terça-feira, 27 de dezembro de 2011

FRASES DE CLARICE LISPECTOR


Clarice Lispector

"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro."

"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."

"Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho."

"A palavra é o meu domínio sobre o mundo."

"Brasília…Uma prisão ao ar livre."

"Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, Depende de quando e como você me vê passar."

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."

"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada."
 
"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca."
 
"Quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós."
 
"E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar."
 
"Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito."
 
"Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil."
 
"Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar."
 
"Eu sou mansa mas minha função de viver é feroz."

"Antes o sofrimento legítimo do que o prazer forçado."











CLARICE LISPECTOR

sábado, 24 de dezembro de 2011

NATAL E SEUS SIMBOLISMOS.

Origem do Natal

Universal, abrangente, calorosa ­ assim é a festa de Natal, que envolve a todos. Uma das mais coloridas celebrações da humanidade, é a maior festa da cristandade, da civilização surgida do cristianismo no Ocidente. Época em que toda a fantasia é permitida. Não há quem consiga ignorar a data por mais que conteste a importação norte-americana nos simbolismos: neve, Papai Noel vestido com roupa de lã e botas, castanhas, trenós, renas.
Até os antinatalinos acabam em concessões, um presentinho aqui, outro acolá. Uma estrelinha de belém na porta de casa, uma luzinha, um mimo para marcar a celebração da vida, que é o autêntico sentido da festa. Independente do consumismo, tão marcante, o Natal mantém símbolos sagrados do dom, do mistério e da gratuidade.
Na origem, as comemorações festivas do ciclo natalino vêm da distante Idade Média, quando a Igreja Católica introduziu o Natal em substituição a uma festa mais antiga do Império Romano, a festa do deus Mitra, que anunciava a volta do Sol em pleno inverno do Hemisfério Norte. A adoração a Mitra, divindade persa que se aliou ao sol para obter calor e luz em benefício das plantas, foi introduzida em Roma no último século antes de Cristo, tornando-se uma das religiões mais populares do Império.


A data conhecida pelos primeiros cristãos foi fixada pelo Papa Júlio 1º para o nascimento de Jesus Cristo como uma forma de atrair o interesse da população. Pouco a pouco o sentido cristão modelou e reinterpretou o Natal na forma e intenção. Conta a Bíblia que um anjo anunciou para Maria que ela daria a luz a Jesus, o filho de Deus. Na véspera do nascimento, o casal viajou de Nazaré para Belém, chegando na noite de Natal. Como não encontraram lugar para dormir, eles tiveram de ficar no estábulo de uma estalagem. E ali mesmo, entre bois e cabras, Jesus nasceu, sendo enrolado com panos e deitado em uma manjedoura.


Pastores que estavam próximos com seus rebanhos foram avisados por um anjo e visitaram o bebê. Três reis magos que viajavam há dias seguindo a estrela guia igualmente encontraram o lugar e ofereceram presentes ao menino: ouro, mirra e incenso. No retorno, espalharam a notícia de que havia nascido o filho de Deus.

Simbologia

Desde a sua origem, o Natal é carregado de magia. Gritos, cantigas, forma rudimentar do culto, um rito de cunho teatral, o drama litúrgico ou religioso medieval ganha modificações no decorrer dos séculos. Dos templos, a teatralização ganha praças, largos, ruas e vielas, carros ambulantes, autos sacramentais e natalinos. Os dignatários da Igreja promoviam espetáculos. Na evolução da história está a compreensão de todos os símbolos de Natal.

Árvore - Representa a vida renovada, o nascimento de Jesus. O pinheiro foi escolhido por suas folhas sempre verdes, cheias de vida. Essa tradição surgiu na Alemanha, no século 16. As famílias germânicas enfeitavam suas árvores com papel colorido, frutas e doces. Somente no século 19, com a vinda dos imigrantes à América, é que o costume espalhou-se pelo mundo.
Presentes - Simbolizam as ofertas dos três reis magos. Hábito anterior ao nascimento de Cristo. Os romanos celebrava a Saturnália em 17 de dezembro com troca de presentes. O Ano Novo romano tinha distribuição de mimos para crianças pobres.
Velas - Representam a boa vontade. No passado europeu, apareciam nas janelas, indicando que os moradores estavam receptivos.
Estrela - No topo do pinheiro, representa a esperança dos reis-magos em encontrar o filho de Deus. A estrela guia os orientou até o estábulo onde nasceu Jesus.
Cartões - Surgiram na Inglaterra em 1843, criados por John C. Horsley que o deu a Henry Cole, amigo que sugeriu fazer cartas rápidas para felicitar conjuntamente os familiares.
Comidas típicas - O simbolismo que o alimento tem na mesa vem das sociedades antigas que passavam fome e encontravam na carne, o mais importante prato, uma forma de reverenciar a Deus.
Presépio - Reproduz o nascimento de Jesus. O primeiro a armar um presépio foi São Francisco do Assis, em 1223. As ordens religiosas se incumbiram de divulgar o presépio, a aristocracia investiu em montagens grandiosas e o povo assumiu a tarefa de continuar com o ritual.


O Ciclo Natalino

"Meu São José dai-me licença
Para o Pastoril dançar,
Viemos para adorar
Jesus nasceu para nos salvar."
O ciclo natalino inicia-se na véspera do Natal, 24 de dezembro, e vai até o dia de Reis, 6 de janeiro. Para acompanhar esse período, é preciso manter a ingenuidade de uma criancinha, a esperança de um amanhecer ensolarado, a ternura de um botão de rosas e a leveza de uma linda borboleta no ar. A emoção do povo é revelada nos folguedos natalinos através de sua ação dramática. Temos vários folguedos natalinos, como o pastoril, o bumba-meu-boi, a cavalhada, a chegança, que fazem referências à Noite de Festas e ao grande dia em que Jesus nasceu. Desses folguedos, o mais tipicamente natalino é o pastoril religioso, que tem em sua essência a temática da visitação dos pastores ao estábulo de Belém onde Jesus nasceu.
Há registros sobre o pastoril desde da Idade Média. Em Portugal são conhecidas as peças de Juan de Encina e Gil Vicente, baseadas em temas populares anteriores, segundo o professor Roberto Benjamin. Como denominação popular do pastoril, temos a Lapinha, que desaparecera quase completamente, cedendo lugar aos pastoris. Câmara Cascudo descreve que a Lapinha "era representada na série dos pequeninos autos, diante do presépio, sem intercorrência de cenas alheias ao devocionário. Os presépios foram armados em Portugal desde 1391, quando as freiras do Salvador fizeram o primeiro." O presépio designa o estábulo ou o curral, lugar onde se recolhe o gado, e representa as cenas do nascimento de Jesus em Belém. Há também uma diferença terminológica decorrente de sua grandiosidade. Ou seja, se o era grande, rico e bonito, era chamado de Presépio; se era pobre, pequeno e despojado, era uma Lapinha.
Mas, o que ficou na tradição foi a queima da Lapinha, no dia 6 de janeiro, pois só por volta do século XVI, três centúrias após a criação da simbologia do presépio, teve início a dramatização da cena da Natividade, com contos populares, danças e produção literária anônimas, como registra Geninha da Rosa Borges. Pereira da Costa relata que "o pastoril era, a princípio, a representação do drama hierático, o nascimento de Jesus Cristo, o presépio dos bailados e cantos próprios. Conta a lenda que São Francisco de Assis, querendo comemorar de maneira condigna o nascimento de Jesus, no ano de 1223, entendeu de fazer uma representação do maior acontecimento da Cristandade. Obteve licença do Papa e fez transportar para uma gruta um boi, um jumento e uma manjedoura, colocando o menino Jesus sobre a palha, ladeado pelas imagens de Nossa senhora e São José.
Dentro dessa gruta, celebrou uma missa, assistida por um grande número de frades e camponesas das redondezas. Durante o sermão, pronunciou as palavras do Evangelho: "colocou-o num presépio, apareceu-lhe nos braços um menino todo iluminado", e a partir daí, a representação dos presépios tornou-se comum e espalhou-se por todo o mundo. O aparecimento do présepio em Pernambuco vem, talvez, do século VI, no Convento Franciscano em Olinda. Mário Souto Maior comenta que, "com o passar dos anos, o presépio, que era representação estática do nascimento de Jesus Cristo, até os fins do século VIII, começou a ter a sua forma animada pelas pastorinhas cantando loas, com a participação do velho, do pedegueba". Câmara Cascudo define o pastoril como "cantos, louvações, loas, entoadas diante do presépio na noite do Natal, aguardando-se a missa da meia-noite. Representavam a visita dos pastores ao estábulo de Belém, ofertas, louvores, pedidos de bênção. Os grupos que cantavam vestiam-se de pastores, e ocorria a presença de elementos para uma nota de comicidade, o velho, o vilão, o saloio, o soldado, o marujo, etc. Os pastoris foram evoluindo para os autos, pequeninas peças de sentido apologético, com enredo próprio divididos em episódios que tomavam a denominação quinhentista de "jornadas" e ainda a mantêm no nordeste do Brasil..." Nas jornadas, que eram um grande atrativo do pastoril, realçava-se o estilo dramático, fazendo com que os partidários atirassem flores, lenços de seda e até chapéus.

