quinta-feira, 30 de agosto de 2012

LEITURA OBRIGATÓRIA PARA OS ALUNOS DO CPHD-CENTRO PISICOLÓGICO, HOSPITALAR E DOMICILIAR






O CPHD sempre em busca de mais informações para voce.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

RPG DESAFIOS: TREINO DE HABILIDADES PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE USO DE DROGAS NA ADOLESCÊNCIA.


Um objeto gráfico múltiplo e interativo: potencial terapêutico e de pesquisa

Há quem diga que a adolescência é um truque da seleção natural para que os indivíduos realmente aptos consigam sobreviver àquele tormento e usufruir da maturidade. Outros, menos afeitos às reflexões, cunham novos termos, como aborrescentes, que mostram tanto o desconforto na relação com esses indivíduos quanto a distância que o falante quer manter em relação a um tempo ou uma parte do que certamente foi sua própria história. 


Renata Araujo encontrou uma forma original de representar a adolescência, respeitando sua complexidade, seus riscos, sua flexibilidade e o enorme potencial desconhecido - positivo e negativo - de cada adolescente, com que terapeutas, professores, pais e amigos muitas vezes não conseguem lidar, seja por desconhecimento, seja por falta de instrumentos objetivos de análise e de ação.

Renata conseguiu conceber e representar, de forma inteligente, realista e ao mesmo tempo carinhosa, essa situação explosiva e dinâmica. E porque conseguiu fazer isso, criou um instrumento de diagnóstico, intervenção e auto-orientação, que, por si, também é inovador e carregado de potencialidades. 

O conjunto representação-instrumento constitui uma espécie de objeto gráfico múltiplo e interativo, que excede o que seria um simples livro tanto quanto excede um simples jogo, caracterizando-se num verdadeiro manual de sobrevivência na vida cotidiana para adolescentes que precisam escolher entre estratégias realistas ou mágicas, avaliando a relação custo-benefício de cada uma delas de forma objetiva, através de uma quantificação de seu impacto sobre áreas de seu próprio perfil, como coragem, charme, força, inteligência, saúde ou simpatia.

Trata-se de uma caixa, contendo um manual de instruções de um jogo do tipo RPG (role playing game, jogo em que os jogadores assumem e interpretam papéis) e vários elementos gráficos - personagens, fichas de desafios, de estratégias, de locais e de anotações - para que os jovens se vejam em primeira pessoa e aos que os cercam, nos cenários que fazem parte de seu cotidiano, e atuem, de forma interativa, em situações familiares, escolares, sociais, etc.

O conjunto chama-se RPG Desafios: treino de habilidades para prevenção e tratamento do uso de drogas na adolescência (editora Vetor, 2009). Mas também aí o jogo excede sua intenção - uso de drogas - e seu manuseio inclui situações que afligem os jovens dessa faixa etária, estejam eles ou não envoltos pela cultura das drogas, sejam elas legais ou ilegais.

Para jogar, os participantes devem escolher entre um conjunto de personagens, da faixa etária entre 14 e 16 anos, cujas fichas descrevem, em deliciosos desenhos acompanhados de pequenos textos coloquiais, gostos, características comportamentais e preferências (um é estudioso, outro odeia roupas da moda, outro é surfista, outra ainda quer ser pesquisadora no futuro, entre outros exemplos). 


Tais descrições, além de cobrir um grande espectro da personalidade das personagens e do seu comportamento social, quantificam as diferenças entre eles, através de notas às já referidas características (nota 8 para coragem, nota 9 para charme, por exemplo, sendo essas notas diferentes para cada um dos personagens). 

Com isso, abre-se a primeira janela para que o jogador olhe por ela e veja a si mesmo e seus amigos, com suas especificidades, seu mix de coisas boas, médias ou ruins, que ganham assim um tamanho e, portanto, um grau de relevância na equação de potencialidades a desenvolver, ou dificuldades a enfrentar (a propósito, a atividade bem poderia ser usada por adultos que ainda desejem ou necessitem reconhecer as múltiplas facetas de sua personalidade e operar sobre comportamentos sociais, afetivos, etc.). 

Na verdade, esse equacionamento de lados de si mesmo e de outros já pode servir, de imediato, como ferramenta de autoconhecimento e de observação dos demais, independentemente de causas, culpas ou condicionantes socioeconômicos, ideológicos ou religiosos.

A dinâmica do jogo consiste em levar os participantes - investidos da persona descrita nas fichas dos personagens e, possivelmente, dos seus próprios sentimentos e comportamentos - a enfrentar desafios cotidianos. Esses desafios, como sabem todos aqueles que de alguma forma elaboraram e conscientizaram as vivências de sua própria adolescência, podem parecer banais, mas mobilizam um arsenal de defesas e ansiedades contra insegurança sobre suas próprias capacidades, medo do desconhecido, autoafirmação, curiosidade sobre a sexualidade, etc., todos eles potenciais gatilhos para soluções mágicas, como as drogas (tratadas no jogo como poções que ligam/desligam, ou que tornam a pessoa charmosa e a vida agradável). 

Por exemplo: para desafios do tipo "estar ameaçado de apanhar de colega", ou "ficar de castigo", "apresentar trabalho de aula para a turma inteira", ou ainda "amigos convidam para faltar à aula", cada personagem deverá avaliar estratégias como: "trocar de amizades", "lembrar que o problema não vai durar para sempre", "tomar Viajolin (poção mágica que faz a pessoa se sentir como se estivesse andando nas nuvens)", ou "dar uma caminhada enquanto pensa no problema". 

