência do sujeito Kantiano que ele dá o nome de “ apercepção”, umaespécie de “eu penso contínuo”. A sensibilidade, Kant irá esboçar a seguinte pergunta: como é possível a percepção? Então irá mostrar que existem verdades anteriores à necessidade da percepção ser comprovada pelo empírico. Esta verdade, por exemplo, é a noção de que existem espaço e tempo.
Estes dois elementos existem antes mesmo que nós pensemos se o que estamos querendo perceber está ou nãoestá lá. Kant assim demonstra que existem frases sintéticas a priori e que estas são verdadeiras. E com istoele também mostra que não existe nada fora desta noção de espaço tempo. A percepção é válida.Outra faculdade é a do entendimento. Para ele, o conhecimento é gerado a partir do momento emque os elementos da percepção produzem conceitos especiais, as categorias a partir disto, estas categoriassão submetidos à regras que existem a priori e então gera-se o pensamento que baseia-se nestefuncionamento.
A última faculdade que ele atribui é a razão . Esta produz conceitos puros, sem anecessidade do empírico. Mesmo que para Kant, o conhecimento só exista em termos de verdadeempírica, ele usa a razão para mostrar sua razão de ser dentro de sua maquinaria. Para ele, a função darazão é a de estacar e direcionar o funcionamento do entendimento. São ilusões necessárias comoKant coloca. Estas idéias então auxiliam o sujeito a poder “aplicar” o entendimento.
Elas regulam a aplicação do entendimento sobre as intuições, sobre o que é percebido. Ao final então, Kant propõe anoção de fenômeno o qual é o que é possível de se conhecer; o que vai ser transformado emconhecimento e será mostrado por uma subjetividade novamente ao mundo.O número, outra noção que Kant inaugura é a coisa-em-si, algo que não depende do sujeito, quenão está a sua mercê. É o mundo como um elemento (GHIRALDELLI, 2002).
Para ele esta é a parte positiva do número. A negativa é a parte da razão. Para Kant, a parte da razão significa que oentendimento virou-se somente para a razão e tentará então criar conceito como Deus, Alma e Substância.Quando o entendimento guia-se positivamente com o número ele volta-se para o real, quandonegativamente, volta-se para a criação de conceitos.Entretanto, o trabalho de Kant não para na criação da maquinaria de funcionamento do sujeito.
Ele ainda trabalha com a noção de moral, atendendo às questões dos filósofos franceses. Em linhas breves, para Kant, a moral ocidental, baseia-se na noção cristã de existir um certo, um errado e na questão do ser nascer no errado e ter de trilhar um árduo caminho até o certo guiando-se pelas instituições querepresentam o certo que se deve seguir.O senso de intenção e dever são trabalhados por Kant, mostrando que para nós ocidentais, a moralestá fincada numa questão de obediência, ou como ele coloca, moral da obediência. Entretanto, anoção que Kant procura estabelecer é a noção de uma moral universalizada. Para ele o que torna um atomoral ou não é a lógica que ele implica para a humanidade como um todo.
 Kant propõe o que ele chama de “ pura razão prática”, para Kant a razão propicia princípios que fazem com que o dever e a intençãosejam usados segundo uma outra metodologia que não a cristã. Em Kant, estes conceitos são usados comlivre-arbítrio, sem liberdade não já ato moral em Kant.Então a questão da moral se finda com uma proposta de que os atos morais sejamuniversalizados através de uma lógica, a qual propicia para a humanidade como um todo um método paraagir e sobreviver. Além disto, são princípios que não geram autocontradição sendo assim verdades para ahumanidade.

O trabalho de Kant propõe a lógica finita, humana, limitada pela razão de um lado e pelomundo em si de outro, esta lógica é desafiada por Hegel (1770-1831). Este filósofo irá trabalhar com umconceito diferente do de Kant.