O Pastoril tem como corpo principal o grupo de pastoras, subdividido em dois cordões (azul e encarnado). A Mestra dirige o cordão encarnado, e a Contramestra, o cordão azul. Há também o Anjo, o Pastor, o Velho - personagem cômico, originário provavelmente do pastor -; a Diana, que é a intermediária entre os dois cordões; a Borboleta, personagem faceira; a Jardineira, que canta e dança uma jornada em solo, referente às atividades da jardinagem; a Libertina, que é, em algumas variantes, a pastora tentada pelo Demônio; o Demônio ou Diabo, que vem tentar as pastoras; a Cigana, que representa o povo cigano que vem dizer o destino, a sorte de Jesus e que "às vezes, lê a sorte das pastoras e das pessoas da platéia, lendo a mão na tradição da buena dicha para recolher o dinheiro.


Trajando saias curtas e rodadas, e corpetes ou blusas brancas, e usando um diadema enfeitado com fitas, as pastoras, com toda a graciosidade, trazem na mão pandeirinhos ou maracás, adornados da mesma forma. O Anjo apresenta-se como um anjo de procissão, com asas de papel; a Cigana veste saia comprida e usa brincos, lenços, colares de moedas douradas; a Borboleta usa asas transparentes e antenas de papel colorido; e o Pastor utiliza um cajado.


Assistir a uma encenação do pastoril, que seduz e encanta, revelando de maneira maravilhosa a estonteante beleza do Ciclo Natalino, traduzida nos rostos das pastoras, é deslumbrar-se com um espetáculo único do povo brasileiro.

                                                           
SÃO OS VOTOS DO CPHD-CENTRO PSICOLÓGICO HOSPITALAR E DOMICILIAR .

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

INDICAÇÃO DE FILME




Mistérios - Disco 1 - A Ilha de Páscoa,  DVD de Filmes, Filmes Blu ray, Filmes OnlineSinopses por NetMovies

Mistérios é um documentário que separa a verdade da ficção, respondendo perguntas complexas que tem intrigado as pessoas ar redor do mundo há séculos. Mistérios, procura a mais recentes evidências, não somente mitos, lendas e fatos existentes que se repetem, mas garante com depoimentos dos mais renomados especialistas: cientistas, historiadores, arqueólogos, entre outros.


Detalhes

Duração do Filme: 47 minutos
Detalhes Artísticos
Gêneros: Documentário

Direção e Elenco
Diretor
John Scheinfeld

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

AFINAL, PRESO TAMBÉM É GENTE. E GENTE PRECISA É DE GENTE!

Contra o Monitoramento Eletrônico
Em debate já há algum tempo, a idéia do monitoramento eletrônico de apenados vem avançando através de iniciativas legislativas estaduais (RS, SP)e federal. A Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados aprovou, no fim de agosto deste ano, parecer da deputada Rita Camata (PMDBES) acerca do projeto de lei do senador Magno Malta (PR/ES) que autoriza o uso de equipamento de rastreamento eletrônico para presos. Sob o pretexto de beneficiar mais de 150 mil condenados, que segundo o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) cumprem pena em presídios, a medida é apresentada como alternativa para diminuir a sordidez das ilegalidades do Estado brasileiro, responsável por um dos mais perversos sistemas penitenciários do mundo.


Contra o pior, qualquer coisa parece melhor!
E é isso que representa hoje a proposta de monitoramento eletrônico:qualquer coisa de interesse de uma indústria eletrônica que converte apossibilidade da liberdade em uma mera mercadoria! Com essa cara falsade “modernização humanizadora”, o monitoramento eletrônico é apenas mais uma face da investida privatizadora que ronda o sistema prisional! Mais uma vez a desgraça dos miseráveis deste país vai se converter emobjeto de lucro para alguns, com o apoio do Estado, sob o pretexto da diminuição dos seus custos.


Esse mesmo Estado que se omite e sistematicamente se nega a cumprir o dispositivo constitucional que o obriga a organizar e garantir a instituição da Defensoria Pública, em quantidade e qualidade necessárias para a garantia de acesso à defesa por parte dos cidadãos. Esse mesmo Estado que não provê os recursos necessários para o cumprimento da Lei de Execuções Penais, noque diz respeito aos direitos dos apenados mantendo um regime de radical desassistência a essa população. Onde estão os patronatos para serviços de apoio e orientação aos egressos, as casas de albergados para presos em regime aberto e a instalação dos conselhos da comunidade para acompanhar aexecução das penas nas Comarcas?


Ineficiente, o monitoramento eletrônico não tem reduzido significativamente as taxas de encarceramento nos países onde já vem sendo aplicado há 20 anos,como no caso do Canadá (Dallaire(1997) e Lalende(2007). O impacto sobre as taxas de encarceramento tem sido extremamente fraca se não totalmente inexistente.O monitoramento eletrônico na verdade será mais uma fonte de estigmatização dos condenados, com a identificação pública dos que estiverem sob monitoramento. Ao não se fazer acompanhar por uma da rede de suporte social por parte do Estado, os agenciamentos responsáveis pelas eventuais infrações cometidas pelos monitorados seguirão operando com a mesma intensidade, facilitando reincidência nos percursos delituosos. E, como reincidentes, entretanto,se dirá que não souberam aproveitar a “chance” que receberam, o que tende a reforçar a legitimidade social das penas de prisão.