E antes que se pense em uma possível simplificação dessa dramática equação existencial adolescente, nos termos de uma programação do tipo se-isso/faça-aquilo, informe-se que: cada desafio - e cada estratégia de solução -propõe uma contabilidade variável para cada uma das características do perfil do personagem (coragem, charme, etc.). Além dessa soma de pontos variáveis para cada lado da personalidade, cada estratégia ainda oferece bônus - positivos ou negativos - que vão dando instrumentos concretos e dinâmicos para uma computação de perdas e ganhos, de cada parte do conjunto dinâmico daquele indivíduo. Para agregar valor a essa computação, os pontos acumulados dão direito a prêmios, da escolha do jogador (viagem, prancha de surf, etc.).

Renata transforma a decisão do adolescente em um sistema razoavelmente complexo, no qual pode identificar variáveis dinâmicas, algumas das quais são do desafio, outras são da estratégia escolhida para enfrentá-lo e outras são do próprio adolescente, às voltas com seus múltiplos e conflitantes lados disputando espaço em uma mente-cérebro ainda pouco experiente para conhecer e lidar com eles. 

Um humanista formado nas principais escolas da psicologia e da psicanálise do século XX se insurge, nesse momento da leitura, e reclama do que seria uma visão computacional do processo de decisão humana, da subjetividade descrita na forma de um enfrentamento de desafios com estratégias calcadas em perdas e ganhos, ou ressente-se de alguma referência a reflexões mais densas sobre o papel ou responsabilidade da educação ou da cultura nas escolhas. 

A esses, para além da psicologia cognitiva, área de referência da autora da obra, sugere-se a descoberta de autores contemporâneos, como o biólogo Richard Dawkins1, o cientista cognitivo Steven Pinker2,3 ou o filósofo Daniel Dennett4, que dimensionam o estudo da mente e do comportamento humanos no escopo da psicologia, da filosofia e da biologia evolucionistas, observando o processamento mental humano na sua forma natural, enquanto espécie, despida de paradigmas culturais. 


Sugere-se, ainda, a heresia de tentar compreender esta natureza humana pelos olhos de um pesquisador da inteligência artificial, como Marvin Minsky2,3,5, que descreve a inteligência e os processos de decisão através da maquinaria necessária para fazê-la funcionar em autômatos ousoftwares (algumas obras dos autores citados e da resenhista, sobre esses autores, estão referenciadas abaixo).

Além do diálogo direto - e, talvez, involuntário - de Renata Araujo com cientistas que ampliaram a dimensão do conhecimento sobre psicologia e cognição, é importante dimensionar o espaço que esse trabalho abre para a ampliação da área da pesquisa cognitiva (e atente-se aí não apenas para a clínica psicológica, mas também para as necessidades educacionais), uma vez que pode render várias abordagens e formas de observação, incluindo dissertações e teses, com diferentes possibilidades de metodologias de pesquisa e tratamento de dados (observação direta, simulações, cortes por gênero ou classe social, entre tantos outros).

Por fim, como uma espécie de cereja do bolo, o trabalho da autora constitui um roteiro praticamente pronto para o desenvolvimento de uma versão virtual do jogo, o qual, em si, pode vir a caracterizar-se como um objeto de pesquisa na área de informática na educação, ou tecnologia educacional aplicada às áreas de saúde (ambas as áreas em fase de estruturação acadêmica, nas principais universidades do Rio Grande do Sul). 

Um dos principais desafios da produção de games virtuais educacionais ou terapêuticos é exatamente a extração do conteúdo dos especialistas e sua adaptação para o cada vez mais promissor universo virtual dos jogos, com seus espaços de interatividade, escolha, gravação de dados, compartilhamento, além de uma prática que começa a ser explorada, sob o nome de realidade aumentada6, que nada mais é do que misturar o jogo virtual (em computadores, palmtops, celulares ou TV interativa) à realidade pessoal do jogador, coisa que o robusto objeto gráfico múltiplo e interativo de Renata e sua equipe tem todas as condições de realizar7.

Referências
1. Dawkins R. Selfish gene. Great Britain: Oxford University. 30th ed. 2006.        
2. Pinker S. Tábula rasa. São Paulo: Companhia das Letras; 2004.        
3. Pinker S. Como a mente funciona. São Paulo: Companhia das Letras; 1998.       
4. Dennett D. A perigosa idéia de Darwin. Rio de Janeiro: Rocco; 1988.        
5. Minsky M. The emotion machine: commonsense thinking, artificial intelligence and the future of human mind. New York: Simon & Schuster. 2006.        
6. Kopfer E. Augmented learning. Research and design of mobile educational games. United Kingdom: MIT; 2008.      
7. Timm MI, Rocha ACB, Schnaid F, Zaro MA, Chiaramonte M. A virada computacional da filosofia e sua influência na pesquisa educacional. Ciências & Cognição (UFRJ). 2007;11:2-20. Disponível em:http://www.cienciasecognicao.org/pdf/v11/m327161.pdf. Acessado mar 2009.

         

sábado, 4 de agosto de 2012

O NEUROCIENTISTA KANNETH KOSIK FALA SOBRE A DROGA QUE PODE SER A PRIMEIRA A PREVENIR ALZHEIMER




Editora Globo

O neurocientista Kenneth Kosik é um dos líderes do tratamento que pode encontrar um remédio efetivo contra o Alzheirmer. O teste de US$ 100 milhões da droga Crenezumab será feito em famílias colombianas com uma raríssima mutação que as leva a ter 100% de chance de desenvolver o mal precocemente, aos 45 anos. Kosik, que pesquisa essas famílias há mais de 20 anos, explica abaixo mais detalhes sobre como serão feitos os testes.