O sujeito moral e epistemológico de Kant não entra nas descrições de Hegel. Ele trabalha com a noção de uma razão infinita, de racionalidade do universo.Hegel comenta que as explicações que a filosofia metafísica se propõe a dar devem ser entendidas sobre a ótica da racionalidade. E o que é isto? Para ele, consiste em estar dando razões e nãocausas como geralmente a filosofia se propunha. Para Hegel, ao nos perguntarmos sobre qual a causa douniverso, procuramos antes uma causa a partir da qual todos os efeitos surgem, ao invés de uma razão pela qual os fenômenos acontecem. Então Hegel conceitua uma racionalidade dialética e conceitua ouniverso como um Grande Pensamento.Para ele então não existe fato que não possa ser conhecido, pois Hegel mostra que como tudoé uma lógica, uma racionalidade, o Saber e o Pensamento não diferem do Ser. Ele coloca que embora o objeto tenha que ser conhecido pelo ser, o próprio objeto é o ser e isto é idêntico ao conhecer, pois ambossão aspectos da mesma realidade.Ele então irá estabelecer uma noção de dialética onde colocará três elementos, a saber: Idéia,Espírito e Natureza . Estes três elementos irão relacionar-se dialeticamente um na continuação do outro sendo que um é a essência do outro e através desta lógica o universo se move para seguir em seu curso.

A partir do momento em que Hegel estabelece esta noção de semelhança entre os conceitos, ele destrói comnoção kantiana do incognoscível mostrando que tudo no universo pode ser conhecido a partir de sualógica de ser.Estes autores todos, Descartes, Rousseau, Hume, Kant e Hegel estabelecem várias concepçõesde sujeito com o intuito de mostrar como o real é conhecido. Eles estabelecem então, em resumo quatrosujeitos: o “eu” de Descartes que é a identidade formada nas vivências psíquicas; a pessoa de Rousseauque é a consciência moral; o cidadão kantiano que é a consciência política e o sujeito epistemológico queé a consciência intelectual.

3. A crítica em relação ao sujeito

Darwin
Após Hegel, as noções de sujeito irão sofrer um forte ataque por parte de muitos pensadores. Estesirão questionar as concepções em das mais variadas formas. Os primeiros a questionarem o sujeito foram Darwin, Marx e Freud. Estes autores trabalharão com conceitos como a consciência, a procedência divinado homem versus o evolucionismo e sobre o controle que o homem possui sobre si.

Darwin (1809 – 1882) através de seus estudos sobre a evolução das espécies, começa a mostrar que o homem, ao contrário do que se pensava não é um ente à parte dos outros animais “sem consciência” massim um elo numa longa cadeia evolucionária.

Depois dele, vem Marx (1818 – 1883) introduzindo oconceito de ideologia mostrando que o tal sujeito autoconsciente e dominador, dentro de uma culturacapitalista é na verdade o objeto da história, sendo o capital o seu sujeito. Então surge Freud (1856 – 1939) mostrando que o homem não se guia livre com sua consciência dominadora e onipotente, mas queele possui mais dois “eus” dentro dele, um infra eu e um super eu.

O homem, entretanto, seria governado por este infra eu o qual não estaria monitorado pela sua vontade.

O golpe final ao subjetivismo e, portanto as concepções do sujeito serão dadas por um filósofo chamado Friedrich Nietzsche (1944 – 1990). Ele irá criticar o sujeito e a metafísica e, junto comWittgenstein, irão destruir com a filosofia moderna e dar os arcabouços para a filosofia contemporânea.É época da Segunda Guerra Mundial, O nazismo havia mostrado sua força ao mundo, os EUA se ergueram fortemente com as conseqüências do pós-guerra.

 A Europa começava sua reestruturação enascia a guerra fria.A Ásia e a África já não mais eram colônias e começavam a traçar seus caminhos independentes. A busca pelo espaço iniciava-se, o poder atômico assolava o mundo numa corrida armamentista e na possibilidade de um fim-do-mundo provocado pelo aperto de um botão.

 A música começava a criar novastendências como o rock and roll, o punk rock e outros como o heavy-metal. A arte pós-moderna traçavalinhas curvas para falar sobre a incerteza do mundo.