Para a restauração do vínculo social, precisamos é de uma rede de apoio psicossocial!
É preciso reconhecer que a população carcerária e suas redes sociais fazemparte de uma parcela da população com uma trajetória de privação deacesso aos direitos mais elementares da cidadania. Queremos uma política pública que tenha como eixo o investimento numa rede de suporte social para essa população e suas famílias. Suporte para as penas alternativas, para os que se encontram em liberdade condicional, para os egressos que já cumpriram suas penas, para os que cumprem em regime aberto. Queremos que essas pessoas encontrem instituições organizadas com a finalidade de lhes oferecer apoio, suporte e acompanhamento em seus esforços de retomada do laço social. É necessário que se crie uma Bolsa Responsabilização Social, ao modo do Seguro-Desemprego, que possa dar suporte econômico aos egressos em seu processo de retorno ao convívio social.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

EDUCAÇÃO FINANCEIRA

1. Introdução

Olá! Esta parte do Blog é voltada para o tema "Educação Financeira".
A Educação Financeira não consiste somente em aprender a economizar, cortar gastos, poupar e acumular dinheiro. É muito mais que isso. É buscar uma melhor qualidade de vida tanto hoje quanto no futuro, proporcionando a segurança material necessária para aproveitar os prazeres da vida e ao mesmo tempo obter uma garantia para eventuais imprevistos.

A famosa fábula da "Formiga e da Cigarra" exemplifica muito bem uma eterna questão que tentamos resolver diariamente: "Será melhor simplesmente aproveitar o dia de hoje ou nos preparar para o futuro"? Traduzindo isto em um exemplo prático, suponha que você esteja passeando em um shopping e passa por uma loja com aquela roupa fantástica que você sempre sonhou. Você não tem mais dinheiro para o mês. O que você faz?

•compra a roupa no cartão, em 3 vezes, afinal você merece. Nunca se sabe o dia de amanhã, mas ele vai ser melhor com esta roupa nova;

•não compra naquele momento. Mas volta para casa e começa a planejar o que fazer para economizar e comprá-la daqui a 3 meses.

•não compra naquele momento e nem depois. Afinal você tem outros objetivos mais importantes e prioritários que você deseja cumprir antes da compra da roupa.
Existe uma resposta correta? Não. Aliás, você pode escolher respostas diferentes de acordo com o momento da sua vida. O mais importante é que você escolha a sua resposta de modo consciente, que conheça as implicações de sua decisão e tenha uma atitude equilibrada. Isto é Educação Financeira.

É, parece fácil, mas não é. O nosso objetivo aqui é ajudá-lo a buscar este equilíbrio na sua vida financeira. Não desista, mas também não espere soluções rápidas ou milagrosas. Dê um passo a cada dia. Pode não parecer, mas no longo prazo você vai se surpreender com os resultados!


2. Estabelecendo objetivos
A busca pela qualidade de vida no presente e no futuro envolve o estabelecimento de objetivos que podem ter valores e prazos diversos. Para algumas pessoas, este processo de definição de metas é algo que ocorre naturalmente, sem muita dificuldade.

Se este não é o seu caso, não se preocupe. Você faz parte da maioria! Mas isto não é desculpa para não tê-los. O seu objetivo pode ser fazer uma viagem no próximo ano, trocar de carro em 2 anos, comprar a casa própria em 10 anos ou simplesmente acabar com aquela dívida do cartão até o final do ano.

Provavelmente você irá constatar que possui muitos objetivos para poucos recursos. O passo seguinte é então priorizar os objetivos e, por fim, estabelecer metas de poupança. E sempre que você tiver que tomar uma decisão sobre “gastar ou não gastar”, pense no seu objetivo. Pense em como a sua decisão fará com que você fique mais perto ou mais longe da sua meta.


Para começar de uma maneira simples, estabeleça ao menos UM objetivo com relação ao seu dinheiro. Busque uma meta bem simples e de curto prazo, de modo que você consiga ver os resultados mais facilmente e vá ganhando confiança em si. Em pouco tempo você já estará buscando objetivos maiores e de longo prazo!


3. Conhecendo e controlando seus gastos
Você já teve aquela sensação que o seu salário simplesmente desapareceu, mas você não sabe como? Pois é, as pessoas geralmente sabem o quanto ganham, mas não sabem o quanto gastam. E muito menos aonde gastam.


Para mudar esta situação é necessário fazer um controle de despesas. Isto significa anotar diariamente cada despesa realizada e qual o meio de pagamento utilizado – dinheiro, cartão ou cheque. As despesas devem ser agrupadas em categorias – educação, alimentação, moradia, etc. - para que você possa realizar uma melhor análise. Feito isto, você poderá verificar as quantias gastas em cada categoria e então estabelecer um orçamento, um limite de gastos para cada categoria.


Caso você observe que suas despesas são superiores às receitas, você tem três opções:

•aumentar as receitas;


•diminuir as despesas;


•e claro, a melhor das três, aumentar as receitas em conjunto com a diminuição de despesas.

O corte de gastos é algo doloroso de se fazer. Significa abrir mão, em muitos casos, daqueles pequenos prazeres que parecem fazer a vida valer mais a pena. Entretanto, este sacrifício de hoje será pequeno se comparado à alegria de conseguir alcançar o seu OBJETIVO.


Algumas ações como adiar a troca do carro, não comprar o último lançamento eletrônico, comparar preços de bens e serviços antes de adquiri-los podem significar reduções relevantes de despesas. Mas também não se esqueça dos gastos pequenos que parecem insignificantes, como aquele bombom diário depois do almoço ou a loteria semanal. Acumulados, eles podem se tornar os vilões do seu orçamento.


Acompanhe seus gastos com carinho. Você poderá perceber que em algumas categorias existem gastos excessivos. Ou então descobrir despesas desnecessárias, que poderiam ser adiadas. Acredite. Você vai se surpreender com os resultados!


4. Faça seu dinheiro trabalhar por você
O controle e corte dos gastos é uma atividade não tão prazerosa, mas quando realizada com disciplina ela permite que você ganhe um novo empregado, só seu. Isso mesmo, o seu dinheiro agora irá trabalhar por você!


Tendo receitas superiores às despesas, o passo seguinte é investir. Quanto mais você conseguir economizar e investir, mais rápido você conseguirá atingir suas metas. É claro que quanto mais dinheiro você tiver para investir, melhor. Mas outro fator fundamental que muitas vezes não levamos em consideração é o tempo de investimento. Ele funciona como uma mola propulsora para os seus ganhos. É como se você ganhasse um prêmio por manter o seu dinheiro investido por mais tempo.


Para se ter uma idéia, investindo R$ 250 por mês a uma taxa de juros de 0,8% ao mês, tem-se em 5 anos cerca de R$ 20 mil. E em 10 anos, este valor sobe para quase R$ 52 mil.


Agora se você conseguir economizar R$ 600 por mês, os valores poupados sobem para R$ 48 mil em 5 anos e quase R$ 127 mil em 10 anos!


Veja como a diferença aumenta à medida que o tempo passa:

É claro que quanto antes você começar a investir melhor será. Mas se você ainda não começou, não pense que agora já é muito tarde. A verdade é que nunca é cedo ou tarde para começar, o mais importante é investir regularmente!