Quando você se envolveu com os pacientes colombianos?
Há mais de 20 anos, no começo da minha carreira. Era professor em Harvard quando um neurocirurgião de Bogotá apareceu em meu laboratório e passamos a desenvolver um projeto conjunto de levar a neurociência na América Latina, com foco na Colômbia. 
Quando fui para lá, dei uma palestra sobre Alzheimer. Francisco Lopera, que eu não conhecia até o momento, participou da palestra e me contou sobre os casos de uma família que tinha todos os sintomas do Alzheimer, mas já aos 45 anos. Eu percebi que o que ele havia me dito era absolutamente extraordinário e fui imediatamente para Medellin. 
Naquele momento, o que ele tinha era basicamente alguns pedaços de papel e anotações à mão, com as indicações da doença num número grande de pessoas. Nós percebemos que era algo hereditário, mas não sabíamos qual seria a mutação genética por trás disso.
Como tiveram certeza que se tratava de Alzheimer?
Passamos a década seguinte traçando as características da doença e publicando pesquisas. Um dos membros dessa família que começamos a acompanhar morreu e fizemos uma autópsia de seu cérebro. E confirmamos que isso era um quadro clássico da doença de Alzheimer. Nós terminamos por encontrar a mutação responsável pelas pessoas dessa família pegarem Alzheimer tão precocemente.
De onde partiu a ideia dessa nova pesquisa de US$ 100 milhões financiada pelos Estados Unidos?
Há mais dois anos nós recebemos uma ligação de uma pessoa do Instituto Banner nos EUA, dizendo que eles queriam fazer um teste clínico, algo que eu e o Dr. Lopera estávamos interessados há muito tempo.
Por que não fizeram os testes antes?
Mesmo depois de batermos em muitas portas de companhias na década de 90, elas diziam “não” argumentando que queriam fabricar remédios para pessoas mais velhas que não têm a mutação e não fazer testes nesse tipo de paciente raro. Além disso, naquela época, as pessoas também não queriam ir para a Colômbia porque havia muita confusão por lá.
Essa confusão tinha a ver com o medo do Cartel de Medellin, que fica na região das famílias? O que mudou desde então?
Sim, teve. Mas não foi só isso. A comunidade científica também não estava preparada para considerar um teste pré-sintomático [o teste financiado pelo governo dos EUA será dar remédios a pessoas que ainda não desenvolveram sintomas para ver se é possível prevenir o mal]. 
O que aconteceu depois foi que a Colômbia se transformou num território mais tranquilo e as pessoas começaram a perceber que se nós pudermos achar a droga que vai tratar ou prevenir o Alzheimer nas pessoas com a mutação, é muito provável que ela também possa funcionar nos grupos com idade mais avançada também.
Como ela poderia funcionar?
Se você trabalha numa farmacêutica nos EUA e quer fazer uma droga para pessoas de idade com Alzheimer, você tem que iniciar o tratamento nos voluntários muito cedo e não dá pra saber depois se aquele grupo de voluntários que você acompanhou durante anos não desenvolveu a doença por conta do remédio testado ou porque não ia ter a enfermidade mesmo. 
Na Colômbia, sabemos exatamente quem vai pegar a doença e também quando eles vão pegar. Se você testa um jovem e ele tem a mutação, é certo que ele vai desenvolver o mal por volta de 45, 50 anos. Nós temos a possibilidade de começar o tratamento antes e com mais eficácia. No mais, as características do Alzheimer nas pessoas com a mutação são muito parecidas com as das pessoas que não têm a mutação.
Como serão os testes?
Após uma seleção de várias drogas para o teste da qual eu participei foi selecionada a droga da Genentech. Tenho de lhe dizer também que, hoje, eu sou um colaborador da empresa, fui contratado para dar consultoria. Naquela época, friso, não tinha nenhum vínculo nem interesse com eles.
Sobre os testes, eles selecionaram uma droga que é um anticorpo direcionado à proteína amilóide [que se acumula no cérebro de pessoas com Alzheimer e é tida como fator responsável pelos sintomas].
O teste foi desenvolvido de forma a termos 3 grupos de 100 pessoas. Um dos grupos será de com a mutação. Como é uma mutação muito forte, esse grupo, inevitavelmente, desenvolveria a doença, não há nada que se possa fazer sobre isso agora. Como essa é uma das poucas esperanças que essas pessoas têm, há muita gente interessada em participar desse tratamento. 
O outro grupo será de 100 pessoas que têm a mutação, mas será um grupo de controle [receberá placebo]. O terceiro grupo não vai ter a mutação e vai receber placebo. A razão para o terceiro grupo é que, até agora, nós não informamos as pessoas testadas se elas têm ou não a mutação. A maior parte das pessoas não quer saber se tem a mutação. Mas, para as poucas que querem saber, no momento, não temos um trabalho extensivo de aconselhamento, o que é muito importante. Especialmente porque a pessoa quando descobre que têm a mutação acaba ficando muito vulnerável e pode desenvolver depressão.