Posteriormente nasceria o computador, os sistemas digitais e a televisão que encurtariam as distânciasentre os pontos mais afastados, a revolução sexual dos hippies e a invenção da pílula mostrariam aomundo que os controles antigos não mais serviriam e a AIDS e outras pestes modernas alertaram-nossobre os perigos a enfrentar. A engenharia genética tomou forma e o homem começou a querer brincar de Deus.Com o mundo inundado de tantas inovações, o trabalho de Nietzsche começa com uma simples pergunta: “por que sempre a verdade?” A qual iria derrubar um edifício de quase 400 anos de idadeconstruído sobre a noção de que o que importa à Filosofia é a verdade. Esta pergunta, entretanto nãodeseja referir-se ao o que é verdade, mas sim o porque da busca por ela. Isto é muito importante, pois a partir disto Nietzsche inicia a sua desestruturação da metafísica e do sujeito modernos.

O autor irá questionar os desejos desta busca pela verdade. Mostrando que através da verdade, o homemmoderno vive vivendo da vida , ou seja, o filósofo iria afastar o homem da vida preocupando-se somentecom a verdade. A vida, segundo Nietzsche não é somente o verdadeiro, mas também o falso.

Também diz que não somente o bem existe, mas o mal, assim como o certo e o errado existem ao mesmo tempo.Entretanto, para o autor, a filosofia não aceita tal concepção e procura então fugir da vida tal como ela é,algo menos controlável e previsível que eles pensam.Logo, a filosofia preocupa-se com a verdade por ser esta a propiciadora de um profundo confortometafísico , espiritual, para o sujeito que segundo o Humanismo, existe e é o único que pode realmenteconhecer a verdade.

A pergunta inicial de Nietzsche então é uma crítica a busca da verdade, pois ela seria,somente busca de conforto espiritual.A filosofia garante que a certeza é o aval da verdade, e que esta, é dada pelo sujeito, pelasubjetividade. A proposta de Friedrich Nietzsche é que desconfiemos da subjetividade .

Porque? Pois para o autor, o homem feliz vive a vida e ama vivê-la , ele é capaz de transcender sua condição humana e nãonecessita desta busca desenfreada pelo conforto espiritual.Esta desconfiança da subjetividade inicia-se quando Nietzsche mostra o sujeito como uma ficção. Umaficção gramatical. Ela mostra que o homem na medida em que começa a sair do seu papel guerreiro ecaçador e começa a viver em paz, torna a utilizar-se da linguagem. Na linguagem, existe a partícula do sujeito o qual existe para desempenhar uma ação. Para ele, este sujeito gramatical acaba por ganhar vida,uma ontologização do sujeito gramatical.

A idéia do niilismo, da fuga da vida entra em cena para explicar esta passagem.A idéia é que a ontologização do sujeito torna-se possível a partir do momento em que  se aceita umsujeito livre (conceito de liberdade), autônomo capaz de escolher, optar pelo que deseja ser. Aqui seinsere a questão da moral. Ora Nietzsche propõe a moral dos fortes e dos fracos . Os primeiro seriamaqueles que vivem a vida enquanto os segundos vivem por meio de ardis e engodos, negando a vida.

A partir disto, segundo Nietzsche, os fracos tomam o sujeito gramatical e inserem-no no meio da vida,eles dão vida aquele sujeito. Esta vida é dada a partir do momento no qual o fraco mostra sua moral, baseado no par bom - mau. Para eles, os bons são aqueles que como os fracos, negam a vida e vivem a partir dos conceitos do sujeito, da moralidade plebéia. Os Maus seriam aqueles que vivem a vida e são

cruéis, pois a vivem como ele realmente é, sem partir para a moralidade plebéia. O forte é diferente ele baseia-se no par bom - ruim. Qual a diferença? O par bom - ruim não julga moralmente os atos, ele julgao que acontece em termos de funcional ou não funcional para o ser. Ou seja, algo ruim não é mau, ésimplesmente não funcional.