Outro fator relevante é a taxa de retorno de seu investimento. Obviamente, quanto maior, melhor. Mas lembre-se que usualmente retornos altos podem significar riscos elevados. Futuramente, iremos discutir a questão do retorno dos investimentos com maior profundidade.


5. Dívidas
Ter dívidas não é necessariamente algo ruim, desde que tenhamos condições de pagá-las. Mas para muitos, possuir uma casa ou um automóvel só se torna possível através de um financiamento. O que devemos fazer quando necessitamos nos endividar é pesquisar por financiamentos com juros mais baixos e com parcelas que não comprometam a renda familiar mensal.


Para aqueles que ainda não estão endividados e necessitam tomar dinheiro emprestado, faz-se necessário conhecer a capacidade de endividamento e para isso é preciso ter um bom controle financeiro. Este controle deve ser capaz de apontar o valor das parcelas que se consegue pagar mensalmente. Será melhor ainda se tal controle ajudar a cortar gastos desnecessários de modo a providenciar dinheiro extra para quitar a dívida o quanto antes.

No caso daqueles que já possuem dívidas, ter um bom controle financeiro também facilita as coisas. Com ele é sempre possível descobrir fontes de recursos extras através de cortes de despesas não-essenciais. Este dinheiro adicional pode então ser usado no pagamento de parte da dívida, o que acarretará em menores despesas de juros e, conseqüentemente, mais dinheiro no futuro para outros objetivos.


E lembre-se: é essencial que você controle suas dívidas. E nunca deixar que suas dívidas acabem por controlá-lo!


6. Aposentadoria
Nosso conceito de aposentadoria não é aquele aonde se observa uma pessoa idosa desgastada depois de anos de trabalho. A aposentadoria pode chegar muito antes. A cena que preferimos ver é a de uma pessoa com espírito jovem fazendo as coisas que realmente gosta, seja curtindo a família, trabalhando em algo que lhe dê prazer ou viajando pelo mundo. Uma pessoa que possui segurança financeira e sente prazer em viver.



Muitas pessoas acreditam que isto é algo difícil demais para ser atingido. Realmente, não é algo que seja fácil, mas com disciplina e tomando as decisões financeiras corretas, isto é bastante possível.


Se você pretende se aposentar contando apenas com recursos do INSS ou então com recursos de algum fundo de pensão, há grandes chances de você acabar curtindo a vida apenas ao final dela. Para que a cena idealizada ocorra é preciso economizar recursos financeiros adicionais além das “oficiais”. Isto significa que você deve procurar poupar sempre e o máximo que puder, sempre levando em conta o equilíbrio que deve existir entre a qualidade de vida presente e a futura.


Mas só poupar não basta. Saber investir também é um fator crítico para o seu objetivo. E isto não é uma tarefa fácil, pois as opções que nos são apresentadas são muitas. Elas não incluem somente planos de previdência privadas, mas também quaisquer formas de investimento que nos permitam aumentar nosso patrimônio.


E quais são as opções de investimento que eu devo escolher? Bom, a resposta irá depender do seu perfil de risco, da sua disciplina e também de uma boa pesquisa. E, claro, de uma análise destas opções.


Planos de previdência privada apresentam como principal vantagem o benefício fiscal. No caso do PGBL, pode-se abater até 12% do salário bruto da base de cálculo do imposto de renda.


Além disso, o imposto de renda somente será pago no resgate ou no pagamento dos benefícios. Alguns planos possuem seguro de vida embutido e há ainda a possibilidade de se optar pela tabela regressiva de alíquotas de imposto de renda.

Como desvantagens, eles cobram uma taxa de carregamento, além da taxa de administração do fundo onde o recurso da previdência está aplicado. Isto faz com que em alguns casos, o benefício fiscal passe a ser menor do que os custos do plano. Outra questão é que planos de previdência privada geralmente são desenhados para aposentadoria em idade “avançada”.


O que deve ser feito é uma combinação de investimentos. A previdência privada pode lhe garantir uma aposentadoria tradicional tranqüila. Mas a aposentadoria dos sonhos deve vir da acumulação de patrimônio que lhe permita ser independente.

7. Seguros
Nós brasileiros somos um povo otimista. Costumamos acreditar que nada de mal irá nos ocorrer e isso faz com que normalmente não nos preparemos para os imprevistos que a vida nos reserva. E estes imprevistos podem gerar danos irreversíveis ao nosso bem-estar, inclusive financeiro.


Apesar de muitas vezes ser difícil evitar que tais imprevistos ocorram, podemos nos proteger das conseqüências causadas por eles. Assim, contratar seguros é algo extremamente importante para preservar nossa qualidade de vida.


Podemos encontrar seguros para quase tudo: para nossos bens (seguro de carro, casa, etc.), para nosso bem-estar (seguro saúde, seguro de vida, seguro contra invalidez, etc.), entre outros.


Para definir quais seguros devemos possuir, precisamos identificar o que necessitamos em cada momento de nossa vida. Como exemplo, um seguro de vida se faz necessário quando não temos patrimônio suficiente para garantir o bem-estar de nossa família. Quando deixamos de ter pessoas que dependam de nossa renda ou o patrimônio acumulado é mais do que suficiente para garantir todas as nossas necessidades futuras, possuir um seguro de vida se faz menos necessário.

VIDA REAL: “GANHO EM MÉDIA R$ 3.000,00 POR MÊS, MAS GASTO MUITO PAGANDO DÍVIDAS. O QUE DEVO FAZER ?”

Vida Real: "Ganho em média R$ 3.000,00 por mês, mas gasto muito pagando dívidas. O que devo fazer ?"

Pergunta
Olá. Atualmente ganho em média R$ 3.000,00 por mês. Comprei recentemente um carro e um apartamento, aproveitando o financiamento barato … mas o que ganho já não está dando para pagar todas as despesas do mês. Já tive até que pedir emprestado à minha família. Como me livro dessas dividas ?

Minhas despesas mensais:
Alimentação................................................... 350,00
Gasolina........................................................ 140,00
Luz + Água.................................................... 170,00
Telefone........................................................   95,00
Plano de saúde............................................... 180,00
Curso Inglês...................................................   90,00
TV a cabo......................................................   70,00
Condomínio Apartamento............................... 350,00
Gastos adicionais............................................ 500,00
Prestação do Carro......................................... 550,00
Prestação do Apartamento............................... 800,00
Parcela Empréstimo com a familia..................... 300,00

TOTAL...................................................... 3.595,00


Resposta
Seu caso não chega a ser tão grave. O ponto positivo é que você tem a consciência de que precisa mudar. Agora é necessário efetivamente tomar algumas ações. Vamos a elas:
1) Venda o carro. A não ser que ele seja essencial para o seu trabalho (como taxista, ou vendedor, por exemplo), vendê-lo é a melhor opção. Com o dinheiro da venda, quite algumas das dívidas que possui, começando com as que têm juros mais altos. Além de eliminar algumas parcelas, você também terá menos despesas (por exemplo, manutenção, seguro e impostos do carro). Lembre-se, você está se desfazendo de seu carro para um bem maior. No futuro, você poderá adquirir um automóvel melhor, sem ter que se endividar.


2) Elimine gastos imediatamente. Mas faça-o com consciência. Por exemplo, cancele já a TV a cabo, não há justificativa para manter este tipo de despesa na sua situação. Quanto ao curso de inglês, tente mantê-lo, pois pela sua importância esta despesa é na verdade um investimento.