Você chegou a acompanhar o que essa informação pode causar?
Muitos anos atrás, quando descobrimos a mutação pela primeira vez, fui conversar com muitas das pessoas e perguntei a elas se elas queriam saber. Muitos não queriam saber, mas havia um garoto de 24 anos que disse que sim. Perguntei. “Por que você quer saber? Não há nenhum tratamento para isso no momento.” Ele não me disse muita coisa, mas depois disse a uma das enfermeiras que nos ajudava ‘se eu souber que tenho a mutação, eu imediatamente me suicido’.
Ele só tinha 24, estava no meio do caminho, e muito poderia mudar naquele período de tempo. Penso que o risco para saúde mental das pessoas é muito alto neste momento para contarmos. O outro problema é que se você sabe que seu irmão ou irmã tem a mutação, então você tem 50% de chance de desenvolver a doença. Ou seja, mexe também com a cabeça de todos na família.
Há tantas considerações genéticas e éticas que nós decidimos que seria melhor não informar as pessoas sobre a doença e, mantendo um grupo na pesquisa que não tenha a doença, isso faz com que as pessoas não saibam sobre ela. Por isso temos 3 grupos.
Qual a sua expectativa com os testes?
Devemos começar em 2013. Se, por um lado, a esperança é tremenda, nós não temos garantias de que isso vai funcionar. Se não funcionar, tentaremos alguma outra coisa. Estamos muito dedicados a melhorar a vida das pessoas em Antioquia [região da Colômbia onde vivem as famílias], mas precisamos também dosar o entusiasmo que depositamos nisso. 

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O CPHD JÁ ABRIU AS INSCRIÇÕES PARA O CURSO PREPARATÓRIO VISANDO O CONCURSO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE 2012



Abaixo voce tem o programa conforme Edital
                                          MINISTÉRIO DA SAÚDE 2012

13.2.1.1 CONHECIMENTOS BÁSICOS

LÍNGUA PORTUGUESA:
1 Compreensão e interpretação de textos. 2 Tipologia textual. 3 Ortografia oficial. 4 Acentuação gráfica. 5Emprego das classes de palavras. 6 Emprego do sinal indicativo de crase. 7 Sintaxe da oração e do período. 8 Pontuação. 9 Concordância nominal e verbal. 10 Regência nominal e verbal. 11 Significação das palavras.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA: 1 Conceitos e modos de utilização de aplicativos para edição de textos, planilhas e apresentações: ambiente Microsoft Office, BR Office. 2 Sistemas operacionais: Windows e LINUX. 3 Conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados à Internet e intranet. 4 Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas.

LEGISLAÇÃO DO SUS: 1 Lei nº 8.080/90 e Lei nº 8.142/90 (Sistema Único de Saúde). 2 Constituição Brasileira, do art. 196 ao 200. 3 Pactos pela vida, em defesa do SUS e de Gestão.

DIREITO CONSTITUCIONAL: 1 Princípios fundamentais da Constituição Federal. 2 Direitos e garantias fundamentais na Constituição Federal. 3 Organização do Estado. 4 Administração Pública na Constituição de 1988.

DIREITO ADMINISTRATIVO: 1 Lei nº 8.112/90 e alterações. 2 Lei nº 8.666/93 e alterações. 3 Processo Administrativo (Lei nº 9.784/99). 4 Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto nº 1.171/94).

CARGO 15: PSICÓLOGO: 1 Relações humanas. 2 Trabalho em equipe interprofissional: relacionamento e competências. 3 laudos, pareceres e relatórios psicológicos, estudo de caso, informação e avaliação psicológica. 4 Teorias da personalidade. 5 Psicopatologia. 6 Teorias e técnicas psicoterápicas. 7Psicodiagnóstico. 8 Diagnóstico diferencial. 9 Tratamento e prevenção da dependência química. 10Técnicas de entrevista. 11 Psicoterapia de problemas específicos. 12 Psicologia da saúde: fundamentos e prática. 13 Programas em saúde mental: atuação em programas de prevenção e tratamento, intervenção em grupos vivenciais e informativos. 14 Ética profissional.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

PSICOLOGIA DA SAÚDE.


A psicologia da saúde é a aplicação dos conhecimentos e das técnicas psicológicas à saúde,às doenças e aos cuidados de saúde (Marks, Murray,Evans & Willig, 2000; Ogden, 2000). Estuda o papel da psicologia como ciência e como profissão nos domínios da saúde, da doença e da própria prestação dos cuidados de saúde, focalizando nas experiências, comportamentos e interações. 

Envolve a consideração dos contextos sociais e culturais onde a saúde e as doenças ocorrem, uma vez que as significações e os discursos sobre a saúde e as doenças são diferentes consoante o estatuto socio econômico, o género e a diversidade cultural.

A psicologia da saúde, que dá relevância à promoção e manutenção da saúde e à prevençãoda doença, resulta da confluência das contribuições específicas de diversas áreas do conhecimento psicológico (psicologia clínica, psicologia comunitária, psicologia social, psicobiologia) tanto para a promoção e manutenção da saúde como para a prevenção e tratamento das doenças(Simon, 1993). A finalidade principal da psicologia da saúde é compreender como é possível,através de intervenções psicológicas, contribuir para a melhoria do bem-estar dos indivíduos e  das comunidades Os psicólogos que se direcionam para a compreensão da forma como os factores biológicos, comportamentais e sociais influenciam a saúde ea doença são chamados psicólogos da saúde.


Muitos estão centrados na promoção da saúde e prevenção da doença, trabalhando com os fatores psicológicos que fortalecem a saúde e que reduzem o risco de adoecer. Outros disponibilizam serviços clínicos a indivíduos saudáveis ou doentes em diferentes contextos. Outros estão envolvidos no ensino e formação, e na investigação.O corpo teórico da psicologia da saúde com-porta atualmente 2 perspectivas diferentes(Crossley, 2000):-

Perspectiva tradicional

– Modelo biopsicossocial, assente em metodologias quantitativas, investiga os comportamentos saudáveis e os comportamentos de risco, focalizando nos seus determinantes psicológicos e no seu valor preditivo-

Perspectiva crítica

– Modelo fenomenológico-discursivo, assente em metodologias qualitativas de análise do discurso, investiga as significações relacionadas com a saúde e as doenças, focalizando nas experiên-cias de saúde e doença.