Nietzsche usa o exemplo dos lobos e das ovelhas para elucidar tal fato. O lobo adora ovelhas, eleadora-as tanto que deseja comê-las. O cinismo nesta fala, entretanto, não existe, pois o lobo utiliza-se degostar da única forma que ele pode de sua forma existencial e natural.As ovelhas, entretanto, dizem “não!” Você é um sujeito e poderia assim como nós optar entre ser bom ou mau, pode se autodeterminar e ser bom e piedoso. O lobo comenta que não compreende num primeiro momento o que as ovelhas querem dizer com ser um sujeito, pois isto não existe para ele.Entretanto, com o passar do tempo ele cai numa armadilha, pois a própria linguagem que ele utiliza-se possui um sujeito o que começa a “pesar” para o lobo e este passa a se sentir culpado.

 Culpado por não ter poupado as ovelhas e tê-las comido, por não ser um sujeito “bom”. Neste momento ele adquire a má consciência sente culpa e favorece o engodo das ovelhas.

Para Nietzsche, neste momento a vida perde e o niilismo avança, e o sujeito fortalece-se. A crítica deFriedrich Nietzsche então mostra através de uma crítica a pergunta da filosofia sobre a verdade, é importante mostrar o que esta pergunta é importante, pois é a partir dela que a noção de sujeito começa anascer. Então uma vez que ele mostra as noções morais e gramaticais que envolvem a questão da verdade,ele engloba como se pode perceber a noção do sujeito.

O que Nietzsche desmonta não é somente a noção de sujeito, mas sim o argumento do sujeito, a lógicadesta entidade. Para ele não existe a necessidade de existir uma entidade chamada “sujeito” para que o ser humano possa conhecer a vida, e não somente a verdade como propõe a filosofia. Para ele a vida é maisimportante do que a verdade, pois ela engloba muito mais fatos do que a verdade.

4. A filosofia na psicologia

Como já dito anteriormente, durante todo o tempo em que Descartes, Hume, Hegel, Kant e muitosoutros autores trabalhavam o conceito de sujeito, a Psicologia não era ainda, uma ciência em separado da Filosofia. Logo, esta assim chamada filosofia da metafísica, influenciou profundamente o modo de pensar da psicologia.

Assim sendo é importante mostrarmos o como estes 400 anos de construção de umanoção de sujeito influenciaram uma ciência que acabava de nascer e começava a engatinhar no cenáriomundial em finais de 1800. Pensa-se então em mostrar o como uma das principais Escolas do pensar psicológico foi influenciada pela tradição do sujeito assim como outras foram influenciadas pelas críticasde Nietzsche.

A Psicanálise de Freud, por exemplo. Esta Escola do Pensar Psicológico possui influências destasnoções. É uma escola que merece um entendimento diferenciado pela concepção de sujeito que apresenta,mas ainda assim é um bom exemplo das tradições do sujeito dentro do campo da Psicologia.

 O ponto fundamental é o inconsciente, o que por definição ataca o sujeito moderno, mas ainda assim não o negaem sua totalidade. Para Descartes, “penso logo existo” na psicanálise, “penso onde não sou, portanto sou onde não me penso”.Isto tudo inverte o foco do sujeito, numa concebido por ser um sujeito consciente de si e potente frente às suas decisões, ou seja que possui controle pleno de si. Noutra, este sujeito vai para oinconsciente, ou seja, ele é no que ele não controla, no que ele não planeja, tal função é atribuída ao inconsciente.

Neste ponto ele distancia-se do sujeito criado pela filosofia moderna, entretanto, o principalda filosofia ainda reside na concepção psicanalítica que é a questão da subjetividade. Se voltarmos naquestão dos modernos, a principal é a subjetividade. E veja que ainda o sujeito em Freud não deixa deexistir, o que ocorre é apenas uma mudança de foco do consciente para o inconsciente, mas o sujeitoainda existe, a subjetividade ainda existe.