3) Busque gastos “disfarçados”. Nota-se que você gasta R$ 500,00 em “Gastos adicionais”. O que exatamente são estes gastos ? Será que é possível diminuí-los ? Descubra para onde vai este dinheiro, muitas vezes as despesas mais fáceis de serem evitadas encontram-se nesta “outras despesas” (pode ser aquele doce que se compra todo dia, ou aquele café logo depois do almoço).


4) Controle-se. Se precisar comprar algum bem, não caia na tentação de querer entrar no crediário. Lembre-se que guardando dinheiro para comprar à vista sai muito mais barato. Além de juros, os empréstimos incluem também impostos e no caso de carros, um seguro. Tudo isso faz com que o preço total do bem seja muito mais alto. Comprar à vista no futuro costuma sair mais barato do que comprar a prazo no presente.


5) Converse com a sua família sobre a situação financeira. Transforme-os em seus aliados para que possam economizar um pouco mais agora e ter uma vida mais tranquila no futuro.


6) Poupe. Passe a juntar dinheiro para formar uma reserva financeira a ser utilizada em imprevistos como doenças na família, queda na receita, etc. O ideal é que você junte ao menos o equivalente a dois anos de seus gastos.


7) Controle suas despesas rotineiramente. Pode ser em uma planilha ou então no Minhas Economias. A vantagem do Minhas Economias é que você poderá ver relatórios e gráficos de despesas instantaneamente. Aos poucos, você poderá monitorar melhor aonde é possível economizar ou então se é possível assumir uma dívida ou comprar um bem sem comprometer seu bem-estar futuro.

TESTE DO “MARSHMALLOW”: VOCÊ CONTROLA O SEU IMPULSO DE SATISFAÇÃO IMEDIATA?


Em 1972, um estudo foi realizado na Universidade de Stanford, nos Estado Unidos, com o intuito de testar a capacidade das pessoas de adiar uma satisfação.
A um grupo de crianças foi oferecido um delicioso “marshmallow” (um tipo de doce, muito apreciado por lá), com a seguinte explicação:
“Você pode comer o doce a hora que quiser, mas se conseguir resistir por 15 minutos e não comê-lo, ganhará DOIS doces”
O que você faria?


O objetivo dos cientistas era medir quanto tempo cada criança conseguiria resistir ao impulso de comer o doce. Mas também queriam analisar se este comportamento teria algum efeito ou relação com o sucesso pessoal e profissional no futuro de cada uma.
Das 600 crianças participantes, somente uma minoria comeu o doce imediatamente. E cerca de um terço das restantes conseguiu resistir à tentação durante os 15 minutos e ganhara o segundo “marshmallow”.
Parte destas mesmas crianças foram avaliadas novamente muitos anos mais tarde.
A conclusão: aquelas pessoas que conseguiram controlar o impulso da sua satisfação imediata, eram, na média, pessoas adultas com mais sucesso tanto profissional quanto pessoal.
E você: quanto tempo você resistiria ao doce?

sábado, 17 de dezembro de 2011

POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO DA PSICOTERAPIA BREVE EM HOSPITAL GERAL

Artigo publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar, vol. 13, nº 01, ano 2010, pp 94-106. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582010000100008&lng=pt&nrm=iso

Resumo
Diante da escassez de oportunidades de atendimentos psicoterapêuticos para a população e das crescentes filas de espera nas instituições que oferecem esse tipo de atendimento, vale repensar métodos e técnicas de atendimento com duração inferior às terapias convencionais, visto que há uma crescente necessidade de diminuir o tempo de tratamento. Diante disso, a instituição hospitalar aparece como uma possibilidade de atuação do profissional que, utilizando uma abordagem focalizada e de tempo limitado, permitiria uma rotatividade maior das filas de espera nos serviços públicos e conveniados de saúde. Perante esses aspectos, este estudo, realizado através de uma revisão de literatura, dedicou-se a analisar os aspectos da psicoterapia breve e aspectos do trabalho do psicólogo hospitalar para discutir a possibilidade da utilização dessa técnica de intervenção na instituição hospitalar. De acordo com os aspectos discutidos nesse trabalho a respeito da utilização da psicoterapia breve na instituição hospitalar, ficou claro que sua utilização não é indicada em todas as unidades hospitalares, por conterem características que não vão de encontro com os critérios de indicação da mesma. Porém, a unidade que possui uma demanda mais exacerbada para acompanhamento psicoterapêutico é a unidade ambulatorial, na qual a PSICOTERAPIA BREVE se mostrou viável de ser aplicada.


Introdução

O hospital ainda é uma instituição marcada por situações extremas, por sofrimento, por dor e pela luta constante entre vida e morte e, no adoecimento, potencializam-se angústias, medos, inseguranças, raivas, revoltas, não só para os doentes e familiares, mas também para o profissional de saúde, sempre preparado para a cura, mas em constante tensão diante da morte. (Bruscato, 2004).


A partir disso, a Psicologia Hospitalar surge em busca de resgatar o subjetivo em situações associadas ao adoecimento em instituições de saúde. Assim, um dos objetivos do psicólogo que atua nessa área é tentar minimizar o sofrimento do paciente e de sua família. O trabalho é focal, centrando-se no sofrimento e nas repercussões da doença no paciente e na hospitalização, associados a outros fatores como história de vida, forma como ele assimila a doença e seu perfil de personalidade. (Ismael, 2005).


Sabe-se que experiências tensionais da vida diária ajudam no desevolvimento de doenças crônicas e agudas, da mesma forma que, uma doença física está frequentemente associada a distúrbios emocionais ou psicológicos que, se não tratados, podem contribuir para seu agravamento e até sua cronificação. Portanto, quando se fala de um paciente hospitalizado, não se devem excluir os processos emocionais e sociais na tentativa de compreender e diagnosticar a doença, desde sua instalação até o seu desenvolvimento. (Ismael, 2005; Romano, 1999).


Tratar a doença implica uma série de ameaças: à integridade física, à auto-imagem, ao equilíbrio emocional e ao ajustamento a um novo meio físico e social. O ambiente hospitalar, o tratamento e a manipulação do paciente por pessoas desconhecidas agridem-no tanto física quanto emocionalmente. O impacto do adoecimento gera reações que podem ser patológicas ou não, variando com a personalidade do paciente e sua capacidade de adaptação nesse processo de doença e internação. (Ismael, 2005).


Segundo Romano (1999), a importância da presença de um psicólogo no meio hospitalar foi reconhecida quando os médicos e profissionais de saúde se deram conta de que há um lado “obscuro, inconsciente” que gera conflitos e queixas, que complicam evoluções e reduzem a eficácia terapêutica. Perceberam, então, que os aspectos emocionais podem alterar as reações e habilidades, modificando a aderência ao tratamento e possibilitando a tomada de decisões que influenciam as chances de sobreviver. Outro aspecto que incorporou a necesidade de compartilhar o espaço hospitalar com o psicólogo foi a exigência crescente da humanização aos cuidados recebidos, que se refere a dois enfoques: condições de trabalho e dispensação de cuidados ao doente.