A perspectiva crítica surgiu face à tendênciaque a perspectiva tradicional dominante tem para reduzir as questões da saúde e das doenças aproblemas técnicos de manejo e controlo congruentes com o modelo biomédico e reforçando o individualismo. A perspectiva crítica, focalizando nas experiências psicológicas (subjetivas) da saúde e das doenças, procura compreender os seus significados e ligá-los com os contextos sociais e culturais onde ocorrem, contrariando os processos de objectivação e racionalização que caracterizam a perspectiva tradicional. 

Permite a necessária perspectiva ecológica ecomunitária que visa a compreensão dos com-portamentos relacionados com a saúde em função de contextos sociais e culturais (CarvalhoTeixeira, 2000). Não são perspectivas que se excluam mutuamente (Crossley, 2000).

A intervenção de psicólogos na saúde, para além de contribuir para a melhoria do bem-estar psicológico e da qualidade de vida dos utentes dos serviços de saúde, pode também contribuir para a redução de internamentos hospitalares, diminuição da utilização de medicamentos e utilização mais adequada dos serviços e recursos desaúde (APA, 2004a).


Finalmente, é também do âmbito da aplicação da psicologia da saúde a análise e melhoria do sistema de cuidados de saúde, potenciando a atuação dos outros técnicos, contribuindo para a melhoria das relações entre os técnicos e os utentes e para a melhoria das relações interprofissionais e promovendo uma utilização mais adequada dos serviços e recursos de saúde (Godoy, 1999), participando em atividades de humanização dosserviços e melhoria da qualidade dos cuidados.

1. CONTEXTOS LABORAIS

Os psicólogos da saúde podem trabalhar emdiferentes contextos do sistema de saúde, quer ao nível dos serviços públicos (Serviço Nacional de Saúde), quer ao nível de serviços privados (con-sultórios, clínicas, empresas) e do setor social.

Em qualquer caso, trabalham em colaboração com outros técnicos (médicos, enfermeiros, técnicos de serviço social, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, etc.). Podem trabalhar também em universidades, nas áreas do ensino, formação e investigação e em organismos do Ministério da Saúde,

A intervenção em Centros de Saúde e em Hospitais deve ser conceptualizada na tripla dimensão de intervenção com os utente, intervenção com os técnicos e intervenção na organização (Trin-dade & Carvalho Teixeira, 2002). Podem participar na prestação de cuidados de saúde em programas de cuidados de saúde primários, unidades de internamento hospitalar, serviços de saúde mental, unidades de dor, oncologia, serviços de saúde pública, serviços de saúde ocupacional, consultas de supressão tabágica, centros de alcoologia e serviços de reabilitação, entre outros.

Podem participar em programas de promoção da saúde e de prevenção nas escolas, locais detrabalho e comunidade, com base em serviços de saúde e/ou em organizações comunitárias.

O desenvolvimento da psicologia da saúde em Portugal iniciou-se em Maternidades e Hospitais e, só mais recentemente, se tem vindo a implantar nos Centros de Saúde, particularmente na Re-gião de Lisboa e Vale do Tejo. Com visibilidade significativa ao nível das publicações científicas portuguesas têm-se destacado 4 áreas:- Psicologia da gravidez e da maternidade- Psicologia pediátrica- Psicologia oncológica- Psicologia nos cuidados de saúde primários.

2. ATIVIDADES CLÍNICAS

Entre as tarefas de avaliação psicológica, que podem focalizar nos comportamentos de saúde, no confronto com as doenças, nos estados emocionais e na qualidade de vida contam-se (Ege-ren & Striepe, 1998; Bennett, 2000; Forshaw,2002) a entrevista clínica, avaliações cognitiva se comportamentais, avaliações de personalidade(projetivas e outras), avaliações psicofisiológicas, avaliações da qualidade de vida, estudos epidemiológicos e outras atividades de avaliação clínica em saúde, nomeadamente relacionadas com dor, cancro, comportamento tipo A, depressão e ansiedade.


Tenha-se sempre em conta que as estratégias de avaliação podem influenciar todos os juízos clínicos que são feitos sobre os indivíduos avaliados, bem como influenciam a identificação das variáveis mediadoras e intervenientes e nas avaliações do sresultados dos tratamentos e intervenções (Haynes & Wu-Holt, 1999). 

Entre as tarefas de intervenção psicológica destacam-se (Bennett, 2000; Johnston & Weinman, 1995) intervenções de gestão do estresse, treino de autocontrole e eficácia no coping, técnicas comportamentais (relaxação, modelagem, treinode competências), bio feedback, educação para a saúde, facilitação de mudança de comportamentos de risco e entrevista motivacional, expressão de sentimentos, intervenção na crise, aconselhamento psicológico, psicoterapias, grupos de suporte e ajuda mútua. Os objetivos destas intervenções são (Bennett, 2000): facilitar uma mudança comportamental adequada e ajudar os indivíduos a enfrentar as exigências específicas que se lhes deparam, quer como resultado da doença, quer como resultado do seu tratamento.Parte significativa das intervenções clínicas em psicologia da saúde focalizam em 3 áreas:-