Assim, podemos perceber mesmo na psicanálise que é um ataque e uma ferida profunda no pensar ocidental, nas palavras de GARCIA-ROZA “o próprio Freud apontou a psicanálise como a terceiragrande ferida narcísica sofrida pelo saber ocidental ao produzir um descentramento da razão e daconsciência”, mas ainda assim, considerando um sujeito enquanto uma instância que existe, assim como oinconsciente, uma instância como é colocado nesta ciência.

O fato de que o sujeito não existe naconsciência, mas sim no inconsciente, mostra que a psicanálise freudiana, na verdade, aprofunda ametafísica do sujeito e o leva à um outro lugar que não a racionalidade consciente proposta por Descartese os outros modernos, mas sim, para a racionalidade e a lógica do inconsciente.

Por este fato é importantemostrarmos novamente que a psicanálise não é uma escola que adota diretamente os conceitos da filosofiamoderna, mas acredita nos mesmos de uma forma diferente. Assim como a psicanálise, muitas outrasescolas (muitas delas derivantes dos conceitos psicanalíticos) utilizam-se das idéias dos pensadores modernos à respeito do sujeito.Em oposição a esta Escola de pensamento, surge no campo da Psicologia a figura de John Watson(1878 – 1958).

Ele irá lançar a proposta Behaviorista para a Psicologia em 1912. Para ele, “a única contribuição da psicologia introspectiva foi à afirmação de que os estados mentais são constituídos devários milhares de unidades irredutíveis, como o vermelho, o verde, a frescura, o calor e semelhantes (...)Haja dez ou cem mil sensações irredutíveis (mesmo admitindo a sua existência) (...) pouco importa para esse corpo organizado de dados de alcance mundial a que chamamos de ciência” (DAVIDOFF, 1983).

O mundo deste pensador é um mundo envolto por grandes guerras mundiais, profundas reflexões arespeito da natureza do homem (e se esta realmente existe) e de discussões políticas “bem temperadas”.Segue-se o relato da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) ocorrida na Europa e que devastou suaestrutura. Revoluções na Rússia fazendo ruir o Edifício do Czarismo, o mundo observa a ascensão dosEUA, a Rússia assumir os ideais socialistas e na figura de Stalin assumir um governo diferente.

A Crise de 29 acaba com a economia americana e quase leva o país à falência.Os regimes totalitários na Itália coma forte figura de Benito Mussolini e na Alemanha com a liderança de Adolph Hitler mostram ao mundo o prenúncio da Segunda Guerra Mundial.Este discurso Behaviorista irá contra todo o discurso das outras linhas de psicologia. Seguindo asrevoluções que ocorriam no mundo, ele tentará trazer a psicologia para fora da subjetividade (causando uma grande revolução nesta ciência).

Para ele não se podiam realizar testes tendo como base sereshumanos com a metodologia da introspecção, pois os resultados dependeriam das idiossincrasias de cadaum, o que não conferiria à Psicologia um status de ciência.As idéias de Watson foram as bases do Behaviorismo que teve na figura de Skinner, o seu radicalismo.Este autor vai lançar o movimento do Behaviorismo Radical que será abordado neste artigo para mostrar as influências da filosofia crítica de Nietzsche à Psicologia.

Nesta visão, “o homem não é visto comoagente, como ser ativo, capaz de imprimir direção à suas ações, a sua vida. Isto é, que o homem não évisto como sujeito. Ao contrário, seria ele objeto do controle do ambiente, receptáculo de influências, passivo, mero reflexo de determinações externas e alheias a ele” (MICHELETTO, 19XX). Estas idéiascolocadas assim de forma simples e direta mostram já no seu enunciado o grande distanciamento entre asidéias skinnerianas e as freudianas, por exemplo.

O trabalho aqui é focado na crítica que Nietzsche trazquando ele afirma que o sujeito é somente uma ficção.Skinner então toma isto como se o tal sujeito não existisse. Assim, como coloca Baum (19XX), “os behavioristas agridem ao deixar de fora outra força oculta: o poder das pessoas governarem seu própriocomportamento”. Note que a diferença entre a psicanálise e o behaviorismo é que a primeira ainda crênum sujeito que controla a vida, mesmo sendo este inconsciente; a segunda não crê em tal sujeito. É afilosofia de Nietzsche levada para a psicologia.