O trabalho em hospitais se diferencia de todos os outros nos quais o psicólogo atua. A começar pelo espaço físico que é tumultuado e de domínio do médico, dificilmente há privacidade para um atendimento psicológico, não só pelas lotações das enfermarias, mas também pelas freqüentes interrupções de outros funcionários, como enfermeiros e técnicos, que precisam seguir com a rotina do hospital. Dessa forma, muitas vezes o atendimento é realizado na presença de outras pessoas. Outra característica importante, e talvez a mais importante para este trabalho, é o tempo disponível para atendimento, visto que o paciente internado receberá alta, não havendo continuidade no tratamento psicológico. Esse tempo varia com a duração da internação, que pode ser dias, semanas ou meses, dependendo da gravidade e da cronicidade do caso. Esse tempo pode ainda ser um tempo para recuperação da saúde ou um tempo de morrer.


Há outra modalidade de atendimento em hospitais que difere dos atendimentos em enfermarias e quartos. São os atendimentos clínicos ambulatoriais. Nesses atendimentos, geralmente o psicólogo possui uma sala para realizar o atendimento. Dessa forma, a questão da privacidade é mantida, mas a duração da sessão é reduzida, se comparada com a clínica particular, variando de 20 a 40 minutos, dependendo da instituição. Nesses casos, o tempo de tratamento é mais prolongado e o paciente é atendido semanalmente, durante meses ou anos. Entretanto, diante da escassez de oportunidades de atendimentos públicos para a população, as instituições que oferecem esse tipo de atendimento geralmente possuem uma fila de espera, evidenciando a demanda crescente de necessitados.


Diante desses aspectos, vale repensar técnicas e métodos de atendimento que viabilizem atendimentos nas enfermarias e terapêuticas ambulatoriais e cuja duração seja inferior às terapias convencionais, como a psicanálise, visto que há uma crescente necessidade de diminuir o tempo de tratamento para viabilizar o atendimento da massa.

Na busca de tratamentos de curta duração que possam promover alívio ao sofrimento psíquico, uma das técnicas possíveis é a psicoterapia breve. O objetivo deste presente trabalho é discutir a utilização da psicoterapia breve de base analítica na instituição hospitalar. Para isso, serão analisados os objetivos, critérios de indicação e planejamento da psicoterapia breve, avaliando os resultados referentes a trabalhos divulgados. Será feita também uma análise do campo hospitalar, discutindo suas particularidades, o perfil dos pacientes a serem atendidos, o tipo de atendimento necessário para o referido público de acordo com o setor no qual o paciente será atendido, ou seja, enfermaria cirúrgica, centro de terapia intensiva, ambulatório, entre outros. Por fim, será discutida a aplicabilidade da psicoterapia breve na realidade hospitalar.


Discussão
As psicoterapias breves são terapias de objetivos limitados por terem suas metas mais reduzidas e mais modestas que as psicoterapias convencionais. Essa limitação é uma das principais características do procedimento da psicoterapia breve e aparece em função das necessidades imediatas do indivíduo. Esses objetivos podem colocar-se em termos da superação dos sintomas e problemas atuais da realidade do paciente.


O foco aparece, então, como orientador de toda teoria e condição essencial de eficácia em psicoterapia breve, muitas vezes chamada de psicoterapia focal. O foco ou conflito focal refere-se ao conflito ou situação atual do paciente, subjacente ao qual existe o conflito nuclear exacerbado. Esse foco deve ser resolvido por ação direta e específica, negligenciando os outros aspectos da personalidade. Fiorini (2004) deu a essa estratégia de atenção seletiva o nome de “omissões deliberadas”, no qual se deve deixar passar material atraente sempre que este se mostre irrelevante ou afastado do foco.


Como é praticamente impossível que uma pessoa tenha apenas um conflito, visto a multicausalidade de uma psicopatologia psicodinâmica, é preciso detectar determinadas situações conflitivas mais significativas em determinado momento, que são as que precipitam a consulta. Há que se fazer uma diferenciação entre a psicoterapia focal e a psicoterapia breve: na primeira, procura-se resolver a queixa do paciente ou um conflito predominante; na segunda, trata-se de ajudar a encarar os diversos conflitos predominantes que determinam variados quadros na psicopatologia psicodinâmica. (Knobel, 1986).


Na terapia breve é comum que se fixe um prazo para o tratamento previamente, em geral alguns meses. Essa peculiaridade se justifica pelo fato de que, “quando se fixa um prazo de encerramento, este cria invariavelmente uma situação bastante diferente (...) influenciando de modo decisivo os diferentes aspectos do vínculo terapêutico, em especial a finalização do tratamento”. (Braier, 1991, p. 19).


Esses princípios, a dizer foco e temporalidade, norteiam todas as formas de psicoterapia breve. Existem outros princípios que variam de acordo com a fundamentação teórica de cada abordagem, variando as técnicas utilizadas por cada uma. Nesse artigo, serão expostas as técnicas de alguns autores em psicoterapia breve, a saber: Knobel(1986), Gilliéron (1986), Braier (1991) e Fiorini (2004). Esses autores foram selecionados a partir de uma identificação prévia da autora com a aplicabilidade das técnicas e referencial teórico dos autores.


A técnica proposta por Knobel (1986) se sustenta em quatro princípios: é não-transferencial, não-regressiva, elaborativa de predomínio cognitivo, e de mutação objetal (experimentar uma nova vivência de uma situação conflitiva). Segundo o autor, a entrevista inicial é fundamental para determinar o futuro da relação terapêutica, que pode iniciar ou acabar nesse momento. Essa entrevista deve permitir fundamentar um diagnóstico holístico, biopsicosocial, fenomenológico e metapsicológico, para assim, determinar que tipo de tratamento se irá realizar.


Nessa entrevista, deve-se avaliar a capacidade egóica, as estruturas mais ou menos patológicas e mais ou menos rígidas, os mecanismos de defesa utilizados na entrevista e os potenciais do entrevistado, sua capacidade intelectual, de simbolização e abstração, suas limitações totais, sua tonalidade afetiva diante de determinados assuntos e problemas apresentados. A modalidade relacional, ou seja, sua forma básica de comportamento e relacionamento com o terapeuta é um aspecto fundamental a ser determinado. Deve-se registrar também as manifestações transferenciais, que ajudam a compreender os problemas apresentados, além das contratransferenciais que podem direcionar o tratamento. Um fator importantíssimo para o autor na entrevista inicial é avaliar os aspectos resistenciais do entrevistado, assim como sua disponibilidade para uma terapia, ou seja, a motivação real do próprio paciente.


O autor salienta que a “entrevista inicial” geralmente não ocorre em uma única sessão ou um único encontro. Ao final da entrevista deve-se efetuar a devolução do material, através do qual se faz uma avaliação da entrevista, formulação de um diagnóstico e uma proposta terapêutica.

Uma vez decidida a proposta de psicoterapia breve, e aceita pelo paciente, deve-se formalizar a relação contratual que dará os limites mais precisos do enquadre psicoterapêutico e o colocará dentro de uma realidade operativa. Fiorini (2004) e Braier (1991) também se ocupam desse tema. Os autores concordam que é na entrevista inicial que se fala de acordos específicos ou contrato, no qual se deve falar o que é uma psicoterapia, de quais são os papéis a serem desempenhados pelo terapeuta e o paciente, e o que se espera que cada um faça da necessidade de antecipar resistências e de uma formulação realista do que se espera de uma psicoterapia de pouca duração, na qual, diante da possibilidade de não resolução dos problemas, se ajudará o paciente a entendê-los melhor e a enfrentá-los com maior capacidade. Além desses aspectos, deve-se também abordar a questão dos honorários, férias e horários, e propor uma duração.