Promoção da saúde e prevenção, com destaque para intervenções de supressão tabágica, de álcool e drogas, promoção de com-portamentos alimentares saudáveis, mudança de comportamentos sexuais de risco E feitos do stresse sobre a saúde, através da promoção de estratégias de confronto adequadas e/ou da melhoria da utilização do suporte social, incidindo sobre confronto com procedimentos médicos (cirurgia, cateterismo cardíaco, quimioterapia), controle de sintomas (dor crônica, cefaleias),gestão do stresse (doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, doenças psicossomáticas), adaptação à doença crónica, ade-são a tratamentos médicos e a atividades de auto-cuidados, melhoria da informação em saúde e da comunicação do utente comos técnicos de saúde, intervenção familiar-

Prestação de cuidados psicológicos a indivíduos com perturbações mentais (depressão, doença bipolar, perturbações fóbicas,neuroses, doença de Alzheimer, etc.), incluindo avaliações psicológicas, promoção de estilos de vida saudáveis, aconselha-mento psicológico e reabilitação psicossocial.

3. INVESTIGAÇÃO

Os psicólogos da saúde investigam em váriasáreas do comportamento relacionado com saúdee doenças, nomeadamente promoção da saúde e prevenção, diabetes, dor crónica, cancro, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, doenças mentais, tabagismo, alcoolismo, disfunções sexuais, perturbações do sono, toxico dependências, doenças psicossomáticas, infecção VIH/  /SIDA, adesão a tratamentos médicos, utilização de serviços e recursos de saúde, stresse ocupacional dos técnicos de saúde e informação/comunicação em saúde, entre outras. Devem fazê-lonas diferentes fases do ciclo de vida: crianças,adolescentes, adultos e idosos, e em diferentes contextos sociais e culturais.

Os focos principais da investigação psicológica em saúde são (APA, 2004a, 2004b): determinantes comportamentais da saúde e das doenças; métodos facilitadores do desenvolvimento de estilos de vida mais saudáveis e de comportamentos preventivos; confronto com o stresse e com a dor crónica; relações entre o funcionamento psicológico e o sistema imunitário; mediadores psicológicos das influências do estatuto socioeconômico e do género sobre a saúde; influências do stresse e do suporte social sobre a saúde e as doenças; desenvolvimento de instrumentos de avaliação psicológica em saúde; determinantes psicológicos do ajustamento e da reabilitação em doenças crónicas.Podem agrupar-se em 5 grandes áreas (Anton& Mendez, 1999):-

Compreensão da génese e manutenção dos problemas de saúde

– Estudo das relações entre comportamentos e doença, tais comoas influências do comportamento tipo A, dos estilos de confronto com o stresse e do uso de substâncias (tabaco, álcool e drogas)-

Promoção da saúde e prevenção das doenças

– Identificação dos determinantes doscomportamentos saudáveis, dos comportamentos de risco e dos processos de mudança de comportamentos em diferentes fases do ciclo de vida (crianças, adolescentes,adultos e idosos), incluindo também os aspectos comportamentais da saúde ambiental. Trata-se de identificar metodologias de intervenção comunitária com carácter preventivo e de identificar determinantes psicológicos da mudança de comportamentos. Neste âmbito assume importância particular a integração da intervenção psicológica na estratégia nacional de prevenção do cancro (Carvalho Teixeira, 2002a) e de prevenção da depressão.-

Facilitação e potenciação do diagnóstico e tratamento médicos

– Investigação relacionada com procedimentos médicos indutores de stresse (cirurgia, hospitalização, endoscopias, etc.) e com comportamentos deadesão medicamentosa e ao desenvolvimento de auto-cuidados-

 Avaliação e tratamento de problemas de saúde

– Investigação sobre questões deavaliação e intervenção psicológicas rela-cionadas com dor, doença coronária, hiper-tensão arterial, enxaqueca, asma brônquica,cólon irritável, úlcera péptica, diabetes,obesidade, e infecção VIH/SIDA, entre outros.

Assumem importância particular a caracterização da experiência de doença (discurso, percepções, significados), a influência das percepções de doença sobre os estados emocionais associados e sobre os com-portamentos de adesão e de procura de cuidados, bem como as relações entre as estratégias de confronto, o controlo dos sintomas, a evolução da doença e a prevenção das recaídas nas doenças crônicas-

 Melhoria do sistema de cuidados de saúde

– Estudo do impacto dos ambientes físicos e organizacionais dos serviços de saúde sobre o comportamento dos utentes, da comu-nicação e relação dos técnicos com os utentes, das relações interprofissionais e do stresse ocupacional dos técnicos de saúde. Em Portugal, a investigação desenvolveu-se sobretudo a partir de 1990 e tem sido realizada predominantemente ao nível das universidades através de estudos relacionados com obtenção degraus acadêmicos e em geral com pouca ligação com necessidades identificadas nos serviços de saúde. Têm dominado os estudos relacionados com crianças, adolescentes e grávidas, maioritariamente relacionados com avaliação, tratamento e/ou reabilitação de indivíduos doentes.

4. CARREIRA PROFISSIONAL

Para trabalhar no Serviço Nacional de Saúde existe desde 1994 (DL 241/94) uma carreira profissional específica para psicólogos na saúde, o ramo de psicologia clínica na carreira técnica superior de saúde (Ministério da Saúde), que tem vindo a ser implementada lentamente em vários serviços de saúde, nomeadamente Materni-dades, Hospitais e Centros de Saúde.O documento legal define quais são as funções do psicólogo clínico nos diferentes graus da carreira do psicólogo clínico (assistente; assistente principal; assessor; assessor superior), bem como na responsabilidade de um serviço, incluindo de um serviço de âmbito regional.