O ponto fundamental para compreendermos o que torna o behaviorismo tão mais revolucionário é a sua relação com a subjetividade. Já Watson coloca num de seuslivros o problema com a introspecção e com a então subjetividade. Assim, ele coloca o behaviorismonascente num outro patamar que a psicologia como um todo não compreendia, como coloca Baum(19XX) “a idéia do behaviorismo é simples de ser formulada: é possível uma ciência do comportamento”.

Coloca em outro momento também: “guiado pela psicologia objetiva, Watson articuloua crescente insatisfação dos psicólogos com a introspecção e a analogia como métodos”.Estas críticas apontam a característica dos behavioristas, a não aceitação dos conceitos subjetivos,assim um behaviorista não compreende mente, self, eu, como compreendem as outras linhas de pensamento guiadas pela filosofia moderna por mais próximas ou distantes que possam estar.

“O behaviorista radical nega a existência da mente, mas aceita estudar eventos internos”. Esta é a forma queo behaviorismo dá para estudar fenômenos conhecidos como amor, paixão, raiva, medo, percepção dentrooutros, com o prisma de que são comportamentos e não forças internas ou instâncias subjetivas.

Assim pode-se compreender que o behaviorismo compreende o homem como animal e não comosujeito. Esta proposta mostra como está, esta ciência, próxima da filosofia crítica de Nietzsche. E estafilosofia mostra suas marcas no discurso behaviorista nos momentos em que eles negam o subjetivo, nãorecaindo para um objetivismo, mas sim para uma fenomenologia, uma descrição de fatos em contra partida de uma explicação do ser humano por abstrações metafísicas.'' O importante de compreender, oobjetivo deste artigo é mostrar assim, o como as diferenças de concepções filosóficas que cercam osautores de psicologia abrem caminhos tão diferentes para as abordagens de ser humano que elesconstituem.

Trilhar o caminho da filosofia moderna apenas foi uma decisão pela importância enorme queeste conceito possui dentro da psicologia e com ele a subjetividade, poderíamos adentrar dentro da filosofia antiga e tirar muitas outras influências, “a psicanálise não é cartesiana (...) isso não significaafirmar que ela não é platônica” (GARCIA-ROZA, 2001).

5. Conclusão

A Psicologia possui uma longa história até o momento em que se torna uma ciência plena. Este percurso possui várias influências que colaboraram para que este ciência fosse o que é hoje. Tomandoeste ponto de vista não se pode permitir que uma influência tão forte quanto à da Filosofia seja ignoradaou mascarada. Assim sendo é importante pontuar que o subjetivismo e o materialismo são correntes de pensamento que não nasceram da psicologia, mas que foram tomadas por ela para tentar de uma forma oude outra, compreender os processos humanos (sejam eles mentais ou comportamentais). Todas asciências possuem em sua construção uma visão de homem, ou do problema que desejam investigar com aPsicologia não é diferente e, embora tenhamos divergências (internas e externas) com relação a este problema, cabe ao profissional de Psicologia compreender as raízes de seu pensamento para que possaquestionar-se sobre o trabalho que está desenvolvendo.

Em outras palavras, saber das influências que o nosso “pensar psicológico” sofre é saber o porque pensamos da maneira que pensamos, assim sendo podemos ter uma visão mais clara e objetiva do porquetratamos um cliente de uma forma ou de outra, sempre lembrando que não importa a Linha ou EscolaPsicológica que sigamos, ainda assim, tratamos de seres humanos.

Este artigo teve a intenção então de expor da maneira mais clara possível o como as concepções de sujeito se formaram e qual a crítica a elas,no que consiste a idéia do sujeito e no que consiste a crítica formalizada a ela; acreditando que isto propicia ao psicólogo uma visão sobre o que ele protege enquanto sua própria perspectiva de ser humano.