Gilliéron (1986) vive um momento de passagem da psicanálise para as psicoterapias breves e por isso sua técnica não é tão ativa. Para ele, o enquadre psicoterápico compreende os dados fundamentais que delimitam o campo da psicoterapia breve, dado que modifica as condições da interação dinâmica. Sua técnica, desenvolvida em Lousanne, se baseia essencialmente na limitação temporal e a disposição face a face. O autor pede ao paciente que indique o tempo que ele se atribui para resolver suas dificuldades, não limitando ele próprio o tempo de tratamento.


Gilliéron utiliza a associação livre, sem determinar previamente o problema consciente a ser tratado, ou seja, não enfoca uma problemática a ser tratada e não exige do terapeuta uma atitude ativa. O terapeuta, de acordo com sua técnica, deve ter sua atenção flutuante. Segundo o autor, a função do enquadre é criar uma “situação relacional” própria para favorecer a atividade do terapeuta e sua eficácia. As intervenções do terapeuta devem favorecer as associações e permitir tomadas de consciência, mas não deve dirigi-lo.


A psicoterapia breve de Braier (1991) é orientada em direção ao insight, ou seja, o principal propósito da “terapia dinâmica breve” é propiciar ao paciente a aquisição de insight por meio de interpretações. O autor define insight como a aquisição do conhecimento da própria realidade psíquica. Essa busca de insight é dirigida para as relações do sujeito com os objetos externos de sua vida cotidiana e presente, sendo portanto, limitado e não regressivo. Braier afirma que na psicoterapia breve não é conveniente favorecer o desenvolvimento da regressão nem de uma neurose transferencial, dado que as condições do paciente e/ou enquadramento não são apropriadas para tais fins. Para o autor, a aquisição de insight por parte do paciente é a forma mais apreciada de se conseguir o fortalecimento de seu ego.


O trabalho terapêutico em psicoterapia breve, segundo Braier, tem como característica substancial o foco, ou seja, estar “enfocado” para determinada problemática do paciente, que adquire prioridade, dada sua urgência e/ou importância, enquanto se deixam de lado as demais dificuldades. Para isso, há uma eleição dos conflitos a serem tratados. Braier utiliza o conceito de “ponto de urgência” que “corresponde à situação psíquica inconsciente de conflito que, pela ação de fatores atuais, predomina no sujeito num dado momento, sendo motivo de determinadas ansiedades e defesas.” (Braier, 1991, p.44). O ponto de urgência pode ser inerente ao foco ou ser relativamente estranho a ele.

O autor, em sua técnica, admite a associação de diversos elementos ou recursos terapêuticos, como “psicodrogas”, técnicas grupais, comunitárias, além das intervenções verbais não-interpretativas (assinalamentos, sugestões, fornecimento de informações, etc.). O planejamento da psicoterapia breve de Braier compreende um plano de tratamento prévio ao desenvolvimento do mesmo, no qual se fixam os pontos fundamentais do processo terapêutico além das metas e da duração do tratamento.


A terapêutica breve de Fiorini (2004) orienta-se fundamentalmente no sentido da compreensão psicodinâmica dos determinantes atuais da situação de doença, crise ou descompensação, além de uma compreensão psicodinâmica da vida cotidiana do paciente e compreensão da estrutura da personalidade como uma subestrutura, visto que não encerra em si a totalidade das determinações da estrutura “doença”. Fiorini, partindo do pressuposto de que o paciente é capaz de conservar grau variável de comportamento realista adaptativo, refere que a estratégia de psicoterapia breve deve levar em conta quais capacidades se acham invadidas por conflitos e quais se acham livres delas, organizando os recursos do indivíecursos do indivevar em conta quais capacidades se acham invadidas por conflitos e quais se acham livres delas, organizando os duo de forma maleável. Dessa forma, se orienta para o fortalecimento das áreas livres de conflito, caracterizando a psicoterapia breve como psicoterapia do “ego”.


O autor afirma que uma das características básicas das terapêuticas breves é operar com uma estratégia multidimensional, já que o indivíduo doente surge como um objeto complexo, multideterminado por fatores suscetíveis de integrar estruturas diversas, tornando-se necessária a flexibilidade na escolha da técnica. Esse princípio da flexibilidade se aplica não só à individualização desta, mas também à remodelação periódica da estratégia e das táticas em função da evolução do tratamento.


Segundo a teoria de Fiorini o terapeuta deve desempenhar na terapia breve um papel essencialmente ativo, dispondo para isso, de uma ampla gama de intervenções. Sua participação orienta a entrevista de modo mais direto, não permitindo que o curso da terapia seja entregue à espontaneidade do paciente. Para isso, o terapeuta elabora um plano de abordagem individualizado a partir da avaliação da situação total do paciente e compreendendo a estrutura dinâmica essencial de sua problemática. Fiorini chama esse plano de “projeto terapêutico”, que estabelece metas a serem atingidas em prazos aproximadamente previsíveis. Essa orientação estratégica das sessões significa focalização do esforço terapêutico, através do qual o terapeuta atua mantendo um foco, que seria a interpretação central sobre a qual se baseia todo o tratamento.


Outro aspecto importante da técnica de Fiorini é a limitação das possibilidades de regressão transferencial em virtude das condições de enquadre, visto que o tempo limitado de tratamento torna indesejável o desenvolvimento de uma intensa neurose transferencial. Nessa técnica também não se busca a regressão, sendo a recomendação geral a orientação constante para a realidade, fortalecendo no paciente sua capacidade de discriminação.


Indicações e contra-indicações
A situação social atual nos mostra que para grande parcela da população a opção que existe é ou tratamentos limitados ou nenhum tratamento, independente de quais sejam os transtornos. Diante dessa falta de opção assistencial, uma terapia breve pode beneficiar todos os pacientes. (Knobel, 1986; Braier, 1991; Fiorini, 2004). Porém, existem os pacientes que se beneficiam mais com esse tipo de tratamento.


Em primeiro lugar, é preciso que se recorra, com critério e segundo cada caso, à técnica interpretativa e à de fortalecimento do ego. Sendo os objetivos limitados, dependerá do próprio caso clínico e do psicoterapeuta poder estabelecer esses objetivos. Para isso, é necessário detectar na primeira entrevista o problema neurótico circunscrito. (Knobel, 1986; Braier, 1991).


Os principais critérios de indicação para uma psicoterapia breve são: inteligência acima do normal; ter tido pelo menos uma relação significativa com outra pessoa durante sua vida; estar vivendo uma crise emocional; capacidade para interatuar bem com o terapeuta-entrevistador e expressar sentimento; motivação para um trabalho duro durante o tratamento; uma queixa principal específica; reconhecimento do caráter psicológico de suas perturbações; capacidade de introspecção que lhe permita transmitir honestamente o que possa reconhecer de si mesmo; desejo de se compreender e uma atitude de participação ativa na procura; disposição para tentar mudanças. (Knobel, 1986; Braier, 1991; Fiorini, 2004).