O acesso a esta carreira realiza-se por concurso público, sendo condição de acesso ter frequentado ou ter equiparação ao estágio profissionais pré-carreira, regulamentados pelas Portarias 171/96 e 191/97. O acesso ao estágio, que tem duração de 3 anos, realiza-se também por concurso público. Importa referir que as reformas atualmente em curso ameaçam e colocam em risco o desen-volvimento da carreira profissional, nomeadamente em unidades de saúde S.A. e nos hospitais em parcerias público-privadas (PPP).Para trabalhar nas instituições não estatais do sistema de saúde as organizações sócio-profissionais dos psicólogos não definiram ainda o perfil profissional nem as habilitações específicas.

5. FORMAÇÃO

5.1.
Formação Académica

Em Portugal existem diversas oportunidadesde formação acadêmica em psicologia da saúdeem várias instituições do ensino superior público e privado, quer pré-graduada (licenciaturas), quer pós-graduadas (mestrados e pós-graduações).Ao nível das licenciaturas a formação em psicologia da saúde está fortemente implantada nas instituições de ensino superior de psicologia.

Ao nível de mestrados , a criação do primeiro curso ocorreu na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa e a oferta cresceu significativamente nos últimos anos, embora com objectivos e com conteúdos programáticos bastante heterogéneos. Existe já a possibilidade de realizar doutoramentos
na especialidade de psicologia da saúde,nomeadamente no ISPA. 

5.2.
Formação Profissional

Existem iniciativas de formação contínua na área da psicologia da saúde que são promovidas por instituições de ensino superior. Têm-se destacado as actividades formativas organizadas pelo Departamento de Formação Permanente do ISPA que, desde 1995, promove ações de formação regulares nas seguintes áreas: psicologia da gravidez e da maternidade, neuropsicologia, aconselhamento VIH/SIDA, consulta psicológica em Centros de Saúde e toxico dependências.É no que se refere à intervenção nos Centros de Saúde que se encontra um modelo de formação estruturado como formação específica (Carvalho Teixeira, 2000), como resultado de experiências concretas de intervenção nos cuidados de saúde primários, em Centros de Saúde da Sub-Região de Saúde de Lisboa (ARSLVT).

6. REUNIÕES E SOCIEDADES CIENTÍFICAS

Sociedade Europeia de Psicologia da Saúde realiza uma Conferência Anual. Em Portugal realizam-se regularmente  2 reuniões científicas nacionais relacionadas especificamente com a psicologia da saúde:-

Congressos Nacionais de Psicologia da Saúde, organizados pela Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde, com o apoio do ISPA, desde 1994. O 5.º Congresso Nacional realizou-se em Junho de 2004, em Lisboa, subordinado ao tema “A Psicologia da Saúde num Mundo em Mudança”-

Conferências Psicologia nos Cuidados deSaúde Primários, organizadas desde 1997pelo ISPA em colaboração com a Sub-Re-gião de Saúde de Lisboa (ARSLVT/Minis-tério da Saúde). A V Conferência realizou-se em Maio de 2004, em Lisboa, subordi-nada ao tema “Psicologia, Promoção da Saúde e Prevenção”.Entre nós existem 2 sociedades científicas relacionadas especificamente com o campo da psicologia da saúde: a Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde (1995) e a  Associação Portuguesa de Psicólogos dos Cuidados de Saúde Primários (2001). 

7. PUBLICAÇÕES

O desenvolvimento que a psicologia da saúde tem conhecido no decurso dos últimos anos reflecte-se num número cada vez maior de cações científicas especializadas, nomeadamente(Simon, 1999):-

Fontes primárias

– Entre as publicaçõesperiódicas destacam-se as revistas
 HealthPsychology (USA, 1982),
Psychology and  Health (Holanda, 1987),
Revista de Psico-logía de la Salud  (Espanha, 1989),
ClínicaY Salud (Espanha, 1990),
Quality of Life Research (Grã-Bretanha, 1992),
Journal of Clinical Psychology in Medical Settings (USA, 1994),
British Journal of Health Psychology (Grã-Bretanha, 1996),
Journal of  Health Psychology (Grã-Bretanha, 1996),
Psychology, Health and Medicine (Grã-Bre-tanha, 1996). 

No que se refere a publicações não periódicas tem-se assistido à publicação de inúmeros tratados, manuais e compilações, que proporcionam uma informação generalista e ampla sobre diferentes aspectos da psicologia da saúde. Destacam-se os de Belar e Daerdorff (1987, 1995),Bennett e Weinman (1990), Bishop (1994),Brannon e Feist (1992), Broome (1989), Camice Knight (2000), Carroll (1992), Curtis (2000),Forshaw (2002), Friedman e DiMatteo (1989),Gatchel, Baum e Krantz (1982), Johnston eMarteau (1989), Maes e Spelberger (1988),Marks, Murray, Evans e Willig (2000), Millon, Green e Meagher (1982), Pitts e Phil-lips (1991), Rodriguez Marin (1995), Sarafino (1990), Schroeder (1991), Sheridan e Radmacher (1992), Simon (1993, 1999),Steptoe e Mathews (1984), Stone, Weiss,Matarazzo e col. (1987), Ogden (2000), Stroebe e Stroebe (1995), Sweet, Rozensky e Tovian (1991), Taylor (1995). Entre as fontes primárias podem incluir-se também os inúmeros recursos existentes na Internet sobre psicologia da saúde-

Fontes secundárias

– As mais importantes são publicações periódicas que apresentamrevisões da literatura actual sobre um determinado tema, nomeadamente  International Review of Health Psychology
(Grã-Bretanha, 1992) e Comportamyento y Salud (Espanha, 1992).Em Portugal, existe um número significativo de publicações científicas, quer publicações-livro, quer números temáticos em revistas de psicologia e volumes de actas de reuniões científi-cas (Carvalho Teixeira, 2002b).Destacam-se as iniciativas do Centro de Edições do ISPA no que concerne a livros da es-pecialidade, a números temáticos da revista  Análise Psicológica (8 publicados e 1 em preparação) e a atas de congressos e conferências, bem como da Universidade do Minho, com a revista Psicologia: Teoria, Investigação & Prática (2 números temáticos).