Alguns autores citam ainda que o paciente deve sofrer de transtornos de início recente e agudo que motivem o tratamento, a psicopatologia deve ser de caráter leve e circunscrito, ter uma personalidade básica sadia, história de relações pessoais satisfatórias e estar num momento propício. (Knobel, 1986; Braier, 1991).


A psicoterapia breve pode fracassar em alguns casos ou produzir variações superficiais, com o desaparecimento de sintomas e a instalação de uma pseudo-adaptação num nível regressivo. Uma terapia não pode, em prazos limitados, suscitar mudanças na estrutura da personalidade, embora possa produzir modificações dinâmicas não-desprezíveis. (Fiorini,2004).

Utlização da psicoterapia breve no hospital
Os modelos atuais de atuação do psicólogo clínico raramente se aplicam na instituição. A forma habitual de diagnósticos e de psicoterapia não satisfaz a exigência para o atendimento do número de pacientes. “Na realidade das instituições médicas e hospitalares, os psicólogos precisam enfrentar outro desafio, do definir um modelo de atuação voltado à saúde mental da coletividade”. (Ismael, 2005, p.22).


Ambulatório. Uma vez observado pelo médico algum problema emocional a ser cuidado, o paciente chega ao ambulatório de Psicologia trazendo, além da queixa da doença, problemas pessoais adjacentes, familiares e profissionais. A aceitação da doença muitas vezes é difícil, sendo comum observar comportamentos de revolta ou conformismo, que são mecanismos de defesa para preservar o ego de situações que ameaçam sua integridade. Outros mecanismos comuns são a negação, a regressão e a racionalização. (Ismael, 2005).


Nesse sentido, o principal desafio do profissional é tentar fazer o paciente aceitar a doença e não lutar contra ela, além de ajudá-lo a conviver com ela sem sofrimento adicional. Essas são tarefas que, de acordo com os critérios de indicação de Psicoterapia Breve, se encaixam na prática da mesma, tendo um foco delimitado e objetivos definidos.

Mesmo que o acompanhamento psicoterapêutico não esteja relacionado a uma doença física, mas a transtornos neuróticos, e respeitando-se os critérios de indicação e limitando-se os objetivos da psicoterapia, o ambulatório é o ambiente que mais se adequada a uma prática de psicoterapia breve. A possibilidade de um setting adequado, com disposição face-a-face e disponibilidade de tempo de consulta sem interrupções, e a limitação da duração da terapia por questões sociais, indicam que a modalidade de psicoterapia abordada neste trabalho pode ser uma das mais adequadas para o tratamento em ambulatório clínico hospitalar.


Emergência. Na emergência ou pronto-socorro de um hospital, o paciente chega para ser atendido prontamente por uma equipe a fim de restabelecer sua saúde. Nessa unidade hospitalar, todos os sentimentos e reflexões comuns a uma internação, como a realidade de morte, incapacidade de cuidar de si mesmo, medo de invalidez, entre outros, são multiplicados, variando de acordo com cada paciente e com sua história pessoal. (Romano, 1999).

O psicólogo na unidade de emergência precisa de habilidades que envolvam rapidez de raciocínio, perícia em ações e contar com o apoio de recursos da comunidade para os devidos encaminhamentos, visto que na emergência nem sempre o paciente ficará internado, impossibilitando um efetivo acompanhamento psicoterapêutico. Diante da agilidade do atendimento, o atendimento do psicólogo visa à expressão do paciente, possibilitando que este externalize fantasias e sentimentos em relação à doença ou hospitalização. Dessa forma, a intervenção psicoterapêutica é breve, mas não se objetiva realizar uma psicoterapia, apenas uma intervenção de emergência.


Enfermaria. As enfermarias são as unidades de internação de um hospital. Neste local, o paciente perde a sua individualidade, sente uma brusca ruptura no seu cotidiano, sente-se agredido pela rotina hospitalar e seu horário rígido, além de ser separado de seus familiares e amigos, sofrer uma perda do autocontrole, quebra no sentimento de onipotência e controle sobre si mesmo. O período da hospitalização incita o paciente a ficar mais introspectivo e passar um processo de reavaliação de vida e valores. (Castro & Guarín, 1985; Ismael, 2005). Essa unidade é a essência do trabalho do psicólogo hospitalar, tal qual foi descrito no capítulo 2 deste trabalho.

O psicólogo na internação irá abordar com o paciente sua hospitalização, o que ela significa para o doente e para sua família, além de tentar conhecer um pouco de sua história de vida e de sua doença. É ele quem procura o paciente, oferece ajuda e ficará disponível a ele e sua família.


Porém, no hospital, o tempo de permanência é variável e cada vez menor. As questões psicológicas a serem abordadas não devem ser profundas e sem previsão para o término da abordagem. Esta deve ser focal, visando sempre àqueles aspectos estritamente relacionados com a doença, as dificuldades adaptativas à instituição hospitalar, ao processo de adoecer e aos meios diagnósticos. (Romano, 1999).

Para além da necessidade de uma abordagem focal, existem fatores que contra-indicam a abordagem da psicoterapia breve: o espaço físico não é privativo ao atendimento psicológico, sendo o ambiente pontuado de interferências como a presença de outros profissionais, interrupções freqüentes para exames e administração de medicamentos, além dos companheiros de quarto que freqüentemente tentam participar da “conversa”. (op cit.). Além dessas eventualidades, outro fator contrário à utilização da psicoterapia breve é a variabilidade da permanência na instituição, impedindo um planejamento de objetivos e de tempo.


Unidades de terapia intensiva. As pricipais características dessas unidades são gravidade das condições clínicas, cuidados intensivos, rápidos e eficientes da equipe e a rotatividade da ocupação dos leitos. A atuação do psicólogo se baseia em criar condições de comunicação, avaliar quadros psicopatológicos decorrentes de “síndromes da UTI” e ser o elo entre paciente/equipe/família. Pelos mesmos motivos citados na internação, a utilização da psicoterapia breve não é indicada.

Conclusões e Considerações Finais
O presente trabalho procurou analisar aspectos da psicoterapia breve e aspectos do trabalho do psicólogo hospitalar para discutir a possibilidade da utilização dessa técnica de intervenção na instituição hospitalar. Esse trabalho se mostrou relevante diante do número crescente de filas de espera por atendimento psicoterapêutico. Nesse viés, a instituição hospitalar apareceu como uma possibilidade de atuação do profissional que, utilizando uma abordagem focalizada e de tempo limitado, permitiria uma rotatividade maior das filas de espera nos serviços públicos e conveniados de saúde.


Diante dos aspectos discutidos nesse trabalho a respeito da utilização da psicoterapia breve na instituição hospitalar, ficou claro que sua utilização não é indicada em todas as unidades hospitalares, por conterem características que não vão de encontro com os critérios de indicação da mesma. Porém, a unidade que possui uma demanda mais exacerbada para acompanhamento psicoterapêutico é a unidade ambulatorial, na qual a psicoterapia breve se mostrou viável de ser aplicada.

Dessa forma, o presente trabalho se direciona a ajudar os profissionais de psicologia que, ao iniciar sua atuação dentro de um hospital se deparam com uma demanda extensa de pacientes necessitando acompanhamento, para que o mesmo possa avaliar as possibilidades de uma atuação mais breve e focal nas diferentes unidades hospitalares.