A Climepsi Editores tem investido na publicação de autores portugueses e na tradução de manuais de referência de língua inglesa.O órgão oficial da Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde é a revista Psicologia, Saúde& Doenças, já com vários números publicados.

8. PSICOLOGIA NOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS

Consiste na aplicação dos conhecimentos etécnicas da psicologia em projetos de promoção da saúde e prevenção das doenças em diferentes fases do ciclo de vida, na realização de consulta psicológica e na participação noutros projetos desenvolvidos nos Centros de Saúde. Nestes, os psicólogos trabalham integrados nas equipas de cuidados de saúde primários.Os psicólogos da saúde que trabalham nos cuidados de saúde primários podem desenvolvervários tipos de atividades (Gatchel & Oordt,2003; Trindade, 2000):-


 Atividades de promoção da saúde e prevenção

– Participação em actividades de informação e educação para a saúde e de desenvolvimento comunitário relacionadas com a alimentação, prática de exercício físico, tabagismo, consumo excessivo de álcool, consumo de drogas, contracepção eplaneamento familiar, saúde materna e infantil, saúde escolar, saúde do adolescente,saúde ocupacional, saúde do idoso, prevenção de acidentes, etc., promovendo uma abordagem psicológica dos problemas desaúde da comunidade e dos diferentes grupos sociais-

Consulta psicológica

– Consulta de referência para os clínicos gerais/médicos defamília e de apoio a diferentes projectos de saúde, integrando o paradigma clínico comos factores que influenciam o desenvolvimento e a mudança de comportamentos. 

A atividade clínica centra-se na avaliaçãoe/ou intervenção com casos problemáticos no âmbito da mudança de comportamentos e prevenção, confronto e adaptação à doença, stresse induzido por exames e tratamentos médicos, crises pessoais e/ou familiares, perturbações do desenvolvimento, perturbações de ajustamento, dificuldades de comunicação dos utentes com os técnicos,problemas de adesão a tratamentos e auto-cuidados, etc.-

Cuidados continuados

– Participação nas equipas de cuidados continuados que prestam cuidados de saúde no domicílio a indivíduos em situações de dependência-

 Humanização e qualidade

– Participação em projetos de humanização dos serviços e de melhoria da qualidade em saúde e integração de metodologias psicológicas na avaliação da satisfação dos utentes-

 Investigação

– Envolvimento em projetos de investigação em função de necessidades identificadas pelas equipas de saúde, especialmente em parceria com autarquias, escolas e organizações comunitárias-

Formação

– Participação em ações deformação destinadas a outros técnicos e voluntários, centradas em aspectos psicológicos relacionados com as suas intervenções na prestação de cuidados.

9. ORGANIZAÇÃO E QUALIDADE

A actividade dos psicólogos da saúde deve organizar-se de acordo com o princípio da melhoria contínua da qualidade dos cuidados, o que envolve 4 aspectos essenciais (Trindade & Car-valho Teixeira, 2002:-

 Definição do papel profissional

– Nas diferentes organizações e serviços de saúde (Maternidades, Hospitais, Centros de Saúde, etc.)deve definir-se claramente o papel e as responsabilidades profissionais dos psicólogos da saúde nas áreas de avaliação psicológica,intervenções clínicas com utentes, consultoria, investigação, participação em formação,participação em grupos de trabalho, etc.-

Plano de atividades

– A intervenção dos psicólogos da saúde deve organizar-se atra-vés dum plano de actividades anual, elaborado após um processo de identificação de necessidades e delimitação de objetivos prioritários, de forma adaptada em relação aos recursos disponíveis e avaliado sistematicamente nos seus resultados-

Desenvolvimento profissional contínuo

– Num campo de intervenção que conhece mudanças aceleradas, a preocupação dos psicólogos da saúde com o seu desenvolvimento profissional contínuo torna-se um imperativo ético aliado ao desenvolvimento de competências específicas-


Qualidade dos serviços psicológicos

– Os psicólogos da saúde envolvem-se em atividades relacionadas com a qualidade dos serviços psicológicos, o que implica proce-dimentos de melhoria contínua da qualidade (acessibilidade, adequação, continuidade e eficácia dos cuidados psicológicos), avaliações da satisfação dos utentes dos serviços de psicologia, avaliações da eficácia das intervenções realizadas, avaliações dos desempenhos profissionais dos psicólogos e elaboração de guidelines para a intervenção em diferentes problemas, áreas ou serviços.

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                                       RESUMO

Neste artigo o autor delimita o campo da psicologia da saúde, caracterizando contextos laborais, atividades clínicas, investigação, carreira profissional, formação, reuniões científicas, publicações, intervenção nos cuidados primários, organização e qualidade.
Palavras-chave: Psicologia, saúde.